Com a alta temporada do turismo em curso, 63% dos hotéis europeus projetam crescimento nos próximos 12 meses. No entanto, a escassez de profissionais qualificados permanece como um dos principais entraves para o setor de hospedagem da Europa. Os dados são da quinta edição do European Accommodation Barometer, elaborado pela Booking.com em parceria com a Statista, com base em entrevistas com cerca de 1,2 mil executivos e gestores do setor hoteleiro no continente.
Quase metade dos hotéis (47%) relata dificuldades para contratar e reter profissionais com as competências ou experiências adequadas. Embora a maioria das vagas esteja concentrada em funções de baixa qualificação e caráter sazonal — como camareira, recepção e serviços de alimentos e bebidas —, as posições gerenciais, incluindo cargos como gerente geral e marketing, continuam sendo as mais difíceis de preencher. Para cada hotel que afirmou contratar gestores com facilidade, outros dez relataram dificuldades.
A expectativa média de contratação para os próximos 12 meses entre hotéis independentes é de 2,72 funcionários, enquanto redes hoteleiras planejam contratar cerca de 5,85 pessoas no mesmo período. O número varia bastante entre os países. Grécia e Espanha lideram a intenção de novas contratações, com médias de 8,8 e 8,3 colaboradores por estabelecimento, respectivamente. Já Alemanha e Áustria são mais conservadoras, com previsões de 1,6 e 2,4 novas contratações.
“O tamanho da operação e o nível de sofisticação do hotel influenciam diretamente nas necessidades de contratação para os próximos 12 meses”, destaca o relatório.
Funções operacionais de baixa qualificação, como camareira, estão entre as mais disponíveis no mercado de trabalho, com índice de facilidade de preenchimento de 0,6 (quanto menor o número, maior a facilidade). Em contraste, cargos de gestão têm um índice de dificuldade de 9,6, um dos mais altos da pesquisa.
A pesquisa aponta ainda que pequenas e médias hospedagens enfrentam maior dificuldade para lidar com o chamado skills gap, a defasagem entre habilidades exigidas e disponíveis. A ausência de programas de treinamento é um dos fatores: 17% dos estabelecimentos independentes afirmam não oferecer nenhum tipo de capacitação, índice que cai para apenas 2% nas redes hoteleiras.
Entre os principais obstáculos para a contratação estão as altas expectativas salariais e a dificuldade de conciliar vida pessoal e profissional. Essas questões foram apontadas por 70% dos hoteleiros italianos e por 63% dos entrevistados nos países nórdicos. Já a preocupação com a sazonalidade e a estabilidade dos empregos é mais comum na Grécia (58%) e na Croácia (56%).
“Apesar do otimismo, os maiores desafios para os hotéis europeus são o aumento de custos, a contratação de pessoal e a falta de habilidades digitais”, afirma Peter Lochbihler, diretor global de Relações Públicas da Booking.com.