Funcionários da Voepass relataram, de forma anônima, ao portal LeoDias, que a empresa estaria promovendo o esvaziamento de seu hangar em Ribeirão Preto (SP), retirando peças, documentos e equipamentos durante a madrugada. Segundo os relatos, a ação seria uma tentativa de proteger parte do patrimônio da companhia aérea antes que ele possa ser bloqueado judicialmente para pagamento de dívidas.
“Eles estão tirando tudo que tem para tirar lá do hangar: provas da Anac, peças velhas que usavam nos aviões. Estão fazendo a limpa”, afirmou uma funcionária. Outro colaborador relatou que caminhões entraram e saíram da empresa durante toda a noite. “Estavam tirando peças do motor, cablagem, peças externas que são muito caras, e colocando nos caminhões, para que quando o oficial de Justiça chegar lá, não tenha mais nada para penhorar”, denunciou.
Os depoimentos ocorrem pouco mais de um mês após a Voepass entrar com pedido de recuperação judicial, em 22 de abril deste ano. Essa é a segunda vez que a companhia recorre à Justiça com esse objetivo — a primeira ocorreu em 2020. O pedido atual aponta dívidas estimadas em R$ 400 milhões.
A crise da Voepass teve início após o acidente ocorrido em agosto de 2024, que resultou na morte de 62 pessoas. A situação foi agravada com o fim de um contrato com a Latam, que representava cerca de 93% da receita da companhia. Em março, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou a suspensão das operações após constatar falhas de segurança.
No mês seguinte, a aérea promoveu demissões em massa, mas não revelou quantos colaboradores foram afetados. De acordo com os funcionários, atualmente apenas setores como RH, almoxarifado, limpeza e diretoria seguem em funcionamento.
Empresa nega irregularidades
Em nota enviada ao portal LeoDias, a Voepass negou que esteja esvaziando seu hangar e reforçou que a movimentação no local está relacionada à limpeza e organização do espaço. “A Voepass Linhas Aéreas informa que as movimentações em seu hangar objetivam a organização e limpeza do espaço. Não há qualquer irregularidade nas ações”, afirmou a empresa.
Em comunicado anterior, por ocasião do pedido de recuperação judicial, a aérea alegou que a medida fazia parte de um plano de reestruturação. “A iniciativa ocorre em um contexto desafiador para o setor aéreo regional […] e reflete o compromisso da companhia em preservar sua operação, manter o atendimento aos clientes e honrar seus compromissos com colaboradores e fornecedores”, disse à época. A Anac ainda não se manifestou sobre os novos relatos.