As políticas comerciais e diplomáticas do governo Donald Trump devem impactar diretamente o turismo nos Estados Unidos em 2025. De acordo com um relatório da Tourism Economics, a expectativa de crescimento de 8,8% no fluxo de turistas internacionais foi substituída por uma previsão de queda de 5,1% no número de visitantes. Além disso, os gastos desses viajantes devem recuar 10,9%, refletindo um possível afastamento de mercados importantes.
A retração já começou a ser sentida. Apenas em Nova York, o número de cancelamentos de turistas canadenses em fevereiro registrou uma queda de 23% em relação ao mesmo mês de 2024. O Canadá, que enviou 20,4 milhões de visitantes aos Estados Unidos no ano passado, é o maior emissor de turistas internacionais para o país e pode reduzir ainda mais esse volume devido às tarifas impostas pelo governo norte-americano.
Adam Sacks, presidente da Tourism Economics, avalia que o impacto pode ser ainda mais severo do que o previsto inicialmente. “A situação piorou, e o resultado provavelmente será pior”, afirmou. A administração Trump implementou tarifas sobre o Canadá, México e China, além de ameaçar a União Europeia com medidas similares. O corte de financiamento a agências governamentais e a demissão de funcionários públicos também agravam o cenário.
O Instituto do Fórum Mundial de Turismo (WTFI) alerta que a imagem do país no exterior pode afastar não apenas turistas, mas também eventos corporativos e esportivos. Segundo uma pesquisa da YouGov, realizada em dezembro, 35% dos entrevistados em 16 países europeus e asiáticos disseram estar menos propensos a viajar para os Estados Unidos sob o governo Trump.
O impacto pode atingir grandes eventos já programados no país, como a Ryder Cup de 2025, a Copa do Mundo de 2026 e os Jogos Olímpicos de Los Angeles no mesmo ano. Enquanto isso, mercados emissores como Reino Unido e Alemanha já reforçaram alertas para que seus cidadãos tenham atenção redobrada com os documentos de viagem, mencionando o risco de deportação e prisão.
A NYC Tourism, órgão oficial de turismo da cidade de Nova York, confirmou que tem monitorado de perto os efeitos das novas políticas no comportamento dos visitantes. “Ainda não conhecemos as reações da Europa ou do Reino Unido, porque é muito cedo, mas estamos atentos a essa situação”, destacou Julie Coker, presidente da entidade.
