O 20º Encontro do Setor de Feiras e Eventos (Esfe), realizado nesta terça-feira (18) no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo (SP), promoveu um painel sobre o impacto da liberação dos jogos no Brasil. Especialistas discutiram a regulamentação dos cassinos, bingos e apostas esportivas (bets), destacando oportunidades econômicas, desafios regulatórios e possíveis impactos no turismo.
Bruno Omori, presidente do Instituto de Desenvolvimento Turismo, Cultura, Esporte e Meio Ambiente (IDT-CEMA), iniciou o debate ressaltando a relevância do setor turístico na economia global e o papel dos jogos nesse contexto. “O Turismo já representa 10% do PIB mundial, movimentando trilhões de dólares anualmente”, afirma. “Entre os 193 países da ONU, 75% possuem jogos regulamentados, e o Brasil está entre as poucas nações que ainda não legalizaram totalmente o setor. A regulamentação pode atrair investimentos estrangeiros e gerar novas fontes de receita para o turismo e a hotelaria”,explica.
Mauricio de Oliveira Santos, prefeito de Socorro, compartilhou sua experiência no setor de jogos no México, onde atuou por 20 anos. Ele ressalta que a falta de regulamentação no Brasil beneficia o jogo ilegal, que não gera impostos nem empregos formais. “O Brasil tem mais máquinas de jogos do que o México, onde o setor é regulamentado. Aqui, quem controla esse mercado é o crime organizado”, pontua. Santos enfatiza ainda que, nos países onde os jogos são legalizados, existem mecanismos de controle para prevenir fraudes e garantir transparência na arrecadação de impostos. “No México, cada jogador tem uma identificação vinculada ao seu CPF, e todas as apostas são registradas em um sistema centralizado”, explica.
Dr. José Jakutis Filho, advogado e diretor jurídico da Five for Five Soluções Inteligentes, abordou os desafios jurídicos da regulamentação. “Se o jogo permanecer na ilegalidade, não teremos como controlar a ludopatia e outras questões associadas”, alerta, destacando que a legalização dos jogos permitiria maior controle sobre os apostadores, uma vez que sistemas regulados exigem identificação dos jogadores, prevenindo excessos e lavagem de dinheiro. “A regulamentação das apostas esportivas em 2018 e a recente normatização em 2023 foram passos importantes para a ampliação do setor de jogos no Brasil”, salienta o painelista do Esfe.
Os painelistas concordaram que a regulamentação pode trazer benefícios econômicos significativos, incluindo a geração de milhões de empregos diretos e indiretos, aumento da arrecadação tributária e fortalecimento do turismo. Omori citou a previsão de entrada de até US$ 70 bilhões em investimentos estrangeiros no Brasil com a legalização dos cassinos e bingos. “Estamos falando de um impacto direto na economia brasileira, gerando empregos e movimentando diversos setores”, destaca.
O evento também abordou os modelos de regulamentação internacional. Omori mencionou os cassinos integrados a resorts, como em Singapura e Mônaco, e a possibilidade de desenvolvimento de “cassinos turísticos” em destinos brasileiros. “O Brasil pode se tornar um grande polo de turismo associado aos jogos, atraindo visitantes e investimentos”, pontua.
Santos complementou que cidades turísticas menores também poderiam se beneficiar do modelo, diversificando a oferta de entretenimento. “Não são apenas os grandes centros que podem ganhar com isso. Pequenas cidades também têm potencial para atrair visitantes e gerar empregos”, conclui o prefeito.
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