A gastronomia desempenha um papel crucial na sustentabilidade do setor de eventos corporativos, impactando tanto o meio ambiente quanto a economia local. Durante o Lacte 20 – que teve início nesta segunda-feira (24), no WTC Events Center – , um dos painéis abordou essa temática, destacando boas práticas e desafios enfrentados pelas redes hoteleiras e organizadores de eventos na implementação de uma cadeia alimentar mais consciente.
Mediado por Daniela Almeida, do Ser Educacional, o painel contou com a participação de Gisela Oliveira, gestora comercial do Slaviero Downtown; Vanessa Yamada, executiva de contas Mice do Club Med; e Wanderléia Santos, assistente executiva da presidência da Haleon. O debate revelou como grandes redes e empresas estão adotando iniciativas para reduzir desperdícios, valorizar produtores locais e minimizar impactos ambientais.
Um dos destaques foi o compromisso do Club Med em adquirir 80% dos produtos consumidos em seus resorts de fornecedores locais, reduzindo a pegada de carbono associada à logística e estimulando a economia das regiões onde está presente. Durante a pandemia, a rede manteve suporte a 180 horticultores por meio da redistribuição de produtos a famílias em situação de vulnerabilidade.
Essa abordagem é reforçada pela certificação Green Club, que atesta práticas sustentáveis, como a proteção da biodiversidade, a gestão eficiente de recursos naturais e a redução de emissão de gases poluentes. Atualmente, 80% dos resorts do Club Med possuem esse selo, e a meta é atingir 100% de certificação.
Redução do desperdício e educação do consumidor
O desperdício de alimentos é uma das maiores preocupações do setor. Para enfrentá-lo, hoteis e resorts têm investido em porções menores nos buffets, o que reduz a quantidade de comida desperdiçada pelos hóspedes. Além disso, campanhas de conscientização e treinamentos para colaboradores e consumidores reforçam a importância de escolhas mais sustentáveis.
A Slaviero Downtown, por exemplo, implementou um sistema de gestão de resíduos que inclui a troca da empresa de coleta de lixo por uma certificada em sustentabilidade, garantindo o rastreamento dos resíduos e evitando descarte inadequado. O óleo de cozinha, antes descartado, agora é reaproveitado para a produção de biocombustível e produtos de limpeza.
A adoção de copos reutilizáveis e galões de água em substituição a garrafas plásticas é outra medida que vem ganhando adesão no setor de eventos corporativos. A Haleon, por exemplo, eliminou o uso de copos descartáveis em suas reuniões internas e passou a oferecer garrafas reutilizáveis aos colaboradores.
Entretanto, um desafio ainda persistente é o alto custo de fornecedores sustentáveis. Wanderléia Santos destacou sua tentativa de contratar serviços de alimentação de uma comunidade local, mas o preço foi três vezes superior ao orçamento disponível. Isso levanta uma reflexão sobre a necessidade de políticas públicas e incentivos para tornar a sustentabilidade mais acessível.
Os participantes do painel ressaltaram que a mudança de cultura é essencial para avançar em sustentabilidade. Desde a escolha de fornecedores até pequenas mudanças de hábito dos consumidores, todas as ações têm impacto. O desafio está em encontrar soluções viáveis e financeiramente sustentáveis para que mais empresas possam aderir a essas boas práticas.
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