O setor de serviços no Brasil apresentou um crescimento de 12% em julho, conforme dados divulgados pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE nesta quarta-feira (11). Apesar dos reajustes de preços acima da média, o setor continua mostrando resiliência, o que levou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) a revisar sua previsão de crescimento para 2024, elevando a expectativa para 2,4%, um aumento de 0,2 ponto percentual.
O crescimento de julho foi inferior ao avanço de 1,7% registrado em junho, mas marcou o quarto aumento mensal nos últimos cinco meses, colocando o setor 15,4% acima dos níveis pré-pandemia. Entre as 31 atividades econômicas pesquisadas, 21 registraram crescimento no comparativo anual, o maior índice para o mês de julho desde 2021. Esse desempenho foi impulsionado pelo fortalecimento do mercado de trabalho, que alcançou a menor taxa de desocupação já registrada, e pela alta de quase 8% na massa real de rendimentos.
Perspectivas para o segundo semestre
As expectativas para o restante do ano são de crescimento moderado, apesar da previsão de inflação para 2025 estar próxima ao teto da meta e de possíveis ajustes na taxa básica de juros pelo Copom. Esses fatores devem impactar a economia, mas de forma menos acentuada no setor de serviços.
“O setor de serviços continua sendo essencial para o crescimento da economia brasileira, sustentado pela retomada do mercado de trabalho e pelo aumento da renda. Mesmo em um ambiente de maior controle inflacionário, as perspectivas para o setor permanecem otimistas”, afirmou José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.
Inflação e preços pressionam o setor
Apesar do aumento nas receitas, os preços no setor de serviços subiram 0,75% em julho, enquanto o IPCA geral foi de 0,38%. A inflação do setor acumula uma alta de 5% nos últimos 12 meses, inferior aos 5,6% registrados até julho de 2023. Fabio Bentes, economista da CNC, destaca que “mesmo com a pressão inflacionária, o forte desempenho do mercado de trabalho e o aumento da renda real têm sido fundamentais para sustentar o crescimento do setor”.
Turismo impactado por alta nas tarifas aéreas
O turismo foi um dos segmentos mais prejudicados em julho, devido ao aumento de 19,6% nas passagens aéreas, o que resultou em um recuo de 0,9% no volume de receitas, o pior desempenho para o mês desde 2021. Trechos como Santarém (PA) a Ilhéus (BA) e Porto Seguro (BA) a Jericoacoara (CE) registraram tarifas superiores a R$ 3.000, impactando negativamente o turismo nas regiões Norte e Nordeste.
Mesmo assim, no acumulado de 2024, o número de passageiros transportados cresceu 4,7%, impulsionado por um aumento de 18,8% nos voos internacionais. Para o restante do ano, a CNC mantém a previsão de crescimento de 3% no volume de receitas turísticas, apesar dos altos custos de transporte aéreo. “A recuperação do mercado de trabalho e a demanda reprimida por viagens podem trazer uma retomada no segundo semestre”, conclui Bentes.
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