Uma falha técnica no sistema de controle de tráfego aéreo do Reino Unido causou o cancelamento de mais de 150 voos na quarta-feira (30), além de atrasos e desvios em diversos aeroportos do país. A interrupção, que durou cerca de 20 minutos, afetou operações em aeroportos como Heathrow, Gatwick e Stansted, com impactos que podem se estender por vários dias.
Segundo o Serviço Nacional de Tráfego Aéreo do Reino Unido (NATS), a falha ocorreu no centro de controle de Swanwick, no sudoeste de Londres, e foi relacionada ao sistema de radar. Durante o período, foi necessário reduzir o número de aeronaves em operação por motivos de segurança. A normalização começou logo após a solução do problema pelos engenheiros da agência.
Apesar da rápida correção, as companhias aéreas relataram atrasos na reorganização de aeronaves e tripulações. O secretário de Transportes do Reino Unido, Heidi Alexander, afirmou que “ainda são esperadas interrupções” e orientou os passageiros a consultarem diretamente os aeroportos.
Aeroportos como Heathrow informaram que, na manhã seguinte ao incidente, ao menos dez voos foram cancelados. O aeroporto de Stansted relatou “diversas partidas e chegadas afetadas”, enquanto Gatwick indicou impacto principalmente nos voos de saída.
Repercussão no setor aéreo
A companhia aérea Ryanair pediu a renúncia de Martin Rolfe, CEO do NATS, alegando falhas recorrentes desde 2023. “É revoltante que os passageiros enfrentem novamente atrasos e cancelamentos por conta de falhas no controle de tráfego aéreo. Está claro que nenhuma lição foi aprendida desde o colapso anterior do sistema da NATS”, declarou Neal McMahon, diretor de operações da companhia.
David Morgan, diretor de operações da easyJet, classificou o incidente como “extremamente decepcionante” e afirmou que a empresa buscará esclarecimentos do NATS sobre medidas para evitar novas falhas.
Impacto nos passageiros
Além dos cancelamentos, passageiros relataram falta de comunicação. John Carr, que viajava para o casamento do irmão na Noruega, teve seu voo cancelado enquanto jantava no aeroporto de Heathrow. “Estou muito frustrado. Não houve aviso prévio do aeroporto ou da companhia aérea. É uma situação sem alternativas”, afirmou.
Direitos dos passageiros
De acordo com Alicia Hempsted, especialista em seguros de viagem da MoneySuperMarket, o direito a reembolso ou compensação depende das causas da interrupção e da apólice contratada. “Em geral, os passageiros só têm direito a compensação se o atraso for superior a três horas e de responsabilidade da companhia aérea. Isso não se aplica a falhas técnicas imprevistas ou causas externas, como clima adverso ou riscos à segurança”, explica.
Nesse tipo de situação, a recomendação é acionar o seguro viagem. Algumas apólices incluem cobertura para interrupções, mas as condições variam de acordo com o contrato. “É importante guardar todos os comprovantes de gastos, pois eles poderão ser exigidos no momento da solicitação de reembolso”, completa Hempsted.
Embora o episódio tenha ocorrido no Reino Unido, as companhias aéreas que operam entre Brasil e Europa, bem como viajantes brasileiros com conexões no país, podem ser impactados pelos desdobramentos nos próximos dias.