“A Reforma Tributária, na forma que se apresenta, pode ter um impacto desastroso para nossos negócios se não conseguirmos mostrar aos parlamentares que precisamos ter uma alíquota diferenciada ou creditar, de alguma forma, a mão de obra, tendo como exemplo a vitória que conseguimos no Perse, precisamos mostrar in loco, no Congresso Nacional, nossa representatividade! O futuro de nossos negócios está em jogo! Vamos a Brasília apresentar nossos pleitos e mostrar nossa força!”. É com essas palavras que Manoel Linhares, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Brasil (ABIH) conclamou a mobilização de todas as ABIHs Estaduais.
A iniciativa motiva a união de forças entre as entidades do trade turístico que representam os diferentes elos da cadeia produtiva do setor, que juntas assinam o “Manifesto pela Reforma Tributária Justa que Promova o Crescimento do Brasil e do Turismo Nacional”.
De acordo com Antônio Dias, vice-presidente da ABIH-SP, que por delegação da diretoria da entidade estará em Brasília, na nesta terça-feira (04), em visita ao Congresso Nacional, não há dúvidas de que a reforma tributária seja muito importante para o Brasil. “Porém, uma das promessas da reforma tributária foi justamente não aumentar a carga de impostos! A cadeia da hotelaria é curta, não nos creditamos de impostos como a indústria. Por isso, também, é fundamental termos uma tarifa diferenciada! Precisamos evitar o aumento de impostos de 8,65 % para 25%! Queremos desenvolver o turismo no Brasil e dar emprego a quem mais precisa, mas para isso não podemos ter esse aumento de mais e 150%””, completa.
Confira a seguir o manifesto:
MANIFESTO PELA REFORMA TRIBUTÁRIA JUSTA QUE PROMOVA O CRESCIMENTO DO BRASIL E DO TURISMO NACIONAL
“A Reforma Tributária carrega duas promessas essenciais ao Brasil: simplificação tributária e não aumento de impostos. A proposta é que o país adote um imposto sobre valor agregado (IVA), em linha com a média mundial, modernizando nossa economia.
Porém, o setor de turismo e eventos, através das diversas associações que o representam e assinam esta carta, precisa trazer suas preocupações relacionadas à Reforma que está em andamento. O setor representa cerca de 10,5% do PIB brasileiro, com R$1.041 trilhão de receita bruta, é também um dos maiores empregadores, com 13,6 milhões de empregos diretos. Tudo isto com baixo impacto ambiental, promovendo nossa cultura e patrimônio e apoiando a preservação do meio ambiente. Tudo isso de modo descentralizado, nos vários cantos do Brasil, levando desenvolvimento regional por meio da geração de emprego e renda.
A proposta de Reforma Tributária apresentada pelo Grupo de Trabalho, especialmente pelo Relator, Dep. Aguinaldo Ribeiro (PP/PB), pode aumentar drasticamente a carga tributária do setor de Turismo e Eventos e inviabilizar a competitividade internacional do Brasil no setor, destruindo emprego, renda e arrecadação de impostos.
O turismo e os eventos, como boa parte do setor de serviços, são intensivos em mão de obra. E, infelizmente, estes valores não são considerados “créditos” na reforma. É previsto um aumento de alíquota de 8,65% para 25%, mesmo considerando as demais alterações, o que representa um aumento de custo de 153%, segundo dados da CNC.
Este cenário, se concretizado, pode ter um impacto catastrófico, inviabilizando muitas operações no setor de Turismo e Eventos, com fechamento de postos de trabalho e empresas e fará com que o consumidor também seja onerado, o que irá ocasionar impactos negativos no desenvolvimento das atividades, nas localidades que dependem do turismo e de eventos e respectiva sociedade.
Para efeitos de comparação com o cenário mundial, observamos que em diversos locais, especialmente nos países que enxergam o Turismo como atividade central para o desenvolvimento, tais como França, Espanha, Itália, Inglaterra, México, Tailândia, a alíquota do IVA é reduzida para as atividades turísticas. O setor não paga mais de 10% de IVA e, em vários, os turistas estrangeiros são isentos:
Particularmente, a situação fica mais evidente quando se tem em conta as atividades econômicas de hospedagem e comércio varejista de alimentação preparada e bebidas (restaurantes, bares e similares), onde o artigo 98, da Directiva 2006/112/CE do Conselho, permite que os estados-membros da União Europeia fixem apenas 5% de IVA.
No Brasil, projeta-se uma alíquota de 25%. É impossível para o setor privado ser competitivo no cenário internacional, fortalecer o desenvolvimento do turismo nacional, atrair turistas internacionais e investidores e fomentar o setor de eventos com o triplo de carga tributária.
Entendemos que é fundamental que o nosso país avance em um processo de simplificação e transparência do sistema tributário, mas, apesar disso, também é primordial que a reforma não deixe de olhar em detalhes os impactos em diferentes setores, buscando resguardar e/ou aprimorar a competitividade de nosso país como destino turístico para os brasileiros e para os estrangeiros.
Por isso, entendemos que é de enorme importância a adoção de uma alíquota diferenciada para o setor de Turismo e Eventos no processo de reformulação do sistema tributário brasileiro.
Ao adotar uma alíquota diferenciada para o setor, teremos condições de aumentar a competitividade do Brasil como destino turístico, estimulando a economia local, atraindo novos investimentos e promovendo o crescimento sustentável.
Portanto, conclamamos os (as) senhores (as) parlamentares a considerarem seriamente a importância de uma alíquota diferenciada para o setor de Turismo e Eventos no Brasil, alinhando-se no bom senso e temperança às melhores práticas adotadas por outros países membros da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, na qual o Brasil pleiteia adesão. Acreditamos que essa medida será um catalisador para o crescimento do setor, gerando empregos e posicionando o Brasil como um destino de destaque no cenário internacional impulsionando a economia brasileira como um todo.
Em uníssono, assina o G20+, grupo composto pelas principais associações do Turismo e Eventos no Brasil, abaixo-assinadas e representantes dos segmentos de agências de viagens, atrações turísticas, cruzeiros marítimos, eventos, hotéis, parques de diversões, resorts, operadoras de turismo, promotores de destinos e empresas aéreas nacionais.”
Considerações ABIH-SP
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