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Trump enfrenta resistência no Alasca ao tentar restaurar nome Monte McKinley

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O pico foi chamado de Monte McKinley até 2015, quando a administração Obama alterou o nome para Denali (Foto: Reuters)

A ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump no dia da posse para restaurar o nome Monte McKinley à montanha mais alta da América do Norte está gerando resistência no Alasca. Empresas de turismo locais e representantes indígenas defendem a manutenção do nome Denali, oficializado em 2015 pelo governo de Barack Obama.

O pico, que até então era chamado de Monte McKinley, passou a se chamar Denali – termo da língua koyukon atabascana que significa “o alto”. Para Jordan Sanford, presidente da Doyon Tourism, empresa de propriedade indígena, a decisão de 2015 foi um marco no reconhecimento das tradições locais.

“O nome Denali reflete a reverência e o respeito que os povos indígenas têm pela terra e o significado espiritual que ela possui”, afirmou Sanford. A Doyon Tourism opera excursões na área remota do Parque Nacional de Denali e administra o Kantishna Roadhouse. Segundo Sanford, a empresa continuará a utilizar o nome Denali, independentemente da mudança oficial.

O Kantishna Roadhouse reforçou a posição em publicação no Facebook: “Continuará a se referir à montanha pelo seu nome tradicional, Denali, um nome que tem profundo significado há gerações.” O Camp Denali, outro lodge na região, também manifestou apoio à manutenção do nome. “Uma coisa permanece a mesma: Denali sempre será Denali para os alasquianos”, publicou a empresa, em post que recebeu mais de 105 mil curtidas e 10 mil compartilhamentos.

Sanford, que pertence ao povo Upper Tanana Atabascano, ressalta que a disputa pelo nome do pico envolve mais do que uma simples nomenclatura. “Mudar o nome da montanha de volta para Monte McKinley, na minha visão pessoal, representa um retrocesso no reconhecimento dos nomes tradicionais dos povos indígenas e de suas terras”, afirmou.

A CEO da Associação da Indústria de Turismo do Alasca, Jillian Simpson, também acredita que a mudança proposta por Trump terá pouca adesão entre a população local. “Suspeitamos que, independentemente do nome oficial, a maioria dos alasquianos, incluindo os povos indígenas que nomearam a montanha, continuarão a chamá-la de Denali”, afirmou.

A polêmica em torno do nome do pico não é recente. Em 1975, legisladores do Alasca já haviam solicitado ao governo dos EUA o reconhecimento do nome Denali. Porém, o nome oficial permaneceu Monte McKinley, uma homenagem ao presidente William McKinley, de Ohio, que nunca visitou o estado, até a decisão da administração Obama.

O governo Trump justificou a reversão argumentando que McKinley “defendeu tarifas para proteger a manufatura dos EUA, impulsionar a produção doméstica e levar a industrialização e o alcance global do país a novos patamares. Ele foi tragicamente assassinado em um ataque aos valores e ao sucesso da nossa nação, e deve ser homenageado por seu compromisso inabalável com a grandeza americana.”

Para Sanford, no entanto, a questão vai além da política. “Denali não é apenas uma questão de geografia. Trata-se de respeito, identidade, história e da forma como honramos as culturas que existiam muito antes de qualquer influência externa”, concluiu.

 

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