Estima-se que aproximadamente 2,5 milhões de pessoas tenham deficiência intelectual no Brasil – cerca de 1,2% da população, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, essa taxa sobe para 2,9%, segundo o IBGE. Pensando nos desafios diários desse público e suas famílias, o Cana Brava Resort, em Ilhéus (BA), incorporou a acessibilidade como um de seus pilares. Para Maitê Teixeira, gerente de Vendas do Cana Brava resort, o turismo para famílias de pessoas com deficiência ainda tem muito espaço para se desenvolver no Brasil, e foi com esse foco que a capacitação para receber esse público foi levada a um novo patamar.
Maitê explica que, após conquistar o selo “Empresa Amiga do Autista”, concedido a empresas que têm mais de 70% da sua equipe capacitada para atender pessoas no espectro autista, foi um passo quase natural implementar a capacitação como uma política constante. “Conforme fazíamos treinamentos, percebíamos que precisávamos de ainda mais treinamento. Criou-se um ciclo muito positivo que não queremos parar”, explica a gerente do resort que reforçou time Comercial em Belo Horizonte (MG) recentemente.
O Cana Brava passou a apostar em flexibilidade e adaptação para receber bem as pessoas com deficiência intelectual e suas famílias. Pelo lado da alimentação, sendo um destino all-inclusive, o Cana Brava incorporou em todos os seus três restaurantes e seis bares opções infantis, simplificadas ou adaptadas, pensadas para hóspedes com alimentação seletiva, muito comum entre crianças autistas. A equipe de nutricionistas também presta todo o suporte necessário a hóspedes com dietas e pedidos gastronômicos que precisam de atenção extra.
A grande equipe de monitoria do resort, que recebe centenas de crianças mensalmente, também passou a realizar treinamentos específicos para receber crianças com deficiência intelectual. Uelton Santos, conhecido como Tio Well, que comanda a equipe, explica que crianças com deficiência intelectual muitas vezes têm dificuldade de participar de brincadeiras que não conhecem ou de se enturmar no curto espaço de tempo de uma semana de férias, e que “não basta apenas colocar a criança que tem necessidades especiais no meio das outras e começar a brincar. Tem que acolher, ouvir, entender seu processo de interação com outras pessoas. Tudo isso requer paciência, planejamento, experiência, e é isso que estamos buscando”.
As equipes dos bastidores também fazem parte do grupo capacitado para lidar com pessoas com deficiência intelectual. Desde as camareiras até a equipe de vendas e reservas, todos participam das palestras e aulas, sendo orientados a se adaptar e atender aos pedidos de famílias com pessoas com deficiência intelectual – desde travesseiros com texturas diferentes até a reserva de quarto em um espaço mais silencioso ou late check-out para evitar aglomerações. Todos os pedidos, por menores que possam parecer, fazem muita diferença.
O Aeroporto Jorge Amado, na própria cidade de Ilhéus, é a cereja do bolo, facilitando a vinda de famílias que não podem pegar voos muito longos. Com esse conjunto de fatores, o Cana Brava se tornou uma referência para famílias com filhos com deficiência intelectual, criando uma verdadeira comunidade de famílias que veem no resort um destino seguro e adaptado. “Temos famílias que voltam todo ano, às vezes mais de uma vez por ano”, afirma Maitê.
“Queríamos ser um destino adaptado o suficiente para dar às pessoas com deficiência intelectual e suas famílias férias de verdade, com diversão, descanso, sem preocupações. A única forma de fazer isso foi preparando nossas equipes para lidar com qualquer tipo de pedido, qualquer tipo de especificidade. Destinos que atendem a esses e outros critérios são raros no país, e muitas famílias optam por simplesmente não viajar”, finaliza Maitê.
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