Durante sua palestra na Expo Abla 2024, Ana Renata Navas, General manager da Cox Automotive do Brasil, trouxe um olhar inovador sobre a precificação de veículos no mercado automotivo brasileiro, propondo uma revisão profunda nos métodos tradicionais que têm dominado o setor. Segundo Navas, a pandemia expôs as fragilidades dos modelos de precificação baseados na experiência e intuição dos vendedores, que há anos vinham sendo utilizados pelas concessionárias e locadoras.
A especialista explicou no evento que a crise gerada pela pandemia e a consequente alta nos preços dos veículos tornaram evidentes as limitações desses métodos. “O mercado estava acostumado a valorizar os carros com base no instinto, mas agora, mais do que nunca, a indústria precisa de um modelo mais científico e ajustado às novas realidades econômicas”, afirmou.
A Cox Automotive, uma das líderes globais em remarketing, também trouxe para o Brasil conceitos utilizados nos Estados Unidos, onde o modelo de leilão e remarketing é mais estruturado e eficiente. Navas destacou que o leilão, no Brasil, frequentemente é associado a veículos danificados ou de menor valor. No entanto, ela defende que o leilão pode ser uma excelente plataforma de venda, desde que seja usado de forma estratégica, sem preconceitos. “O leilão não é um canal depreciativo. Ele é apenas um meio de redistribuir ativos, e muitas vezes os carros vendidos em leilão estão em ótimo estado, com até menos de mil quilômetros”, explicou.
Para Navas, o grande erro do mercado brasileiro é a visão distorcida sobre o leilão. Ela comparou o mercado brasileiro ao dos Estados Unidos, onde empresas como a Manheim, maior fornecedora de serviços de remarketing do mundo, recondicionam veículos para garantir que eles atinjam seu maior potencial de valor. “Nos Estados Unidos, o leilão é um dos principais canais de venda de carros seminovos e veículos de bancos e financeiras. O Brasil precisa entender que não é a plataforma que desvaloriza, mas sim a forma como os carros são tratados antes de entrarem no processo”, afirmou.
Em sua fala, Navas também ressaltou a importância de uma abordagem mais técnica na precificação, e não apenas baseada em intuições ou experiências. “A precificação de veículos precisa ser mais científica. O modelo atual, baseado apenas no instinto, já não funciona em um mercado tão dinâmico”, explicou. Ela sugeriu a implementação de ferramentas mais modernas, como análises de dados e algoritmos de avaliação de veículos, para garantir preços mais justos e competitivos.
Por fim, Navas sugeriu que as locadoras reconsiderem seu papel no mercado de revenda e explorem novos canais de venda. Ela mencionou a possibilidade de desenvolver plataformas específicas para carros locados, o que traria mais transparência e atratividade para os consumidores. “No Brasil, ainda não existe uma plataforma exclusiva para a venda de veículos locados. Criar esse espaço seria uma maneira eficiente de garantir uma venda mais direta e com maior segurança para todos os envolvidos”, concluiu.
A palestra de Ana Renata Navas trouxe uma reflexão essencial para os profissionais do setor de locação de veículos. Em tempos de mudança, repensar a precificação e o remarketing é fundamental para manter a competitividade no mercado.
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