O transporte aéreo brasileiro movimentou 118 milhões de passageiros em 2024 e 1,3 milhão de toneladas de carga, segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). A atividade gerou mais de R$ 107 bilhões em impacto no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos e quase R$ 40 bilhões em tributos arrecadados. Só no segmento doméstico, foram 93 milhões de passageiros — 2% a mais que em 2023, mas ainda abaixo dos 95 milhões registrados em 2019, antes da pandemia. A expectativa é que esse número seja superado até o fim de 2025.
No mercado internacional, o setor transportou 25 milhões de passageiros em 2024, número recorde da série histórica e 18% acima do volume de 2023. A projeção da entidade é manter o crescimento em 2025. O Estado de São Paulo concentrou 64% desse total, com 16,1 milhões de embarques e desembarques internacionais — 10% a mais que no ano anterior. Segundo dados preliminares, os quatro primeiros meses de 2025 já indicam crescimento de 6,7% no volume de passageiros internacionais movimentados no estado.
“São Paulo representa 34% da aviação comercial brasileira e responde pelo maior número de empregos no setor, com 409 mil postos de trabalho”, afirma Renato Rabelo, gerente de Relações Institucionais da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), durante o 9º Expo Fórum Visite São Paulo, realizado nesta sexta-feira (30) no WTC Events Center, na capital paulista. Ele destacou que a reentrada da Avianca na associação fortalece institucionalmente a entidade, que passa a representar novamente todas as grandes companhias aéreas do país.
Desafios
Apesar dos resultados positivos, Rabelo alertou para os desafios enfrentados pelo setor. O índice de 0,5 voo por habitante no Brasil está abaixo de países como Colômbia (0,73) e Chile (1,1), o que demonstra o potencial de crescimento da aviação nacional. Entre os principais entraves, ele citou o custo operacional, especialmente o combustível (que representa cerca de 40% dos custos do setor) e o leasing de aeronaves — ambos dolarizados.
“A valorização do dólar desde a fundação da Abear, em 2012, foi de 216%. Isso afeta diretamente os custos das companhias, que têm receita em real”, afirma. Rabelo elogiou ações do Governo de São Paulo, como a redução do ICMS sobre o querosene de aviação (QAV), que permitiram a criação de 1,2 mil novas decolagens no estado em 2024, além da ampliação da conectividade regional.
Entretanto, ele também fez críticas à Reforma Tributária aprovada pelo Congresso, que segundo a entidade poderá triplicar a carga tributária sobre o setor. Também alertou para o impacto do aumento escalonado do imposto sobre leasing de aeronaves, que poderá atingir 15% em 2027, além do novo decreto do IOF, que deve gerar um custo anual adicional de R$ 600 milhões.
“Outro gargalo é a judicialização. Um único grupo aéreo registra 98,5% dos seus processos cíveis no Brasil, o que mostra um descompasso do sistema regulatório com a realidade do setor”, complementa. Rabelo também ressalta a importância de políticas públicas que incentivem o uso de combustível sustentável de aviação e a transição energética, além de mecanismos de financiamento para recuperação das companhias pós-pandemia.
“As aéreas brasileiras ainda enfrentam um prejuízo acumulado de mais de R$ 40 bilhões desde 2020. Somos um setor resiliente, mas precisamos de apoio para garantir sustentabilidade e crescimento”, finaliza.