O VI Fórum Nacional da Hotelaria, organizado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) no dia 16 de setembro, no Rosewood Hotel, em São Paulo, proporcionou aos seus 480 participantes a essência da hospitalidade moderna em um dia de palestras e conteúdos relevantes para o setor.

Este foi o primeiro fórum do novo conselho da entidade sob administração de Paulo Roberto Caputo, conhecido como Beto Caputo, que se iniciou neste ano. “O evento é um sucesso! O FOHB faz tudo com somente cinco pessoas. São cinco edições de construção com uma entidade fundada em 2002”, declara o líder do conselho.

Beto Caputo durante o VI Fórum Nacional da Hotelaria (Foto: Rafael Destro)

A cada edição, o FOHB reúne especialistas, palestrantes e participantes de diferentes segmentos, proporcionando um espaço para networking e aprendizado. Com temas como sustentabilidade, tecnologia, gestão e tendências do mercado, os participantes se atualizam sobre as melhores práticas e inovações do setor. Em sua sexta edição, o Fórum Nacional da Hotelaria se consolidou como um evento importante para a discussão e reflexão sobre os desafios e oportunidades do setor hoteleiro.

“O Fórum tem como objetivo oferecer conteúdo que permita cada vez mais o aprimoramento das operações, a melhoria da gestão e fornecer dados e temas que ajudem no desenvolvimento e atualização da hotelaria nacional”, explica Orlando de Souza, presidente executivo da entidade.

Conteúdo hoteleiro

As palestras do fórum trouxeram temas relevantes e desafiadores para o setor, envolvendo dados e pesquisas. “Tivemos uma parte que foi para dar conteúdo de dados, números e informações, porque isso é importante para as pessoas que estão lá. Elas já estão se preparando para os seus budgets para o ano de 2025. Então oferecer informações sobre perspectivas econômicas e sobre o mercado de hotelaria é essencial”, destaca de Souza.

A primeira apresentação foi de Maílson da Nobrega, economista e ex-ministro da Fazenda, que explicou as perspectivas da economia brasileira, destacando os desafios do Brasil para alcançar um crescimento econômico sustentável e enfatizando que a produtividade é crucial para a geração de riqueza.

Logo depois, Felipe Tavares, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Serviços e Turismo (CNC), subiu ao palco para explicar sobre os impactos da Reforma Tributária. Ele argumentou que a reforma busca simplificar o sistema por meio da introdução de um imposto sobre valor agregado (IVA), mas há preocupações sobre um aumento real da carga tributária, especialmente nos setores de comércio e serviços, o que pode afetar a competitividade, especialmente do setor hoteleiro.

Por sua vez, Cristiano Vasques, sócio-diretor da HotelInvest, levou para o fórum um estudo sobre o panorama da hotelaria com indicadores do primeiro trimestre de 2024. Segundo pesquisa apresentada, a ocupação de quartos no primeiro trimestre de 2024 caiu 5,9%, em comparação com o mesmo período de 2023, enquanto no segundo trimestre houve um crescimento de 3%, ficando com um resultado praticamente estável, resultando em uma média anual de 57% até a metade de 2024.

A diária média também teve um aumento significativo, subindo 8% no segundo trimestre, com destaque para cidades como Salvador e Brasília, onde a diária ultrapassou R$ 500, superando o Rio de Janeiro. Apesar de um cenário desafiador, com a estabilidade em algumas regiões, como Porto Alegre e Curitiba, o potencial de crescimento ainda é promissor, especialmente no segmento de eventos.

A Doutora Lúcia Helena Galvão trouxe calmaria e tranquilidade ao Fórum logo antes do almoço, com a palestra Leveza no Trabalho, que busca aliviar a pressão das demandas diárias, promovendo um ambiente de trabalho mais equilibrado e saudável.

Em seguida, o Dr. Fábio Gandour, PhD em Ciências da Computação, abordou o impacto da inteligência artificial (IA) no setor hoteleiro e turístico, destacando a importância de integrar a IA nas operações para melhorar a experiência do cliente. Ele enfatizou que a tecnologia deve ser utilizada não apenas para otimizar processos, mas também para oferecer um atendimento mais personalizado e humanizado, ressaltando que a inovação deve caminhar lado a lado com a ética e a responsabilidade social.

Dando continuidade, Newton Neto falou mais sobre tecnologia com a palestra “Potencializando sua presença no Google: Ferramentas, IA e Melhores Práticas”, que foi complementando com o painel seguinte, intitulado “Eliminando Práticas Ultrapassadas e Abraçando uma Nova Era de Geração de Receita”, apresentado por Beto Sobrinho, Marcos Gay e Paulo Salvador. Neste último, foi ressaltado que a hotelaria investe pouco em tecnologia em comparação com outros setores. Enquanto o mercado financeiro investe 8% da sua receita, o hoteleiro investe somente 2,3%.

“A outra parte do fórum contou com profissionais que puderam compartilhar experiências com impacto no ramo da hospitalidade. Isso incluiu temas como Inteligência Artificial e a leveza no trabalho, pois, se você trabalha com hospitalidade, deve levar esse trabalho de maneira leve para atender bem os clientes”, explicou o presidente executivo da entidade.

Alê Costa, fundador da Cacau Show, apresentou a Fantástica Fábrica de Chocolates, que conta com mais de ,5 mil mil operações, incluindo mil novas lojas só em 2022. Em 2023 alcançou a liderança no Ranking das 50 Maiores Redes de Franquias do Brasil, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), e, em 2024, se mantém como líder no ranking.

Para encerrar a programação – e com aquele toque de descontração -, Danilo Gentili assumiu talk-show que teve Lucas Corazza, Rodrigo Ruas e Thamy Laiz como convidados.

“O que entregamos para as pessoas que estavam lá foi uma oportunidade de melhorar sua capacidade de análise sobre o negócio delas, ajudando-as a entender os caminhos e parâmetros que podem seguir para melhorar o que fazem”, celebrou de Souza durante o encerramento.

Para a próxima edição, de Souza compartilhou que, embora ainda não tenham iniciado o planejamento para a próxima edição do fórum, o encontro já tem data definida: 15 de setembro de 2025. O local e o tema do evento serão anunciados ao longo do primeiro semestre do próximo ano, permitindo que a equipe trabalhe em temas que estão atualmente em debate e que sejam relevantes no momento do fórum. “Precisamos garantir que, ao definirmos um tema em janeiro, ele ainda esteja em voga quando chegarmos a setembro, para que não cheguemos com algo ultrapassado”, finalizou.

Doações e trabalho social

Durante o VI Fórum Nacional da Hotelaria, foi realizada uma campanha de doação em prol do Instituto da Criança e do Adolescente, uma entidade vinculada à Faculdade de Medicina da USP e ao Hospital das Clínicas dedicada a atender jovens que enfrentam doenças crônicas e raras, além de necessitarem de transplantes. De Souza destacou sua participação no conselho consultivo do Instituto e a importância da campanha. “Optamos por fazer uma campanha de arrecadação do nosso fórum para arrecadar recursos para compra de equipamentos que eles têm necessidade”, comenta.

A meta inicial de arrecadação foi estipulada em R$ 15 mil, mas, com a generosidade dos participantes, o valor alcançado foi de R$ 27.500. “Conseguimos superar a meta e o FOHB vai completar o restante para que a arrecadação total chegue a R$ 30 mil”, afirma o presidente executivo. A ação, além de reforçar o compromisso do Fórum e do mercado de hotelaria em promover iniciativas que beneficiem a sociedade, também destaca a relevância do evento não apenas para o setor hoteleiro, mas também para causas sociais.

Perspectivas do mercado hoteleiro

Beto Caputo destacou as perspectivas do turismo, afirmando que “a hotelaria é uma indústria abençoada, pois cresce a partir do desejo das pessoas de viajar”. Ele ressaltou a recuperação lenta do setor pós-pandemia, observando que “nós perdemos 75% do nosso negócio durante a crise, e a recuperação total só deve ocorrer em 2024”. Caputo enfatizou a importância da colaboração entre entidades do setor, mencionando que a coleta de dados estatísticos se tornou essencial para balizar as ações do FOHB.

Além disso, Caputo abordou a necessidade de uma atenção maior à carga tributária e à reforma tributária, afirmando que “o investimento na hotelaria é crucial, especialmente após os adiamentos durante a pandemia”. Ele concluiu afirmando que o futuro da hotelaria será moldado pela customização e sustentabilidade, onde “experiências personalizadas e práticas sustentáveis se tornarão normas”.

“Nosso curto prazo ainda terá uma modesta expansão da oferta hoteleira no país, o que nos permite esperar uma performance bastante positiva nos resultados financeiros das operações, refletindo de maneira significativa na rentabilidade dos ativos e, por consequência, no retorno para os investidores. Isso, por sua vez, deverá estimular novos investimentos no setor”, comentou de Souza.

Cristiano Vasques, sócio-diretor da HotelInvest, trouxe um pouco das perspectivas do mercado na sua palestra. Ele destacou que, até 2028, espera-se uma oferta de apenas 1% de novos quartos por ano, o que sugere um mercado relativamente equilibrado. Essa estabilidade, combinada com um aumento na demanda, pode levar a um crescimento sustentado nas tarifas e na ocupação, proporcionando um ambiente otimista para o setor, mesmo diante de incertezas políticas e econômicas.