Para a FecomercioSP, o recente aumento do IOF nas operações de câmbio em espécie (que subiu de 1,1% para 3,5% no último dia 2 de maio) é uma medida puramente arrecadatória, sem contrapartidas que justifiquem o impacto sobre o consumidor final. A avaliação é de Guilherme Dietze, economista e Presidente do Conselho de Turismo da entidade, que alerta para as consequências negativas da decisão para o setor de Turismo e para a economia como um todo.
“O aumento do imposto encarece as transações em moeda estrangeira e gera incertezas no mercado, o que contribui para a volatilidade cambial. Isso pressiona ainda mais o custo da viagem internacional, principalmente em um momento em que o dólar já se encontra em alta”, afirma Dietze.
Embora o impacto atinja diferentes perfis de viajantes, o economista explica que a medida recai sobretudo sobre quem realiza pagamentos no exterior, como estudantes, turistas e pessoas em tratamento médico fora do País.
“Boa parte da viagem é adquirida e parcelada em reais. Mas o gasto no destino, seja em espécie, cartão pré-pago ou de crédito, fica mais caro. É um peso adicional no orçamento, ainda que nem sempre seja um fator de desistência”, considera.
Dietze também discorda da ideia de que o aumento do IOF possa favorecer o turismo doméstico. “Essa é uma leitura equivocada. A decisão de viajar ao exterior costuma envolver motivações específicas, como compromissos pessoais ou sonhos de longa data. O que essa medida faz é penalizar o consumidor, sem garantir nenhum benefício direto para o Turismo nacional”, pontua.
Para ele, o maior fator de inibição continua sendo a oscilação do câmbio. “O que realmente pesa é a imprevisibilidade. O consumidor não sabe se o dólar estará R$ 5,30 ou R$ 5,70, o que dificulta o planejamento financeiro. Esse tipo de instabilidade é mais relevante do que o IOF na tomada de decisão”, avalia.
O assessor econômico também chama atenção para o impacto indireto sobre operadoras e agências que intermediam serviços no exterior. “Mesmo que o pagamento seja feito em reais, há custos atrelados à conversão e à aquisição de serviços fora do país. Esses custos serão reajustados e, inevitavelmente, repassados ao cliente final”, considera.
Apesar da medida já estar em vigor, Dietze acredita que o tema ainda deve gerar debate político e técnico. “Há uma reação negativa por parte do mercado e movimentações no Congresso para tentar reverter ou amenizar o aumento. A questão não está encerrada”, lembra.