Gramado (RS) – Durante o Connection Terroirs do Brasil, realizado em Gramado (RS), Gustavo Alvarado, diretor do Instituto Costarricense de Turismo (ICT) compartilhou com o público a experiência do país na construção de um modelo turístico baseado em decisões políticas consistentes e integradas à sustentabilidade, inovação e inclusão. A apresentação destacou como a Costa Rica se consolidou internacionalmente como um dos principais destinos de turismo responsável no mundo, sem abrir mão da valorização das comunidades e da preservação ambiental.
De acordo com Alvarado, o modelo turístico costarriquenho é resultado de uma visão de Estado construída ao longo de décadas. Desde 1948, o país aboliu o exército e direcionou seus investimentos para educação, saúde e proteção dos recursos naturais. Essas decisões impactaram diretamente o desenvolvimento do turismo, tornando o setor uma ferramenta de transformação social e econômica. “Queremos um turista que se envolva, que respeite, que participe da sociedade e que nos ajude a melhorar o destino”, afirmou.

Hoje, mais da metade da população costarriquenha — que soma cerca de cinco milhões — é equivalente ao número de turistas recebidos anualmente. Segundo o representante, o país optou por atrair visitantes que compartilhem princípios como o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente. O foco está em experiências autênticas em meio à natureza, com preferência por pequenas e médias empresas, que representam cerca de 90% do setor turístico local. “Definimos quem era o turista que gostaríamos de receber e chegamos ao perfil do aventureiro e alternativo”, pontuou Alvarado.
O modelo também avança no desenvolvimento de infraestrutura sustentável. O centro de convenções da Costa Rica, por exemplo, é administrado por uma empresa privada, mas pertencente ao governo, e funciona com metas ambientais rigorosas: neutralização de emissões, uso de energia limpa, reaproveitamento de água e gestão de resíduos. Nenhum alimento é desperdiçado, sendo redirecionado para causas sociais.
Outra inovação é o Índice de Progresso Social, que mede o impacto do turismo nas comunidades além dos dados tradicionais, como número de visitantes e ticket médio. O indicador analisa questões como saneamento, habitação, educação e inclusão social, reforçando o compromisso com uma política pública que prioriza o bem-estar das pessoas. Atualmente, o gasto médio por turista foi de US$ 1.892, com uma permanência de 12,9 noites no país, um impacto direto de 6,6% no PIB.
Para o futuro, o objetivo é fortalecer o turismo regenerativo, que vai além da sustentabilidade e busca revitalizar economias locais, restaurar habitats naturais e promover oportunidades para todos. “Não se trata apenas de manter recursos, mas de transformar realidades por meio de políticas inclusivas e ações concretas”, concluiu.