Forró, comidas típicas e muita cultura junina representada em símbolos como bandeirinhas coloridas enfeitando o espaço, fogueiras montadas na frente das casas e fogos de artifícios. Assim é o São João de Pernambuco, que envolve quase todos os seus 185 municípios nos festejos e é capaz de encantar qualquer visitante. O turismo é uma marca forte do estado, muito impulsionado pelo litoral e praias paradisíacas; mas se engana quem acha que para por aí: o estado também é repleto de cidades ricas em cultura e história, e no período de São João, as raízes afloram e os festejos tradicionais ganham espaço no calendário de eventos.
Neste período, a maior parte dos visitantes é local ou regional, tendo como destinos mais buscados Recife, Caruaru, Carpina, Limoeiro, Gravatá, Bezerros, Arcoverde, Araripina e Petrolina. Exceto Recife, a capital de Pernambuco, todos os outros municípios estão localizados no interior do estado e demonstram interesse por parte do público em celebrações tradicionais. Para atender a demanda turística, alguns municípios já aderiram ao movimento de ampliar a programação, como é o caso de Caruaru.
Conhecida como a “Capital do Forró”, a cidade se destaca como o maior epicentro da tradição junina. Localizada a cerca de 130 km do Recife, a cidade costuma receber mais de 1,5 milhões de visitantes ao longo do período de festejos juninos – que, inclusive, foi ampliado para 72 dias em 2024, tendo início em abril e se estendendo até o fim de junho.
E quando o assunto é economia, o impacto do São João de Caruaru é significativo para o desenvolvimento da cidade. De acordo com dados da prefeitura, o evento injeta cerca de R$ 165 milhões na economia local, gerando mais de 7 mil empregos formais e impactando mais de 13 mil postos de trabalho. São mais de 1000 atrações artísticas e 2,5 mil atividades comerciais. “A aprovação do maior e melhor São João do mundo entre turistas e excursionistas é de 98%, lotando os leitos de hotéis locais”, destacou Diogo Beltrão, diretor de Comunicação e Marketing da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur).
A ampliação do período festivo para 72 dias também promete um impacto ainda maior no turismo e na economia local. “Isso é ótimo porque o impacto do turismo se estende por dois meses e duas semanas”, explica Diogo, destacando a importância do evento não apenas como uma celebração cultural, mas como um motor econômico essencial para a região. “Este ano investimos cerca de R$15 milhões em atrações. No ano passado, tivemos uma receita turística de R$ 551 milhões só no período de São João, e este ano esperamos ultrapassar esse valor, recebendo cerca de 1,8 milhão de visitantes”, projeta o diretor.
A maior parte destes visitantes vêm de cidades ou estados vizinhos, vale salientar. “Apesar de ser um grande festival e ter muita procura no estado, a presença internacional não ganha destaque durante o São João pelo fato dele ser uma celebração regional, mais voltada ao tradicional. Mas, mesmo assim, garanto que quem vem do exterior e conhece o nosso São João aproveita bastante”, afirmou o gestor.
A Empetur apoia 70 municípios do estado por meio da “Rota do São João de Pernambuco”, que liga destinos que vivem e inserem a cultura junina na prateleira. A convite do Governo de Pernambuco, por meio da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), o Brasilturis Jornal viajou em uma press trip para conhecer e vivenciar seus festejos juninos e tradições, além de conhecer seus atrativos turísticos. A iniciativa contou com o apoio das prefeituras de Bezerros, Caruaru e Gravatá, assim como do restaurante Seu Tito Praia e hotel Beach Class by Hôm, em Recife, e Hotel Vila Rica, em Caruaru.
Bezerros foi a primeira parada da programação. O município é residência de José Francisco Borges, artista plástico, cordelista e xilogravurista, conhecido mundialmente como J. Borges.
No Memorial J. Borges & Museu da Xilogravura é possível vislumbrar diversos títulos de literaturas de cordel e obras do artista, além de canecas, quadros, acessórios e diversos objetos ilustrados com seus desenhos. No local também é possível visitar a oficina onde as matrizes, peças de madeira onde são entalhados os desenhos que formam a xilogravura, são confeccionadas.
É comum encontrar o artista passeando pelo espaço. Portanto, ainda é possível pedir um autógrafo, fazer uma foto ou apenas bater um papo com J. Borges. Mas, devo dizer, que por este mesmo motivo, o espaço fica bastante concorrido em períodos de grande movimentação da cidade – como na época de São João. Quando questionado como ele se sente ao perceber que as pessoas vão até lá pela sua arte e para conhecê-lo, José brinca: “É um sentimento normal. Eu admito que já tive tanta divulgação e que fiz tanta coisa, que hoje eu não me admiro mais”.
Integrante da Rota do São João de Pernambuco, Bezerros carrega em sua essência a tradição de manter viva as raízes da cultura do estado e é bastante procurada por turistas que desejam viver experiências voltadas à tradição popular.
Detentora do título “Terra do Papangu”, a cidade ganha destaque no Carnaval pelos seus foliões mascarados. Mas no período de São João o destino também é polo de um dos principais festejos juninos do interior e mantém o tradicional e autêntico forró pé-de-serra como característica principal. Serra Negra, distrito de Bezerros, tem o título de São João mais frio e mais alto do estado, já que para curtir o festejo é preciso subir a serra. Além das paisagens naturais, comidas típicas, atrações culturais e pontos turísticos, o clima é outro fator que atrai milhares de visitantes. Com temperatura média de 16 graus celsius, a sensação térmica pode chegar a 12 graus.
A cerca de 33 km de Bezerros está Caruaru, epicentro do São João de Pernambuco, que leva o título de Maior e Melhor São João do mundo nas campanhas do estado. É preciso alertar que a sensação de grandeza é real e não está apenas no Marketing. Desde a extensa programação cultural à variedade de pólos com atrações culturais e gastronômicas, passando pelos atrativos que é possível conhecer durante o dia, é mais do que possível afirmar que a cidade respira e exala uma aura junina.
Com 27 polos de animação, sendo 13 na zona rural e 14 no perímetro urbano, a “Capital do Forró”, outro nome carinhoso para Caruaru, promove em junho o evento de grande porte e de repercussão nacional, organizado desde 1984 pela Fundação de Cultura de Caruaru. O São João é o maior evento turístico da cidade, reunindo milhões de visitantes a cada ano, com centenas de artistas locais e nacionais que se apresentam em diversos polos juninos. O Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, Polo Cultural da Estação Ferroviária e o Alto do Moura recebem destaque entre os mais buscados.
Mas se engana quem pensa que o São João de Caruaru é só uma festividade e é preciso fazer um alerta: quem vai à Caruaru tem que estar preparado para maratona de atividades, visto que o município tem vários atrativos turísticos e dá para conciliar uma ‘passadinha’ neles enquanto está pela cidade. Uma dica de roteiro é visitar o Alto do Moura pela manhã, almoçar no Mercado Cultural Casa Rosa e, em seguida, passear pelos corredores da Feira de Caruaru, já que o mercado público está localizado no coração dela.
O Alto do Moura é um bairro de Caruaru que fica a 7 km do centro da cidade. Lá, começou a saga dos artesãos de Caruaru, que tem como principal ícone o Mestre Vitalino. Hoje, o local representa um dos mais significativos centros de artes figurativas das Américas. Quem visita o Alto do Moura pode conhecer a Casa Museu Mestre Vitalino, o Memorial Mestre Galdino, o Memorial Manuel Eudócio e outros ateliês de mestres ceramistas em plena atividade, já que a região está repleta deles.
Com entrada gratuita, o Mercado Cultural Casa Rosa abriga uma variedade de alimentos que prezam pela cultura local, como doces da região, cachaçaria, cozinha típica, tapiocaria e botecos, além de loja de souvenirs e espaço para atrações artísticas e culturais.
Inspiração para canções e poesias, a Feira de Caruaru é mais antiga do que a própria cidade. Com construção datada no século 18, o que começou como um pequeno comércio de rua ao redor de uma capela detém hoje o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, inscrito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
São 14 feiras livres que atendem à população local e a cidades vizinhas, comercializando “de tudo que há no mundo”, como canta Luiz Gonzaga na música homônima da feira. Ervas medicinais, roupas, flores, artesanatos, frutas, carnes, produtos importados, artigos de cama, mesa e banho, produtos em couro, bolos e ferragens, dentre os mais variados artigos: tudo o que for preciso, será encontrado por lá.
Outro destino que já é conhecido por atrair visitantes durante o período junino é Gravatá. Cercada por serras e vales, o município está localizado a 78 km de Recife e é o maior polo de segunda residência dos pernambucanos. A terceira e última parada da programação organizada pela Empetur reúne turismo de aventura, rural e gastronômico, sendo uma excelente opção para aqueles que buscam uma experiência junina mais voltada para a vida no campo.
Vale pontuar que a cidade consegue equilibrar as tradições culturais com uma famosa produção artesanal e grandes festas populares, como o São João e a Semana Santa – outra data que leva muitos visitantes à cidade. O forró é ritmo presente o ano todo, em shows gratuitos, aos sábados e domingos, no Mercado Cultural, situado em meio à feira livre. Para ter-se uma ideia há saídas regulares de grupos do Recife para vivenciar a experiência do mercado.
Gravatá é também terra de muitos sabores, fluindo da autêntica culinária regional, como a galinha à cabidela, tanajura ou bode guisado, a uma experiência suíça com fondues e chocolates quentes. A cidade, que exibe arquitetura com inspiração alpina e é conhecida como a “Suíça pernambucana”, mantém a tradição das fondues em vários restaurantes desde 1968. O responsável pelo fato inusitado foi o empresário José Luis Truan, que escolheu Gravatá como morada e local da sua Taverna Suíça. Hoje,a iguaria é servida por quase uma dezena de restaurantes.
O Memorial Gravatá, localizado no centro da cidade, é parada obrigatória. O museu municipal possui um acervo que retrata a origem e evolução do município. Em seguida, é possível conhecer a Estação do Artesão e o Polo Moveleiro, uma rua com diversas opções de lojas com vendas de móveis rústicos e decorativos, artesanato, roupas, lembrancinhas, restaurantes e cafés.
Quem está pela cidade pode também realizar um voo de balão, já que Gravatá é um dos poucos lugares que oferecem a experiência no Nordeste. Cavalgar, andar de charrete, visitar a horta e tomar o leite tirado da vaca na hora são algumas das atividades oferecidas nos haras e muitos hotéis-fazenda da região. A hotelaria local se coloca entre as melhores do estado, dispondo de 2,6 mil leitos. Ainda na zona rural, há a opção de explorar a natureza por meio de passeios de bicicleta e em veículos off-road. O que não falta são opções para relaxar e curtir o clima do campo, especialmente no inverno, quando os termômetros chegam a 14°C à noite.
O Brasilturis Jornal viajou a convite da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur).
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