Em um país onde a imponência dos picos Andinos se encontra com a serenidade do Oceano Pacífico, cada passo revela uma história profunda entrelaçada com paisagens de tirar o fôlego. Com um extenso território isolado pelas montanhas, o Chile é abraçado por uma diversidade climática única, abrangendo desde o deserto mais seco do mundo no norte do país, a um clima mediterrâneo no centro, até um clima alpino propenso à neve ao sul, com geleiras, fiordes e lagos.
Considerando a variedade de destinos turísticos únicos e as vastas distâncias, é praticamente impossível conhecer todos em uma única viagem. Deixando os icônicos Atacama e Patagônia chilena para outra oportunidade, o destaque fica para a parte central do país andino, ideal para viagens de incentivo e eventos. A populosa região inclui desde o pulsante cenário urbano de Santiago – o maior e mais desenvolvido centro urbano, financeiro, cultural e administrativo do país – até as deslumbrantes e tradicionais vinícolas do Vale de Colchagua.
Santiago
Ao percorrer as ruas históricas da capital chilena, onde o antigo e o moderno se entrelaçam harmoniosamente, os visitantes são levados por uma viagem no tempo. Monumentos se erguem como testemunhas silenciosas de uma rica herança cultural, enquanto mercados, praças e arranha-céus pulsam com a energia contemporânea. Vale dizer que é possível se locomover por quase todos os cantos da cidade por meio do metrô, um dos mais modernos da América Latina.
No centro histórico, a Plaza de Armas representa o coração da cidade, cercada por edifícios coloniais, como a Catedral Metropolitana, a Municipalidad de Santiago, o Prédio dos Correios (antigo Congresso Nacional) e o Museu Histórico Nacional. Já a Plaza de la Constitución concentra os prédios e monumentos mais importantes do governo chileno, incluindo o Palácio de la Moneda, sede da presidência do país, e seus ministérios, além da Bolsa de Comercio de Santiago e a Universidade de Chile.
Para os turistas mais boêmios, o movimentado bairro Itália conta com bares, cafeterias, discotecas e restaurantes que abrem todos os dias da semana. Também localizado na arborizada comuna de Providencia, cercada por praças e parques como o Bicentenario e o Araucano, está o centro financeiro de Santiago. Carinhosamente apelidada de Sanhattan – em alusão à ilha de Manhattan em Nova Iorque, Estados Unidos – a região dispõe de escritórios, restaurantes, hotéis, centros comerciais, bancos e alguns dos mais altos arranha-céus da América do Sul.
Entre eles, está o Costanera Center, um complexo financeiro que conta com o maior shopping do país e o prédio mais alto da América do Sul, com mais de 300 metros de altura. Além da ampla oferta de restaurantes e lojas de marcas internacionais, o edifício conta também com o Sky Costanera, um mirante panorâmico no topo do prédio que possibilita a vista em 360º de toda a cidade – fundada num vale cercado por montanhas, cujos picos são coberto de neve durante todo o inverno.
Para quem busca uma experiência gastronômica pela região metropolitana, o BordeRío é uma boa escolha. O centro gastronômico reúne nove estabelecimentos que atendem os mais variados perfis de clientes. Entre eles, restaurantes tradicionais com décadas de história, empreendimentos especializados na culinária italiana, peruana e japonesa, que mesclam sabores orientais ou exploram cortes bovinos sul-americanos, além de bares de drinks e cervejarias.
Considerando a ampla diversidade de atrativos, buscar o atendimento de uma operadora também pode ser uma boa ideia. A Turistik oferece suporte a turistas de todos os segmentos em Santiago e arredores. Seu principal produto é o circuito de hop-on-hop-off, que leva os visitantes pelos principais pontos turísticos da cidade nos icônicos ônibus londrinos vermelhos de dois andares. A operadora conta com cinco lojas físicas pela capital chilena e também é administradora de concessões, como o Teleférico e o Funicular do Parque Metropolitano de Santiago.
Com mais de 15 anos de mercado e aproximadamente 400 colaboradores, a operadora e administradora de destino também gerencia o Salão Tudor, um clássico espaço para eventos que reabriu recentemente após 50 anos e oferece comidas tradicionais chilenas, harmonização de vinhos, cafeteria e sorveteria. A Turistik também administra o Parque Aventura, que costuma receber atividades de team building, programas escolares, programas de verão para filhos de colaboradores de empresas afiliadas, entre outros eventos e atividades ao ar livre.
Vale dizer que a Turistik também trabalha com branding e ativações de marcas, tanto em seus ônibus turísticos como nos espaços que administra, que é o caso das estações do teleférico. Buscando trabalhar a publicidade 360º, a empresa também disponibiliza um aplicativo gratuito para uso turístico, com acompanhamento em tempo real dos ônibus, informações turísticas em geral e comercialização de propaganda.
Quanto às acomodações e outros espaços para a realização de eventos e convenções, Santiago oferece uma ampla variedade de hotéis de diferentes tamanhos, segmentos e propostas.
O Doubletree by Hilton Santiago Kennedy, por exemplo, conta com 225 quartos, academia, spa, piscina e hidromassagem, entre outros serviços e facilidades. Com sete anos de operação, sendo três sob bandeira Hilton, o moderno hotel também conta com escritórios da WeWork, quatro salões de eventos com foyer para cerimônias, entre outras salas e espaços que podem ser reservados para eventos. Isso inclui uma área do restaurante de gastronomia internacional Glass17 – que se encontra no rooftop do edifício, com vista para toda a cidade, e serve café da manhã, almoço e jantar, além do serviço de bar.
Com estilo um pouco mais tradicional, o Sheraton Santiago Hotel and Convention Center oferece 525 unidades habitacionais, divididas em quatro diferentes categorias. Há três restaurantes, incluindo um de luxo com terraço, bar, academia, playground, spa e piscinas coberta e externa. O empreendimento hoteleiro conta ainda com um centro de eventos com 19 salas, que juntas conseguem atender mais de 2,5 mil convidados, além de um provedor próprio de equipamentos audiovisuais. É comum o hotel receber conferências médicas que ocupam grande parte das salas.
Para os que buscam uma experiência mais urbana, o Hotel W Santiago está localizado numa rua bastante corporativa com variedade de restaurantes e serviços. São 196 quartos, divididos em sete diferentes categorias e possibilidade de conexão entre eles. O complexo conta com três restaurantes, incluindo um bistrô com vista para a cidade, além de uma casa noturna, um bar sazonal na cobertura e uma sala de degustação de vinhos.
O foyer principal do centro de convenções do W Santiago ainda dispõe de iluminação natural, em virtude do uso de claraboias em sua arquitetura. Ao todo, são 11 espaços divididos em três categorias. Os três Great Rooms, que juntos atendem mais de 1,1 mil pessoas, contam com um foyer particular. Já os estúdios atendem até 40 pessoas em variados formatos, enquanto as menores salas de reunião tem capacidade de receber até 15 pessoas em um espaço mais privativo.
O Mandarim Oriental, por sua vez, integra a oferta da hotelaria de luxo de Santiago. São 310 apartamentos, segmentados entre seis categorias, incluindo opções de suítes com ou sem terraço, e a presidencial, que está em construção. Empreendimento da Hyatt até ser comprado pelo grupo de Hong Kong, o hotel conta com três restaurantes, incluindo um de culinária japonesa e dois bares, além do Club Lounge, espaço mais exclusivo que serve café da manhã, lanche da tarde e drinques no final do dia para os clientes mais exigentes. Outras amenidades incluem uma piscina externa em estilo de lagoa, bem como um spa e uma academia.
Quanto à capacidade de sediar eventos e conferências, o Mandarim Oriental dispõe de uma variedade de salas e espaços internos e externos. Entre eles, está o recentemente remodelado Salão Patagônia, que pode ser dividido em três salas menores com capacidade de 201 convidados em cada segmento; o Salão Atacama, que, apesar de menor, permite a incidência de luz natural; e o Salão Aysén, que pode receber até cem pessoas com acesso para a piscina. No lado externo, o jardim permite a realização de coquetéis, piqueniques e outros tipos de eventos ao ar livre, enquanto o restaurante Anakena pode ser reservado para churrascos e jantares privativos.
Vale de Colchagua e Santa Cruz
Poucas horas de viagem da capital chilena, é possível encontrar um cenário completamente diferente do centro metropolitano. Entre vinhedos ondulantes e campos verdejantes, o Vale de Colchagua nos convida a apreciar não apenas os melhores vinhos, mas também a mergulhar na autenticidade de uma região que preserva suas tradições agrícolas e as culturas milenares dos povos originários que ali residiram.
Começando por Viu Manent, uma pitoresca propriedade cuja decoração remete aos primórdios da vinícola fundada em 1935 pelo patriarca catalão Miguel Viu García. O tour começa numa sala que conta a história do empreendimento e segue de charrete pelos vinhedos de diferentes espécies de uva até a adega e o centro de produção, onde os visitantes aprendem o processo de fabricação do vinho. Por fim, os turistas são convidados a provar alguns dos rótulos na charmosa construção central, onde também é possível comprar artesanatos e garrafas de vinhos.
Há ainda a possibilidade de se hospedar em lofts privativos espalhados pelos vinhedos e garantir uma garrafa de vinho de cortesia. São oito acomodações modernas com vista para os campos verdejantes da vinícola, que tem registrado 85% de ocupação média ao longo do ano, sendo a maioria de brasileiros. Além disso, a propriedade dispõe de um centro equestre e do restaurante Rayuela Wine & Grill, com cozinha sazonal, grelhados e fornos de barro, além de rótulos Viu Manent.
Nas proximidades, está também a Viña Lapostolle, propriedade de uma família francesa cujo os vinhos já receberam uma variedade de prêmios. A adega se encontra no subsolo de um edifício de arquitetura moderna, com colunas que simbolizam os meses de maturação do vinho, cujo processo de produção utiliza apenas de manejo manual e da gravidade. Conectados por uma escadaria em espiral, cada andar representa um estágio do processo, desde a prensagem e fermentação até o amadurecimento, engarrafamento e envelhecimento em salas cada vez mais frias e escuras.
Os proprietários da Viña Lapostolle moravam em uma luxuosa casa construída ao lado da adega, que agora está disponível para os hóspedes. Em função da alta demanda, os empresários decidiram construir 11 novas hospedagens de luxo de 100 metros quadrados para atender casais de alto poder aquisitivo. Como as acomodações são construídas na base da montanha, a varanda que estende por todos os cômodos permite uma vista panorâmica de toda a região do vale e ainda conta com espreguiçadeiras e hidromassagem.
Embora os vinhos não sejam tão premiados como os de Lapostolle, a Viña Santa Cruz compensa pela variedade de atrativos e estrutura completa de visitação em sua propriedade. O tour começa pelo Museo del Vino, onde os turistas aprendem a história das origens do vinho e seu uso pelas mais antigas e distantes civilizações do mundo, além de conhecerem os maquinários e ferramentas utilizados para sua produção ao longo dos séculos. Em seguida, há o Museo del Automóbil, onde se encontra uma extensa e variada coleção de carros, caminhões e motocicletas, além de um salão de eventos que costuma receber empresas de automóveis.
Apesar de ambos os museus já valerem a visita, há ainda degustação dos vinhos no charmoso casarão principal, além do Cerro Chamán, uma montanha cujo acesso é feito por um pequeno teleférico. Lá em cima, há um museu a céu aberto com representações de moradias das três etnias originárias do Chile: os Mapuche, os Rapa Nui e os Aymar. É possível também interagir com lhamas e admirar a vista panorâmica do vale pelo terraço, onde também se encontra um observatório astronômico e uma pequena exposição sobre missões espaciais e meteoritos.
Retornando à humilde comuna de Santa Cruz, onde está a maioria dos hotéis da região do vale, é possível se hospedar no Hotel Santa Cruz Plaza. Apesar da fachada de construção espanhola colonial passar a impressão de uma pequena pousada, ao adentrar o recinto é fácil de se perder no extenso complexo turístico. Entre os atrativos, estão um restaurante decorado de vitrais, wine bar, lounge com lareira, brinquedoteca, piscina externa e spa com piscina coberta, além de um centro de conferências com capacidade para 700 pessoas e o Casino Colchagua.
Na mesma propriedade, também se encontra o surpreendentemente variado e completo Museo Colchagua. É a maior coleção privada chilena, com mais de 5 mil peças dispostas em dezenas de galerias, que vão desde a origem da vida, passando pela era pré-colombiana e a era da conquista espanhola, até a era moderna, com carruagens, maquinários e armamentos dos séculos XIX e XX. Há ainda galerias de estudos antropológicos, amostras de joias e produtos têxteis andinos, uma locomotiva a vapor e até uma exposição sobre os mineiros chilenos que ficaram soterrados em 2010.
Mice em foco
O ano de 2022 foi o primeiro de recuperação após o início da pandemia, registrando pico muito alto no número de turistas. De acordo com o Serviço Nacional de Turismo do Chile (Sernatur), os resultados garantiram um dos melhores anos para o setor, mesmo com a crise social ocorrida em outubro. Aproveitando a melhoria nos indicadores, a entidade vem buscando conquistar o mercado corporativo, fomentando a realização de eventos e viagens de incentivo por meio de uma variedade de iniciativas.
As iniciativas de fomento já têm demonstrado alguns resultados positivos, como o aumento no número de grandes congressos em Santiago. Para além do corporativo, o Chile também tem sediado grandes eventos, como os Jogos Pan-Americanos de 2023, que também colaboraram muito para a recuperação do setor.
Carolina Toro Garrido, executiva de Turismo Mice da Sernatur, afirma que o objetivo agora é continuar estimulando esse crescimento e posicionando o Chile como um destino para viagens de incentivo e corporativo. “Também estamos trabalhando para ampliar os mercados emissores, com destaque para o Brasil, Estados Unidos e alguns países da Europa. Estamos prontos para receber mais turistas de todos os segmentos, com mais de 8 mil leitos somente em Santiago, além de grandes e flexíveis centros de eventos e uma vasta oferta gastronômica e de experiências”, completa.
Quanto ao Vale de Colchagua, mais especificamente, o destino tem recebido mais de 80 mil visitas por ano, muito além do teto de 60 mil no período pré-pandemia. A região tem conquistado cada vez mais turistas nos últimos anos, em função do aspecto cultural proveniente dos cinco museus e do desenvolvimento ecoturístico das vinícolas. O destino também tem sediado muitos congressos de empresas e já conta com agenda repleta de festas e eventos culturais para 2024 – que deve impulsionar outros segmentos da economia chilena.
Apesar do tamanho da cidade, que há pouco tempo mal contava com estrutura turística, o destino está preparado para receber um alto número de turistas. “Este ano, vamos passar dos 60% de ocupação. Não superamos 2019, quando registramos uma taxa de cerca de 70%, mas tínhamos uma oferta hoteleira 20% menor na época. Apesar do impacto da pandemia, estamos retomando rapidamente, a oferta e a demanda estão avançando juntas”, afirma Cristóbal Squella, gerente do Santa Cruz Convention Bureau.
Além disso, o destino também recebe cada vez mais turistas internacionais. Os brasileiros estão retornando e se tornando novamente mais frequentes que os próprios chilenos. “São apenas quatro horas de viagem e os preços são muitos mais acessíveis que os destinos europeus. Acredito ainda que o aumento constante no número de brasileiros pode ajudar muito a equilibrar os preços, investir em mais experiências melhores, capacitar as equipes e atrair ainda mais estrangeiros”, finaliza Squella.
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