Jerome Cadier, CEO da Latam, utilizou seu perfil no LinkedIn para comentar a matéria publicada pelo Estadão intitulada “No limite, Congonhas fica vulnerável a atrasos e cancelamentos com chuvas”. O executivo abordou os desafios estruturais e operacionais do aeroporto de Congonhas, destacando que questões como infraestrutura, condições climáticas e eficiência operacional tornam a gestão aeroportuária um tema complexo.
“A resposta não é nada fácil. Depende de muitos fatores”, escreveu Cadier, listando questões que vão desde o tráfego aéreo até o transporte público. Segundo ele, a eficiência das operações em Congonhas começa antes mesmo da chegada ao aeroporto, passando pelo gerenciamento das rotas aéreas, condições do solo, abastecimento, e até a fluidez no embarque e desembarque de passageiros.
Entre os fatores destacados, Cadier apontou a influência das condições climáticas, incluindo não apenas chuvas, mas também a direção e intensidade do vento. Ele explicou que a direção do vento em Congonhas é determinante para a eficiência das operações, uma vez que a alteração da cabeceira de pouso e decolagem demanda reordenamento completo do tráfego aéreo e das operações no solo.
O executivo também ressaltou o impacto do “curfew” – a restrição de operações entre 23h e 6h no aeroporto. Segundo ele, essa limitação impede a recuperação de atrasos, resultando em cancelamentos.
Cadier aproveitou o contexto para relembrar sua oposição ao aumento da capacidade de Congonhas, aprovado no ano passado antes da conclusão das obras de infraestrutura. “Estamos vivendo uma das consequências desta decisão”, afirmou. Ele foi enfático ao criticar a aprovação da medida sem as reformas necessárias, que, segundo ele, começaram apenas recentemente.
Sobre o incidente envolvendo duas aeronaves da Latam no aeroporto, Cadier evitou fazer comentários diretos, afirmando que aguarda o resultado das investigações do Cenipa. “Minha opinião aqui é irrelevante”, concluiu.
A publicação evidencia os desafios que aeroportos como Congonhas enfrentam, reforçando a importância do planejamento integrado entre infraestrutura e demanda crescente de passageiros.
Confira o texto na íntegra:
“Matéria interessante hoje no jornal O Estado de São Paulo sobre o aeroporto de Congonhas.
Este é um tema muito complexo na aviação. Quantos movimentos comporta determinado aeroporto? Ele opera bem?
A resposta não é nada fácil. Depende de muitos fatores. Cito aqui alguns para que tenhamos idéia.
Começa antes do aeroporto, com o tráfego aéreo, a eficiencia das aproximações e “rotas no céu”. Passa pela infraestrutura do aeroporto, das operações de solo (como abastecimento, espaço para manutenção e movimentação de equipamentos e carga), espaço no embarque e desembarque, de passageiros eficiencia do “raio x”, quantidade de embarques remotos ou por ponte, até a eficiencia da chegada e saída dos veículos e transporte público…
Passa também por condições climáticas (não só chuva, mas intensidade e, pasmen, direção do vento). Aqui vale uma curiosidade sobre Congonhas: a direção do vento importa muito porque a facilidade de acesso à pista é muito diferente dependendo da direção dos pousos/decolagens. E também perdemos tempo quando temos que “inverter a cabeceira” na hora em que o vento muda (pois todo o trafego, no solo e no ar, tem que ser reordenado).
Finalmente, cito mais uma caracteristica importante: o fato de existir “curfew” em aeroportos centrais como Congonhas (ele não opera entre 23:00 e 06:00), fazendo com que alguns atrasos não sejam recuperados e gerem cancelamentos.
Mais um dos motivos pelos quais ser pontual na aviação não é nada fácil.
PS1 – fui muito criticado quando me opus ao aumento de capacidade do aeroporto de Congonhas aprovado ano passado, antes da conclusão das obras necessárias na infraestrutura (que só foram iniciadas agora). Estamos vivendo uma das consequencias desta decisão…
PS2 – não vou me pronunciar sobre a colisão dos aviões da Latam ontem porque precisamos esperar a investigação do Cenipa (minha opinião aqui é irrelevante)“
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