Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, quebrou o silêncio sobre a eventual fusão entre as companhias aéreas Azul e Gol. Em suas redes sociais, Cadier compartilhou que confia na atuação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para garantir a competitividade no mercado diante da possível união das empresas. A publicação surge após especulações do mercado sobre possíveis impactos da fusão, motivadas pela assinatura do Memorando de Entendimento (MoU).
Segundo o executivo, qualquer combinação de negócios precisará ser acompanhada de medidas que mitiguem os impactos no setor. “Não dá para imaginar qualquer formato de combinação de negócio que não venha com medidas de mitigação sérias e importantes”, destacou.
Em entrevista para o jornal O Globo, Cadier afirmou que a fusão não seria o caminho ideal para resolver os desafios financeiros enfrentados pelas duas empresas, já que ambas possuem operações saudáveis. Ele destacou ainda que o mercado brasileiro é robusto e comporta mais do que três grandes companhias, ressaltando o potencial do país como o quinto maior mercado aéreo do mundo.
“A solução para problemas de dívida não é necessariamente uma fusão. A meu ver, você resolve isso com reestruturação, seja através de um Chapter 11, como a Gol, ou com as medidas que a Azul já vem fazendo”, explicou.
Impactos no mercado e no consumidor
Embora o ministro de Portos e Aeroportos tenha afirmado que a fusão não deve gerar aumento no preço das passagens, Cadier foi mais cauteloso ao abordar a questão. Segundo ele, o efeito no preço dependerá diretamente da manutenção de um mercado competitivo.
“Acho muito cedo para saber o impacto em preço porque a gente ainda não sabe qual será a proposta de combinação de negócios e as medidas de mitigação”, disse.
O executivo também alertou para o impacto da fusão em aeroportos estratégicos, como Congonhas, onde as duas companhias possuem forte atuação. “Manter as marcas separadas faz pouca diferença. O que importa é quem decide o preço e a capacidade. Se isso é unificado, é uma empresa só”, afirmou. Para ele, a revisão da regra que limita a participação de uma empresa em até 45% das operações em Congonhas será essencial para preservar o equilíbrio no setor.
Apesar das incertezas, Cadier reforçou que confia no Cade e em sua capacidade de analisar profundamente as implicações da fusão. “As autoridades de concorrência aqui no Brasil são muito sérias e competentes. A gente confia que o Cade, quando tiver mais detalhes, vai fazer uma análise criteriosa”, concluiu.
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