Diversas companhias aéreas asiáticas passaram a adotar restrições mais severas ao uso e transporte de power banks em seus voos. A decisão, que já impacta diretamente os passageiros, veio após episódios recentes de incêndios causados por superaquecimento de baterias de lítio-íon — tecnologia amplamente utilizada nesses dispositivos.
O alerta soou com força após um incidente ocorrido em janeiro, durante o embarque de um voo da Air Busan, na Coreia do Sul. Segundo o Ministério dos Transportes do país, um carregador portátil foi apontado como a possível origem do fogo. “Diversas marcas de derretimento elétrico nos restos de um power bank” foram encontradas no local, de acordo com comunicado oficial divulgado pela pasta.
A partir disso, o governo sul-coreano estabeleceu que passageiros estão proibidos de armazenar power banks ou cigarros eletrônicos nos compartimentos superiores das aeronaves. Agora, esses itens só podem ser transportados nos bolsos dos assentos ou sob as poltronas. Também passou a ser proibido carregar os dispositivos durante o voo, mesmo que conectados à porta USB da aeronave. “Os terminais de um power bank devem ser cobertos com fita adesiva ou colocados em uma bolsa protetora, ou saco plástico (por exemplo, saco com zíper) para evitar o contato com outros metais”, orientou o ministério.
Outras empresas seguiram a mesma linha. A Thai Airways anunciou a proibição de uso e carregamento de carregadores portáteis desde 15 de março. A Singapore Airlines vai implementar medida semelhante em abril, vedando o uso dos dispositivos durante o voo e seu carregamento via USB. A Air Asia e companhias aéreas de Taiwan — como EVA Air, China Airlines e Uni Air — também aderiram à proibição.
Em Hong Kong, a autoridade de aviação civil determinou novas regras a partir de 7 de abril. A mudança vem após um voo da Hong Kong Airlines ser desviado por conta de um incêndio no compartimento superior, causado por um power bank.
Embora úteis, essas baterias oferecem riscos. A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) registrou mais de 500 incidentes com baterias de lítio nos últimos 20 anos, incluindo casos de fumaça, fogo e calor extremo. De acordo com especialistas, as baterias de lítio-íon, apesar de eficientes, utilizam materiais altamente inflamáveis e podem sofrer “ruptura térmica” — uma reação em cadeia que leva ao superaquecimento e, eventualmente, ao fogo ou explosão.
“Aumenta o risco de ignição quando as baterias são danificadas, inchadas, têm defeitos de fabricação, são sobrecarregadas ou superaqueceram”, explicou Sonya Brown, professora da Universidade de New South Wales, à CNN Travel. Ela recomenda que passageiros inspecionem seus power banks antes da viagem e descartem unidades com sinais de dano.
Apesar das restrições, é permitido levar power banks na cabine, desde que com capacidade inferior a 100 Wh ou até 160 Wh com aprovação da companhia aérea. A maioria dos dispositivos portáteis vendidos no mercado se enquadra nesses limites, embora o uso durante o voo dependa das regras de cada empresa.
