São Paulo (SP) – Dando seguimento às palestras na 10ª edição da Revenue Optimization Conference (Roc), que acontece no Blue Tree Transatlântico, em São Paulo, ocorreu o painel “Vision from the Top – Precificação Estratégica em um Brasil Instável”, com a presença de Orlando Souza, presidente do FOHB, Eduardo Malheiros, CEO do Grupo Wish, e Márcio Lacerda, diretor-geral da Hotelaria Brasil. A mediação foi de Gabriela Otto, presidente da HSMAI Brasil e Latam.
O debate trouxe uma análise abrangente sobre o cenário atual da hotelaria brasileira em 2025. Os executivos ressaltaram que, mesmo diante de uma taxa de juros em patamar elevado e incertezas econômicas, o mercado hoteleiro segue aquecido e com bons resultados de ocupação e rentabilidade. A preocupação central, no entanto, continua sendo a sustentabilidade financeira dos investimentos, especialmente em um contexto em que o custo de capital e a carga tributária impactam diretamente a viabilidade de novos projetos.
Também foi reforçado que o foco da estratégia comercial deve estar na rentabilidade total do empreendimento, mais do que na simples elevação da diária média. O alinhamento entre vendas, revenue management e marketing, assim como a correta leitura de mercado, é determinante para que investidores e operadores alcancem os retornos esperados. Com o avanço da multipropriedade e da presença de fundos de investimento no setor, cresce também a importância dos asset managers, que se consolidam como intermediários fundamentais entre proprietários e operações.
Outro ponto destacado foi a complexidade da precificação na hotelaria, que exige acompanhamento diário de concorrência, demanda, eventos e sazonalidade. A inteligência artificial aparece como ferramenta estratégica para otimizar processos, consolidar dados e apoiar decisões comerciais, permitindo reações mais ágeis a variações de mercado.
Segundo os executivos, sistemas integrados e análises em tempo real podem transformar a forma como hotéis ajustam tarifas, avaliam riscos e exploram oportunidades de receita.
Apesar do otimismo moderado, o painel reconheceu que o futuro próximo exige cautela, principalmente diante da reforma tributária, das oscilações econômicas e de possíveis impactos sobre o consumo e o crédito. Ainda assim, a hotelaria brasileira demonstra resiliência, apoiada na criatividade de seus gestores, na integração de times comerciais e na adoção de tecnologia para decisões mais estratégicas.