Renato Kido, sócio-diretor da ViagensPromo, iniciou sua carreira no Turismo de forma exploratória, realizando estágios em diversas áreas do setor, como companhias aéreas, agências de viagens e hotéis. Foi nas operadoras, porém, que encontrou sua verdadeira vocação. Na BRA Transportes Aéreos, ele aprendeu sobre malha aérea e operações de fretamento, ganhando experiência prática em logística de voos. Esse período foi uma “grande escola” para o profissional que consolidou seus conhecimentos técnicos na área.
Posteriormente, Kido passou quase 20 anos na Visual Turismo, onde construiu sua carreira como gestor de produtos e fortaleceu seu relacionamento com o mercado. Essa experiência o preparou para o papel de liderança que desempenha hoje na ViagensPromo, onde aplica toda a expertise adquirida em operações e no desenvolvimento de estratégias voltadas ao negócio, sempre mantendo uma forte conexão com os agentes de viagem.
À frente da operadora, Kido detalha, em entrevista ao Brasilturis, as atribuições do atual sucesso da ViagensPromo e o plano de triplicar as vendas, sobretudo com o mais recente anúncio do fundo de crédito criado em parceria com a Faturepag. Confira!
A ViagensPromo, apesar de ser uma operadora relativamente jovem, se destaca bastante no mercado. O que você acha que contribuiu para esse crescimento rápido e reconhecimento, especialmente entre os agentes de viagens?
Acho que o que explica o nosso crescimento é a soma de vários fatores. Primeiro, a gente precisa entender bem o mercado e ter um bom relacionamento com os fornecedores. Isso é fundamental. Conhecer profundamente o segmento em que você atua é o básico para qualquer empresa ter sucesso.
Mas, sem dúvida, o principal fator é a equipe. Na ViagensPromo, temos um time que faz acontecer. Quando começamos, eu sabia que precisava montar uma equipe que conhecesse bem o dia a dia dos agentes de viagens, que tivesse proximidade com eles e que soubesse como passar confiança. Eu mesmo, quando comecei a ViagensPromo, já tinha um bom relacionamento com fornecedores e sabia como operar, mas não tinha essa proximidade com os agentes. Então, trouxe pessoas que já tinham essa conexão e que pudessem trazer essa segurança na hora de trabalhar conosco.
Além disso, adotamos uma estratégia muito agressiva nos preços, especialmente após a pandemia. A gente sabia que, depois de um período tão difícil, as pessoas iam querer viajar, mas também sabíamos que os preços do mercado iam subir. Então, optamos por ser muito competitivos, oferecer preços atrativos e condições que facilitassem a compra. Isso nos ajudou a conquistar muitas agências que, até então, não compravam da gente. Elas começaram a nos ver como uma alternativa real e confiável, e a partir do momento que entregamos o que prometemos, isso mudou completamente nossa relação com elas. As agências ganharam confiança e continuaram comprando de nós.
No fim, foi essa combinação de uma equipe competente, relacionamento com o mercado e uma estratégia agressiva de preços que nos fez crescer e ganhar destaque tão rápido.
Como está a gestão da empresa com a saída recente de Renato Alves, um dos sócios da empresa?
A saída do Alves foi tranquila, sem dores de cabeça. Ele pediu para sair e nós respeitamos isso. No momento, não estou procurando novos sócios. Prefiro dar oportunidades para quem já está aqui dentro. Acredito muito no mérito, e acho que as pessoas que estão na empresa há anos e se dedicam merecem ter a chance de crescer. Estou analisando internamente para ver se encontramos alguém para ocupar essa posição e outras que estão surgindo. Se, eventualmente, não encontrarmos ninguém, aí sim, vamos ao mercado. Mas, por enquanto, o foco é valorizar o time que já temos.
Estou trazendo novos diretores e estruturando a empresa para que eu possa me ausentar sem que tudo dependa de mim. Meu objetivo é deixar a empresa rodando sozinha por uns 15 dias, quem sabe, para que eu possa tirar umas férias de verdade e aproveitar.
Em outras entrevistas, você mencionou que a ViagensPromo busca ser “a operadora do futuro”. O que significa exatamente ser uma operadora do futuro e como vocês estão se preparando para isso?
Quando falo em “operadora do futuro”, o que eu quero dizer, na verdade, é que estamos sempre tentando pensar fora da caixa. O que vejo no nosso setor é que muitas empresas estão acomodadas. O mercado de Turismo, de maneira geral, tem um comportamento meio cíclico: ano após ano, as empresas fazem as mesmas coisas, participam dos mesmos eventos, seguem os mesmos padrões. Não há uma grande inovação acontecendo no setor. O que estamos buscando é justamente fugir dessa mesmice.
A inovação, para a ViagensPromo, passa por olhar para fora do nosso segmento. Muitas das ideias que implementamos vieram de conversas com empresas de outros setores, onde encontramos oportunidades de fazer diferente. Um exemplo recente foi o lançamento do nosso fundo financeiro. Essa ideia veio de uma conversa com pessoas de fora do Turismo, que entenderam nosso modelo de negócio e nos ajudaram a enxergar novas possibilidades.
Hoje, o grande desafio das operadoras é a margem de lucro, que está cada vez mais apertada. O cliente final tem muitas opções: ele pode comprar diretamente do hotel, pela internet, pelas OTAs, ou até mesmo direto pelo site das companhias aéreas. Nesse cenário, fica muito difícil para a operadora tradicional competir. Então, como fazemos isso? Com inovação. E uma das maneiras de inovar é ter recursos financeiros para fazer compras antecipadas e garantir melhores preços.
Isso não acontece do dia para a noite. Foi um trabalho de anos até conseguirmos montar uma estrutura de fundo financeiro que nos permitisse essa estratégia. Mas é exatamente esse tipo de pensamento que queremos para o futuro da ViagensPromo: buscar alternativas e caminhos que não são tão óbvios para o nosso setor, mas que podem fazer uma diferença enorme.
Como exatamente funcionará esse fundo financeiro e qual o impacto dele para o negócio e o mercado?
O fundo financeiro é algo que planejamos há muito tempo e que finalmente conseguimos estruturar. Ele funciona de uma forma bem estratégica. Quando o cliente compra um pacote conosco, ele pode usar o cartão da ViagensPromo e fazer o pagamento pela nossa própria maquininha. O que acontece é que a taxa do cartão e da maquininha não vão para um banco qualquer, como aconteceria normalmente, mas para o nosso fundo.
Com esse fundo, conseguimos ter recursos antecipados para fazer grandes compras no início do ano. Isso nos permite negociar melhores tarifas com os fornecedores. Por exemplo, se eu chego para um fornecedor e digo que vou comprar R$ 10 milhões de pacotes, posso conseguir uma tarifa. Mas se eu chego e falo que vou antecipar R$ 15 milhões, essa tarifa pode ser ainda melhor. Isso nos dá uma vantagem competitiva enorme, porque conseguimos garantir preços mais baixos e, com isso, oferecer pacotes mais acessíveis para os nossos clientes.
Além disso, esse dinheiro que fica no fundo não fica parado. Ele é investido, gerando mais rendimentos, o que nos dá mais fôlego para continuar oferecendo condições agressivas. É uma estratégia de otimização de recursos. O que estamos fazendo é usar o dinheiro de forma inteligente para melhorar nossas margens e garantir que podemos continuar competindo de igual para igual com as grandes operadoras, mesmo sendo uma empresa mais jovem.
Quais são as expectativas para o mercado e para a ViagensPromo agora, com o lançamento desse fundo e com o crescimento que vocês estão experimentando?
A expectativa é bem clara: triplicar as nossas vendas. Nós sabemos que, com os preços mais agressivos que conseguimos oferecer graças ao fundo, temos uma oportunidade enorme. Mas isso só será possível se a nossa equipe continuar muito focada e engajada. Eu digo sempre que o agente de viagem tem muitas opções de fornecedores. Ele vai comprar de quem oferece o melhor preço e quem passa confiança de que vai entregar o prometido.
Por isso, investimos tanto em melhores preços, melhores condições e no fortalecimento dessa relação com os agentes. Quando o agente sente que pode confiar na gente, ele vai continuar comprando. E isso é uma parceria de mão dupla. Nós investimos para oferecer melhores condições, e eles nos retribuem com vendas. Então, nossa expectativa é de crescimento contínuo, sempre reforçando essa base de confiança com os agentes.
Esse ano, vocês trouxeram muitas novidades, como VPPay e VPCard. Quais resultados vocês têm observado desde o lançamento desses produtos?
Sim, lançamos vários produtos e campanhas, e os resultados têm sido muito positivos. Vou citar alguns exemplos. O VPPay está sendo instalado em diversas agências de viagens, e já temos mais de 200 maquininhas em operação, facilitando a vida dos nossos clientes. E o VPCard segue na mesma linha, embora o processo seja um pouco mais lento devido à negociação de taxas com cada agência. Cada uma tem suas especificidades, então isso pode demorar. Mas a aceitação tem sido ótima, e quem usa nossas soluções, como o VPPay, vai se beneficiar muito, especialmente em campanhas de marketing.
Por exemplo, uma das nossas grandes apostas é trazer celebridades como o Cauã Reymond e outros artistas de peso para impulsionar nossas campanhas. A ideia é que quem estiver usando nossas maquininhas, como o VPPay, participe dessas campanhas e tenha acesso a materiais promocionais exclusivos com eles. Isso gera uma visibilidade muito maior para as agências que trabalham conosco, além de fortalecer ainda mais a parceria.
Existe a possibilidade de a ViagensPromo se voltar para o público final ou vocês vão continuar focados 100% no B2B?
A ViagensPromo é totalmente focada no B2B. Estamos aqui para ajudar o agente de viagens a vender mais. A pandemia trouxe muitas lições, e uma delas é que nem tudo pode ser resolvido online. Os profissionais têm um papel essencial no processo de compra, porque ele traz segurança para o cliente final, algo que muitas vezes a internet não consegue.
Por isso, nossa missão é fortalecer o trabalho do agente. Um exemplo foi a campanha que fizemos com o Cauã Reymond. Muitos agentes não têm recursos de marketing para atrair clientes por conta própria. Então, usamos o Cauã como uma forma de gerar leads e depois repassamos esses contatos para as agências, independentemente de onde elas estão. Uma agência de Manaus, por exemplo, pode atender um cliente de São Paulo. Nosso foco é sempre fazer com que o agente tenha mais ferramentas para vender mais e melhor.
Tem algum recado que gostaria de deixar para os nossos leitores?
Acho que o mais importante é agradecer pelo apoio e pela oportunidade de vocês estarem aqui. Muitas vezes é difícil para quem está de fora entender os bastidores, o que acontece no dia a dia de uma empresa como a nossa. Não somos uma empresa do futuro, mas somos uma empresa que pensa muito em inovação e em cuidar das pessoas. É por isso que, apesar dos desafios, continuamos sempre em frente.
Eu já tenho alguns cabelos brancos de tanto pensar em como inovar nesse mercado, e sei que, se continuarmos do jeito que estamos, sem nos mexer, não vamos chegar a lugar nenhum. A gente precisa se mover, buscar novas soluções, e isso é o que fazemos diariamente. Eu já estou de olho em várias novidades para o futuro porque parar, para nós, não é uma opção. Nosso objetivo é manter o mercado em movimento e fazer com que o círculo continue girando, sempre garantindo a segurança dos nossos agentes de viagem. Enquanto eu estiver por aqui, essa será minha missão.
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