Às vésperas da entrada em vigor das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos contra o Brasil, Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer, revelou ter se reunido recentemente com autoridades do governo norte-americano para tratar do tema. Os encontros envolveram os secretários do Comércio, Howard Lutnick, do Tesouro, Scott Bessent, dos Transportes, Sean Duffy, e o representante comercial Jamieson Greer.
“Virei CTO, Chief Tariff Officer”, brincou Gomes Neto, em entrevista ao Valor Econômico. Ele afirmou manter diálogo frequente com Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que também estaria engajado na tentativa de evitar impactos mais severos à indústria brasileira.
Durante as conversas em Washington, o executivo destacou que, dos três mil postos de trabalho da Embraer no exterior, cerca de 2,5 mil estão nos Estados Unidos. Segundo ele, a atuação da empresa também gera aproximadamente dez mil empregos indiretos por meio de fornecedores locais. Gomes Neto relatou ter ouvido das autoridades que existe “espaço para negociação” e mencionou apoio público de empresas norte-americanas como a American Airlines e a General Electric.
Como forma de reduzir a resistência da Lockheed Martin companhia que mantém parceria com a Embraer no cargueiro militar KC-390, a fabricante brasileira acenou com a possibilidade de montar a aeronave em território americano, caso haja compra por parte do Departamento de Defesa dos EUA.
“Temos planos de investir (nos EUA) nos próximos cinco anos US$ 500 milhões e, se a gente tiver sucesso em vender o KC-390, serão outros US$ 500 milhões em uma outra fábrica que pode gerar dois mil novos empregos. Então, hoje, geramos 12,5 mil empregos totais. E, até 2030, podemos gerar mais 500 diretos sem o KC e mais 5 mil de fornecedores. Com o KC seriam mais 2 mil diretos, fora os indiretos”, afirma o executivo.
Apesar das incertezas frente as tarifas, Gomes Neto disse ainda acreditar que 2025 pode ser o melhor ano da história da Embraer.
