O turismo de observação de baleias ganha força no Litoral Norte de São Paulo e transforma a baixa temporada em alta oportunidade econômica para Ilhabela e São Sebastião. De acordo com o Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET), a atividade deve movimentar R$ 138 milhões em 2025, atraindo cerca de 120 mil turistas durante o inverno.
Entre abril e outubro, as baleias-jubarte migram da Antártida para o Brasil, oferecendo condições ideais para os avistamentos. Em 2024, 561 indivíduos foram registrados nas águas da região, número expressivo se comparado aos 20 avistados em 2016, segundo o Projeto Baleia à Vista. A crescente presença dos cetáceos já impacta diretamente a ocupação hoteleira, que ultrapassou 80% no mês de julho, e aquece setores como o comércio e os serviços turísticos.
“É uma ruptura definitiva com a sazonalidade, uma experiência inesquecível que tem conquistado visitantes do nosso estado, do país e do exterior, além de gerar empregos e acionar toda a cadeia do turismo”, afirma Roberto de Lucena, secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Setur-SP).
Os passeios de observação marítima, com saídas mais longas e direcionadas a um público que valoriza experiências de natureza, já superam financeiramente as atividades tradicionais do verão. Em 2024, cerca de 12 mil pessoas participaram dos tours, número 63% superior ao ano anterior. A expectativa é de alcançar 13 mil participantes até dezembro. “São saídas mais longas, para um público que investe e valoriza este tipo de experiência”, afirma Gustavo Benedito, que coordena grupos de avistamento de baleias.
Além das jubartes, os visitantes também podem avistar baleias-franca, baleias-de-bryde, golfinhos, tartarugas e aves marinhas. O calendário de eventos colabora com o fluxo, com destaque para o Festival da Tainha (11 a 13 de julho) e a Semana Internacional de Vela (19 a 26 de julho), em Ilhabela, e o Festival do Camarão (3 a 6 de julho), Festival Sertanejo (14 e 15 de julho) e Arraiá do Tio Maneco (18 a 26 de julho), em São Sebastião.
A atividade também cumpre papel relevante para a conservação. As caudas das jubartes, únicas para cada animal, são fotografadas e registradas na plataforma internacional Happywhale, permitindo o monitoramento em diferentes oceanos.
Em paralelo, as prefeituras promovem oficinas de capacitação e campanhas educativas, assegurando a realização de um turismo responsável e sustentável, que valoriza a natureza e protege as espécies.