Durante o Innovati.On Travel 2024 – realizado nesta terça-feira (10), no Hotel National Inn Jaraguá, em São Paulo (SP) – o painel “Como a tecnologia está influenciando empresas de viagens e mobilidade no Brasil – Desafios e oportunidades para a próxima década” debateu o papel da inovação tecnológica no setor. A conversa, mediada por Peterson Prado, vice-presidente de Comercial e Estratégia da OnFly, reuniu Carlos Humberto, CEO do Diaspora.Black; Elbert Leonardo, vice-presidente da ClickBus; Jamyl Jarrus, vice-presidente executivo da Movida; e Luisa Mitsusaki, head de Vendas da Charlie.
Humberto abriu o painel destacando a relevância da tecnologia como ferramenta de transformação social. “Para criar uma startup, é fundamental identificar um problema real. O mercado brasileiro de turismo tem potencial enorme, mas deixa de explorar experiências autênticas de sua rica cultura afrodescendente e indígena. Peguem como exemplo a República Dominicana, que ao valorizar a cultura local, atrai muito mais turistas que todo o Brasil em um território menor que muitos estados brasileiros”, afirma. “Nosso trabalho no Diaspora.Black é conectar o afroturismo com o mercado, promovendo patrimônios materiais e imateriais em 18 mercados. A tecnologia desempenha um papel crucial ao facilitar essa conexão”, explica.
Na sequência, Jarrus abordou as iniciativas de sustentabilidade da Movida, ressaltando que vão muito além da adoção de carros elétricos. “Trabalhamos com veículos híbridos, que fazem mais sentido para a realidade brasileira devido à infraestrutura ainda limitada para recarga elétrica, e, quanto a combustão, recomendamos o uso de etanol, que polui muito menos que a gasolina e diesel. Além disso, investimos na digitalização de processos e na utilização de energia solar em nossas lojas e adaptamos a estrutura das unidades que não suportavam as placas solares”, relata o executivo, reforçando que a sustentabilidade é um diferencial indispensável. “Não acreditamos em empresas que não tenham ações concretas nesse sentido”, pontua.
Leonardo trouxe à tona os avanços tecnológicos no transporte rodoviário, segmento em que a ClickBus tem liderado inovações. “O setor enfrentava problemas como baixa ocupação, regulação excessiva e falta de flexibilidade tarifária. Buscando atender as demandas desse segmento, criamos o primeiro GDS para o setor rodoviário em 2011 e, em 2019, tivemos liberação para lançar o bilhete eletrônico, tornando a experiência mais ágil e atraente para o consumidor”, conta o vice-presidente da ClickBus, que acredita haver muito espaço para crescimento, especialmente no mercado corporativo, impulsionado pela integração de canais como a OnFly.
Já Luisa Mitsusaki destacou a evolução do mercado de aluguel de curta duração no Brasil e o papel da Charlie em atender às demandas do segmento corporativo. “Nosso foco está em oferecer uma experiência fluida, com tecnologia que permita check-ins sem necessidade de recepcionista e suporte diretamente pelo celular. Essa eficiência operacional se reflete em diárias competitivas e uma carteira robusta com mais de 600 clientes B2B, que cresceu muito mais rápido do que esperávamos”, revela e executiva. Ela enfatiza ainda que a personalização da experiência e o atendimento humanizado são desafios prioritários no setor.
Equilibrio
Durante o debate, a importância do equilíbrio entre tecnologia e atendimento humanizado foi um tema recorrente. Jarrus ressaltou que, embora a tecnologia seja essencial para melhorar a eficiência, o atendimento sensível e adaptado às necessidades do cliente permanece insubstituível. “Um viajante a trabalho quer agilidade, enquanto outro pode precisar de mais informações sobre o veículo. A sensibilidade do funcionário é o que diferencia uma experiência boa de uma excelente”, afirma.
Humberto complementou a fala de Jarrus, apontando a necessidade de capacitar equipes para lidar com a diversidade cultural do Brasil, que tem a maior população negra fora da África e a segunda maior do planeta. “Muitas empresas ainda não sabem como se comunicar com esse público. Investir em treinamentos e certificações para mitigar conflitos e trabalhar a inclusão é essencial”, argumenta o executivo.
Leonardo concluiu reforçando o papel da integração tecnológica no crescimento do mercado corporativo, enquanto Mitsusaki destacou a adaptação de processos e personalização como prioridades para a próxima década. Com isso, o painel evidencia que a inovação só pode gerar impacto quando associado a estratégias inclusivas, sustentáveis e voltadas para a experiência do cliente.
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