A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) acaba de divulgar seu posicionamento em relação ao Programa Combustível do Futuro do Governo Federal, que visa a regulamentação do Combustível Sustentável de Aviação (SAF) no Brasil. Diante das metas globais de descarbonização, a associação defende um marco regulatório que promova produção em larga escala de SAF a preços competitivos, garantindo neutralidade de custos para o setor aéreo. Neste teaser, exploramos as ações imediatas e de médio prazo necessárias, bem como os desafios e oportunidades que essa busca pela sustentabilidade apresenta. A entidade se manifesta sobre a Reforma Tributária
Confira o posicionamento completo a seguir:
A Abear tem acompanhado a iniciativa do Governo Federal de incluir a aviação no Programa Combustível do Futuro, regulamentando a produção e o uso do Combustível Sustentável de Aviação (SAF) no país. A descarbonização é um compromisso global do setor, que mesmo sendo responsável por apenas 2% do total das emissões de gases de efeito estufa (GEE), assumiu metas que incluem a redução e a compensação do CO2. O uso de SAF é importante para o cumprimento dessas metas, mas só será viável se a sua política garantir a neutralidade de custos para um setor que tem no combustível cerca de 40% de suas despesas totais. Dessa forma, é importante que a regulamentação do SAF garanta uma relação de oferta e demanda que permita que o preço seja competitivo com o combustível fóssil.
A redução das emissões de GEE demanda um cenário consistente em busca da descarbonização, considerando quatro pilares: eficiência operacional, novas tecnologias, compensação com créditos de carbono e uso do SAF, que passam por ações imediatas e de médio e logo prazo.
Dentre as ações imediatas adotadas pelas companhias estão a modernização da frota (a brasileira está entre as mais jovens do mundo), o uso de novas tecnologias e a busca contínua por eficiência operacional nos processos e nas rotas aéreas. A médio prazo, o mercado de créditos de carbono para a compensação das emissões precisa estar em pleno funcionamento e adequado à realidade das operações e uma definição de política ampla para a produção de SAF, dado que o tempo de implantação e a efetiva comercialização em larga escala demandam um prazo maior.
Temos convicção que o Brasil possui um grande potencial para liderar o desenvolvimento de biocombustíveis devido à facilidade de acesso a diferentes matérias primas e ao aumento da demanda por todos os países, podendo assumir a liderança global na produção do SAF em larga escala. Para o setor aéreo, o SAF representa 65% do conjunto de medidas para reduzir as emissões até 2050. No entanto, a produção atual mundial só atende 0,15% da demanda, que é de 449 bilhões de litros até o prazo final da meta.
Diante desse cenário desafiador, a Abear defende um marco regulatório que:
- traga segurança jurídica para o tema e garanta a produção de SAF em larga escala, dentro dos critérios técnicos exigidos, a um preço competitivo e sem aumento de custos para as empresas, dado que o combustível é o insumo de maior impacto nas operações (atualmente, cerca de 40% do total).
- não imponha mandato volumétrico de mistura (percentual fixo de uso do SAF), mas flexibilidade para as formas de alcance das metas de redução das emissões.
- considere a diversidade das rotas tecnológicas/fontes alternativas para a produção do combustível sustentável.
- adote o mecanismo “Book and Claim”, onde o consumo de SAF não fique restrito a uma cadeia física e outras formas de compensação podem ser contabilizadas na meta de redução.
- traga incentivos tributários e fiscais (como a carga tributária zerada na etapa inicial de transição).
- traga incentivos financeiros diretos para estimular a pesquisa, a produção e o consumo do SAF.
A Abear reconhece, ainda, o trabalho desenvolvido pela equipe do subcomitê PROBIOQAV, do Ministério de Minas e Energia (MME), que buscou sintetizar as demandas da indústria, refletindo parte das necessidades do setor aéreo sobre a Política de SAF.
O diálogo com as companhias aéreas é necessário para que externalidades negativas não impactem os passageiros, a conectividade proporcionada pelo setor aéreo e tampouco gere aumento de custos. Nos últimos anos, a associação tem mantido diálogo com o Ministério, em especial com os técnicos responsáveis pelo trabalho, apresentando considerações para a proposta. A Abear se coloca à disposição para continuar acompanhando e contribuindo com o assunto junto aos Poderes Executivo e Legislativo.
Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear)
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