A ViagensPromo formalizou nesta quinta-feira (8) o encerramento de contratos com prestadores de serviço, alegando insolvência financeira como motivo da rescisão. A comunicação foi assinada por Renato Toshimitsu Kido, CEO da operadora, e enviada a fornecedores contratados sob regime de pessoa jurídica, com base na cláusula 2.3 b do contrato original. O documento agradece a parceria, mas confirma que, a partir da data, os acordos “passam a perder todos os seus efeitos”.
Fundada em 2018 por Kido, a operadora cresceu rapidamente ao oferecer promoções agressivas e voos fretados, principalmente para destinos no Nordeste. A estratégia incluía ações de relacionamento com o trade, como famtours, comissões generosas a agentes de viagem e forte presença em eventos do setor.
O colapso, no entanto, começou a se desenhar no início de 2025. Em fevereiro, a empresa enviou uma circular a agências do país informando sobre “instabilidade no fluxo operacional e financeiro” e comunicando que não teria recursos para cumprir com embarques futuros ainda não quitados. Pouco depois, em março, o cenário se agravou com o rompimento da parceria com a Gol Linhas Aéreas. A companhia aérea alegou um débito da ordem de R$ 1 milhão, o que interrompeu operações conjuntas e acendeu o alerta no mercado.
Na mesma época, relatos de consumidores lesados começaram a surgir, especialmente em Minas Gerais, onde passageiros relataram cancelamentos sem aviso e dificuldades para contato com a empresa. O caso levou a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, a notificar a ViagensPromo no dia 20 de março, solicitando esclarecimentos sobre as práticas adotadas.
Em nota enviada à imprensa, a operadora afirmou que ainda busca alternativas. “Estamos trabalhando para encontrar soluções viáveis que permitam a reacomodação dos passageiros e a restituição dos valores pagos”, declarou. Entretanto, o bloqueio judicial das contas da empresa, confirmado por fontes do setor, torna incerta qualquer possibilidade de reembolso a curto prazo.
O encerramento dos contratos afeta também dezenas de profissionais do trade que atuavam com a ViagensPromo sob regime PJ. Embora a empresa reconheça “o profissionalismo e a colaboração demonstrados ao longo da relação contratual”, não há sinalização de quitação dos pagamentos pendentes.
A situação escancara fragilidades do modelo de negócios adotado e levanta discussões sobre a regulamentação de operadoras e a proteção aos profissionais e consumidores diante de crises como essa.
Veja a nota emitida pela ViagensPromo aos profissionais:
“A ViagensPromo Turismo LTDA, inscrita no CNPJ sob o nº 05.008.876/0001-06, com sede na Rua Jose Versolato, 111, sala 1108, Centro, São Bernardo do Campo, Estado de São Paulo, CEP: 09750-730, na qualidade de contratante, e no âmbito do contrato celebrado entre as partes, vem por meio desta, notificar formalmente a extinção do contrato em razão da insolvência financeira da empresa conforme Cláusula 2.3 b).
Aproveitamos a ocasião para expressar o nosso sincero agradecimento pelos serviços prestados até a presente data, reconhecendo o profissionalismo e a colaboração demonstrados ao longo da relação contratual. A partir da presente data, passa o contrato a perder todos os seus efeitos.
São Paulo, 08/05/2025″
