O turismo internacional registrou um crescimento impressionante de 33% em 2023, com 1,3 bilhão de pessoas realizando viagens internacionais, apesar do crescimento modesto do PIB global de 3,2%. Este dado é parte do relatório “What to Watch,” divulgado recentemente pelos economistas da Allianz Research, departamento de análise da Allianz Trade.

De acordo com o levantamento, as viagens continuam sendo um dos maiores gastos nos orçamentos familiares globalmente. Segundo a Organização Mundial do Turismo (UN Tourism), no primeiro trimestre de 2024, o turismo internacional atingiu mais de 285 milhões de viajantes, um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2023 e 97% dos níveis pré-pandêmicos de 2019.

Para os economistas da Allianz, os dados indicam que as viagens estão cada vez mais sendo vistas como um “item básico” nos orçamentos familiares, com consumidores dispostos a pagar preços mais altos pela experiência. Mesmo tendências como o aumento do home office e o movimento “flight-shame” não conseguiram frear a demanda por viagens, embora as viagens domésticas tenham se recuperado mais rapidamente que as internacionais.

É esperado que o volume de passageiros aéreos globais atinja um recorde histórico em 2024, com um aumento de 10,4% ao ano. As regiões Ásia-Pacífico e América do Norte lideram esse crescimento, enquanto África e América Latina ficam para trás.

O relatório destaca, ainda, que os preços das passagens aéreas devem continuar altos devido à escassez de oferta enfrentada pelas companhias aéreas. “A escassez de aeronaves, exacerbada pelos gargalos na cadeia de suprimentos durante a pandemia e a renovação das frotas para reduzir emissões de carbono, tem sido um fator significativo na limitação da capacidade do setor,” explicam os economistas.

Apesar das dificuldades econômicas globais, o mercado da aviação continua em recuperação, com o rendimento dos passageiros projetado para crescer 3,2% ao ano em 2024, preparando o cenário para um aumento geral de receita de cerca de 6,5% ao ano, totalizando USD 967 bilhões.

Embora a receita do setor aéreo esteja crescendo, a lucratividade varia entre as regiões. O combustível para aeronaves, maior custo operacional das companhias aéreas, continua sendo um insumo volátil devido a questões geopolíticas e capacidade regional. As companhias aéreas latino-americanas, em particular, enfrentam uma exposição maior às flutuações de preço do querosene.

Verão de 2024 está mais caro

Com a demanda alta e restrições de capacidade, a temporada de férias do verão de 2024 promete ser mais cara do que o usual. O hemisfério norte deve ver uma demanda robusta, beneficiando setores ligados ao turismo, desde hotéis e restaurantes até empresas de transporte e lazer. A Europa, especialmente, deve aproveitar essa demanda com eventos como as Olimpíadas em Paris e a Eurocopa.

Apesar dos preços elevados, os consumidores parecem dispostos a adaptar seus planos de viagem, escolhendo destinos mais próximos, onde a taxa de câmbio é mais favorável, ou encurtando as férias, mas dificilmente cancelando seus planos. O apetite por viagens permanece forte, sinalizando um mercado resiliente e em crescimento contínuo.