O painel “Tecnologia na Distribuição Hoteleira – Como as inovações na distribuição de serviços hoteleiros estão impactando o setor”, realizado nesta terça-feira (10) durante o Innovati.On Travel 2024, realizado no Hotel Nacional Inn Jaraguá, em São Paulo (SP), trouxe reflexões relevantes sobre os avanços tecnológicos e os desafios enfrentados pelos hoteleiros. Com mediação de Marcus Nunes, head de Sourcing da OnFly, a discussão contou com a participação de Ricardo Souza, team leader da Lighthouse; Luis Ferrinho, presidente da Omnibees; e Ana Carolina Fusquine, vice-presidente da Letsbook.
Ferrinho abriu o debate sobre distribuição hoteleira destacando a trajetória da Omnibees, fundada em 2007 com o objetivo de atender às especificidades do mercado latino-americano. “Nossa prioridade foi sempre fazer o básico bem feito, oferecendo ferramentas para reservas, gerenciamento e cálculos de preços voltados a OTAs, operadoras e agentes de viagens”, afirmou. Hoje, a empresa atende 9,5 mil hotéis, sendo a maioria no Brasil, com crescimento impulsionado pela demanda por soluções completas. “Não desenvolvemos tecnologia, mas utilizamos inovações disponíveis para agregar valor aos nossos serviços, sempre buscando atender às necessidades dos clientes de maneira simples e eficiente”, complementou.
Ana Carolina, por sua vez, enfatizou o papel estratégico da tecnologia para hotéis independentes, que enfrentam desafios distintos em comparação às grandes redes. “Esses hotéis não competem com as marcas, mas entre si. O diferencial está em aproveitar a tecnologia para destacar a experiência única que oferecem, alinhada às preferências dos viajantes”, explicou. Segundo ela, a Black Friday se tornou um marco de resultados expressivos, com 60% das vendas realizadas diretamente pelos canais próprios. “Vamos parar de dar dinheiro para Google e Meta. O viajante prefere os canais diretos, mas espera uma experiência sem fricções”, destacou, citando uma pesquisa da Skift que projeta maior market share para vendas diretas em comparação com OTAs.
Souza trouxe uma perspectiva sobre a fragmentação de dados na hotelaria, um problema que a Lighthouse busca resolver. “Cada departamento utiliza uma ferramenta diferente, gerando dispersão de informações. Investimos na consolidação e análise dessas fontes de dados por meio de inteligência artificial generativa, que permite decisões precisas em tempo real. Essa é a direção para a qual vemos a hotelaria caminhando”, afirmou.
Sobre os custos da tecnologia, Ferrinho desmistificou a percepção de que os investimentos são inacessíveis. “Se compararmos com o custo de realizar essas análises manualmente, a tecnologia se paga rapidamente e ainda traz maior retorno. Nosso papel é fazer o básico bem feito, integrando reservas e pagamentos para simplificar a gestão dos hoteleiros”, explicou. Ana Carolina complementou, apontando uma mudança de mentalidade no setor: “Os hoteleiros entenderam que investir em tecnologia elimina milhões em comissões para OTAs. O foco agora é investir mais e com coragem.”
Ainda no tema de transformação digital, Souza ressaltou a importância de alinhar as decisões gerenciais com as necessidades operacionais. “Muitas vezes, a pessoa que usa a ferramenta enxerga o valor imediato, enquanto o gestor rejeita o investimento por não compreender as dores do dia a dia. Essa desconexão prejudica a implementação de soluções que poderiam melhorar a produtividade e a experiência do cliente”, argumenta o executivo da Lighthouse.
Os painelistas também discutiram as perspectivas futuras, com destaque para o papel da inteligência artificial e personalização. Ana Carolina destacou que 73% dos viajantes esperam personalização nas ofertas, o que aumenta em 80% o poder de compra. “Não vendemos mais quartos, mas experiências personalizadas. Antecipar as necessidades dos clientes é a chave para criar estratégias eficazes e omnichannel”, disse. Souza completou, afirmando que a integração de canais oferece mais opções aos viajantes e melhora a eficiência dos hotéis, especialmente na precificação e fidelização.
Ferrinho concluiu o debate sobre distribuição hoteleira com uma visão otimista sobre a evolução do setor. “Embora nossas tecnologias atuais fiquem obsoletas em poucos anos, estamos nos aproximando de um mercado mais maduro, que entende o valor do investimento em inovação. Isso é o que realmente mudará o jogo na hotelaria”, finalizou.
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