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Kamilla Alves
Kamilla Alves
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Cruzeiros do jeito que o brasileiro gosta

Armadoras conciliam originalidade e tropicalização para conquistar um cruzeirista brasileiro cada vez mais diverso

Já tem alguns anos que os cruzeiros deixaram de ser vistos apenas como um refúgio para casais maduros em busca de tranquilidade em alto-mar. A nova geração de viajantes brasileiros tem mostrado interesse crescente pelo universo marítimo, impulsionando uma transformação significativa na forma como as armadoras operam, comunicam e personalizam suas experiências. Atualmente, o cruzeiro é um produto plural, que dialoga com famílias multigeracionais, grupos de amigos, passageiros solo e perfis de alta renda que priorizam exclusividade e bem-estar.

Esse movimento de renovação é acompanhado de uma necessidade estratégica: respeitar a identidade global das companhias e, ao mesmo tempo, se conectar genuinamente com o público local. No Brasil, onde o idioma, os hábitos culturais e as preferências gastronômicas são únicos, a tropicalização se tornou uma ferramenta indispensável, não como concessão, mas como forma de fortalecer o vínculo com o consumidor e ampliar a relevância da marca no mercado.

O avanço da personalização também responde à maturidade crescente do viajante nacional. De acordo com dados da Clia Brasil, o cruzeirista brasileiro tem ampliado seus horizontes: começa por roteiros curtos, migra para itinerários internacionais e, em muitos casos, passa a buscar experiências mais sofisticadas e culturais, como as oferecidas por cruzeiros fluviais ou de expedição. Essa jornada, cada vez mais frequente, exige uma oferta diversificada, mas coesa, que respeite os pilares de cada armadora.

Neste cenário, o papel dos representantes locais e das operadoras especializadas também ganha destaque. São essas empresas que traduzem o DNA das marcas internacionais para o idioma, o gosto e o perfil do consumidor latino, sem abrir mão da essência do produto original. O Brasilturis desenvolveu um panorama das principais armadoras e representantes presentes no mercado brasileiro, revelando como cada uma preserva sua identidade enquanto se adapta ao público local. Confira!

Um passageiro em transformação

Se antes os cruzeiros eram vistos como um produto majoritariamente voltado a casais maduros, hoje o cenário a bordo é outro. De acordo com Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil, há uma nítida ampliação do perfil de cruzeiristas brasileiros. 

“Estamos vendo cada vez mais famílias multigeracionais embarcando juntas. É comum vermos grupos com três ou quatro gerações distribuídas em dezenas de cabines, aproveitando estruturas que oferecem entretenimento e serviços para todas as idades”, afirma.

A mudança no perfil também se reflete na diversificação dos produtos disponíveis. O passageiro solo, por exemplo, já é uma realidade reconhecida pelas armadoras, que têm redesenhado navios com áreas específicas e cabines menores para este público. Segundo Ferraz, não há uma faixa etária predominante entre os viajantes. “Temos uma distribuição bem equilibrada entre todas as gerações. Isso impacta diretamente na experiência a bordo e amplia o alcance do cruzeirismo”, completa.

Essa amplitude de perfis vem exigindo um novo olhar do canal de vendas, especialmente dos agentes de viagens, principal elo entre produto e consumidor. A Clia tem reforçado a capacitação desses profissionais, com treinamentos e ações conjuntas com entidades como a Abav. 

“É fundamental que o agente saiba identificar o perfil do cliente e alinhar isso com o tipo de navio mais adequado. Existem navios contemporâneos, com grandes estruturas de lazer, e outros premium ou de luxo, com foco em experiências mais exclusivas. Cada um atende a uma demanda diferente”, diz.

Ao mesmo tempo, a Clia observa que a diversidade de propostas (dos navios contemporâneos aos de luxo, passando por fluviais, expedições e cruzeiros temáticos) tem sido essencial para formar novos adeptos. “Na última temporada tivemos 16 fretamentos temáticos, que atraíram cerca de 80 mil passageiros, muitos deles em sua primeira viagem. Entram pelo artista, se encantam com o navio e voltam em roteiros mais longos ou internacionais”, pontua Ferraz.

A variedade de experiências, combinada ao custo-benefício do produto — que reúne hospedagem, transporte, gastronomia e entretenimento em um só pacote — tem contribuído para a fidelização de um novo perfil de consumidor. Segundo Ferraz, a pessoa conhece Búzios num cruzeiro e depois volta para passar mais tempo em terra. “É uma porta de entrada para outros destinos e para a valorização do turismo interno”, exemplifica o executivo.

Ferraz também chama atenção para um movimento crescente de passageiros que, após começarem com mini cruzeiros, avançam para roteiros internacionais. “Eles começam em viagens curtas, depois passam por itinerários de sete noites, seguem para o Caribe, e logo estão embarcando em cruzeiros europeus ou voltas ao mundo. O cruzeiro funciona como uma iniciação à viagem internacional para muitos brasileiros”, diz.

Para que essa demanda se mantenha em crescimento, a personalização da oferta é fundamental. Ainda que os navios sigam padrões globais, Ferraz destaca que há um esforço das companhias em adaptar serviços ao gosto nacional. 

“Os cardápios são ajustados, as bebidas preferidas dos brasileiros são incluídas, há tripulantes que falam português e itens como arroz, feijão e caipirinha são parte do dia a dia a bordo”, diz. A ambientação, segundo ele, é pensada para que o passageiro se sinta confortável e bem-recebido, mesmo em embarcações estrangeiras.

Temporada 2024/2025 reforça papel estratégico dos cruzeiros

Encerrada no fim de abril, a temporada 2024/25 contou com nove navios dedicados à América do Sul, totalizando mais de 200 roteiros e cerca de 862 mil leitos ofertados, patamar próximo ao registrado na temporada anterior. Segundo projeções da Clia Brasil, os resultados consolidados, a serem divulgados em setembro, devem manter ou superar os impactos econômicos anteriores, que chegaram a R$ 5,2 bilhões e 80 mil empregos.

Os navios passaram por 18 destinos em rotas que incluíram portos como Santos, Salvador, Rio de Janeiro, Maceió e Itajaí, além de escalas em cidades litorâneas brasileiras e capitais da Argentina e Uruguai. Um estudo da Fundação Getulio Vargas revelou que cada cruzeirista movimenta, em média, R$ 668,91 em destinos de escala e R$ 877,01 em locais de embarque e desembarque, o que reforça o papel da atividade no fomento ao turismo local.

Com mais de 30 navios internacionais visitando o país, o Brasil também consolidou sua presença como destino de cruzeiros de longo curso. “Foi uma temporada importante para a nossa indústria e para os destinos. Mas, para crescer, o Brasil precisa avançar em competitividade”, avalia Ferraz. 

Ainda segundo ele, temas como redução de custos operacionais, modernização de portos e regulação mais favorável ainda são desafios. “Queremos competir em igualdade com destinos como Caribe e Europa. Potencial e demanda existem, mas precisamos melhorar as condições para receber mais navios e expandir nossa atuação para todo o ano”, finaliza.

“Temos 420 milhões de habitantes na América do Sul e apenas 1 milhão de cruzeiristas. A penetração no Brasil está em torno de 0,3%, enquanto nos Estados Unidos passa dos 3% e, na Austrália, chega a 6%. Isso mostra o quanto ainda temos a crescer”, completa.

Cada companhia, uma identidade

Para entender como essa adaptação é conduzida na prática, sem perder de vista os pilares que tornam cada marca única, o Brasilturis conversou com executivos das principais armadoras e representantes que atuam no Brasil. O resultado a seguir é um guia completo com as estratégias que transformam o DNA global de cada companhia em experiências memoráveis para o passageiro brasileiro e latino.

COSTA CRUZEIROS

Com uma proposta centrada no conceito de Italianità, a Costa Cruzeiros vem consolidando sua identidade no Brasil ao oferecer uma experiência que celebra a essência do estilo de vida italiano. Segundo Ruy Ribeiro, diretor comercial da companhia no Brasil, essa identidade vai além da nacionalidade. 

“Mais do que uma simples nacionalidade, a Italianità é uma celebração da alegria, da beleza, do sabor e da hospitalidade que a Itália oferece ao mundo. É essa essência que buscamos traduzir em cada detalhe da experiência a bordo”, explica o executivo.

Nos navios da companhia, o conceito se reflete na gastronomia com inspiração italiana, com massas frescas, pizzas autênticas e ingredientes selecionados, bem como no design elegante dos ambientes e na hospitalidade calorosa da tripulação. “Nossos colaboradores são treinados para oferecer um serviço atencioso, que faz com que cada hóspede se sinta parte da nossa grande família Costa”, afirma Ribeiro. 

A Italianità se manifesta de forma consistente, independentemente do mercado. Elementos como gastronomia, entretenimento, design e hospitalidade são inegociáveis. Mesmo assim, a companhia reconhece a importância de se adaptar a cada público. Para o mercado brasileiro, a Costa realiza ajustes estratégicos, especialmente em aspectos como cardápio, horários de refeições e programação de entretenimento.

“Na gastronomia, mantemos a excelência italiana, mas adaptamos nossos buffets com pratos como arroz, feijão e carnes mais comuns no dia a dia do brasileiro”, detalha Ribeiro. Entre as iniciativas locais, destaca-se o projeto “Navio Mais Divertido da Temporada”, que reúne festas temáticas com ritmos latinos, gincanas e experiências interativas pensadas especialmente para o gosto dos viajantes da América do Sul. 

Questionado sobre os limites da tropicalização sem descaracterizar a proposta original, o executivo é categórico: “A chave está em adicionar camadas de familiaridade e conveniência sem comprometer os pilares que nos definem. A tropicalização para nós é um enriquecimento da experiência, não uma diluição”. Isso inclui oferecer mais colaboradores que falam português, introduzir artistas e festas alinhados à cultura brasileira e, ao mesmo tempo, preservar as tradições italianas, como jantares temáticos, shows com repertório europeu e experiências gastronômicas assinadas por chefs italianos. 

O público da companhia também vem se transformando. Embora o perfil médio do cruzeirista da marca ainda seja composto por casais ou famílias com cerca de 40 anos, há um aumento constante de millennials a bordo, além de maior diversidade de perfis, que vai dos grupos de amigos aos casais maduros e famílias multigeracionais.

Com um portfólio que equilibra tradição e modernidade, a Costa reforça seu diferencial no mercado ao oferecer uma experiência autêntica e acolhedora. “Queremos que o hóspede sinta o calor da Itália mesmo navegando em águas brasileiras. E isso só é possível mantendo viva a nossa essência, mas com abertura para o que o público local valoriza”, conclui o executivo. 

MSC CRUZEIROS

A MSC Cruzeiros vem construindo ao longo das últimas décadas uma identidade sólida no Brasil, marcada pela união entre a elegância mediterrânea e a hospitalidade acolhedora que se reflete a bordo. Segundo Eduardo Simões, diretor de Marketing da companhia no Brasil, o DNA da MSC está “profundamente enraizado no estilo de vida mediterrâneo, que valoriza a convivência, a cultura, a gastronomia e a hospitalidade calorosa”.

Essa filosofia se materializa em navios que equilibram sofisticação e informalidade, oferecendo uma gama de serviços voltados a todos os perfis de viajantes. “Nosso principal propósito é oferecer férias completas para todos os tipos de hóspedes, com conforto, lazer, entretenimento e descoberta”, afirma Simões. 

O profissional ressalta que a MSC é, atualmente, a maior companhia de cruzeiros familiar do mundo, com mais de 300 anos de herança marítima. Independentemente do destino, a empresa faz questão de manter alguns pilares em toda a frota. A qualidade no atendimento, segundo o porta-voz, é o principal deles. 

“Garantimos que cada hóspede receba atenção dedicada e um atendimento acolhedor, não importa onde esteja viajando”, pontua. Outros elementos que permanecem inalterados incluem a gastronomia internacional de alto padrão, o entretenimento ao vivo para todas as idades e o foco no bem-estar, com spas, piscinas e solários que promovem momentos de relaxamento e diversão.

A MSC também se destaca por sua política voltada para famílias. Por isso, os navios contam com espaços e programações dedicados às crianças e adolescentes, incluindo clubes infantis, áreas recreativas e atividades com monitores especializados. “Queremos garantir que cada membro da família tenha uma experiência personalizada e inesquecível”, complementa o executivo. 

Durante a temporada de cruzeiros no Brasil, a companhia realiza uma série de ajustes para melhor atender às preferências locais. Na gastronomia, cerca de 20% do cardápio dos restaurantes e buffets é dedicado a pratos típicos brasileiros, como feijoada, pão de queijo e estrogonofe, além de um café da manhã com mais opções salgadas. Festas temáticas, como o Carnaval, e apresentações musicais com MPB, samba e DJs brasileiros também entram na programação dos cruzeiros regionais.

“O português é um dos idiomas oficiais a bordo não apenas nos cruzeiros pela América do Sul, mas também em viagens por outras regiões”, destaca Simões, reforçando o compromisso da companhia com a acessibilidade e a hospitalidade voltada ao público nacional. Sobre o equilíbrio entre padronização global e tropicalização, a MSC adota uma abordagem flexível, sem abrir mão da identidade.

“Tropicalizar é, na verdade, viver a essência da MSC de um jeito ainda mais próximo das pessoas”, diz o executivo. Para ele, respeitar as preferências locais e incorporar elementos da cultura brasileira é uma forma de fortalecer a experiência a bordo e torná-la ainda mais relevante para o hóspede. 

Vale ressaltar que a MSC está ampliando sua oferta e investindo na fidelização do público nacional, reforçando a importância estratégica do Brasil no planejamento global da companhia. “Essa combinação entre sofisticação, acolhimento e capacidade de nos conectar com públicos tão diversos é o que torna a experiência MSC única, memorável e apaixonante em qualquer lugar do mundo”, conclui.

EXPLORA JOURNEYS 

O mesmo princípio de preservação da identidade com respeito às preferências locais tem norteado a atuação da Explora Journeys. Lançada como marca de cruzeiros de luxo do Grupo MSC, a Explora Journeys se consolida com uma proposta que se afasta da tradicional ideia de navegação de massa. Em vez disso, investe em experiências íntimas, com foco no bem-estar e no conceito exclusivo de “Ocean State of Mind”, filosofia que se traduz em elegância, personalização e conexão genuína com o oceano.

“O ‘Ocean State of Mind’ combina sofisticação europeia, bem-estar profundo e uma conexão autêntica com o mar”, explica Flávio Corrêa, Business Relationship Lead da Explora Journeys no Brasil. Segundo ele, o conceito se manifesta em diversas camadas da jornada a bordo: desde o design contemporâneo e acolhedor até os roteiros mais longos, com pernoites em portos menos explorados.

A marca preserva uma identidade consistente independentemente do destino, mantendo curadoria gastronômica internacional, design refinado, hospitalidade intuitiva e proposta de bem-estar holístico. “Nosso compromisso é com a excelência em todos os detalhes. Recebemos casais, famílias, grupos multigeracionais e viajantes solo com a mesma atenção e dedicação”, destaca Corrêa.

Apesar de não abrir mão do seu DNA sofisticado e europeu, a marca tem promovido pequenas adaptações para se aproximar do público brasileiro. Entre os ajustes, está a presença de hosts que falam português e opções gastronômicas como açaí nas estações do Emporium Marketplace. “Tudo isso é feito com muito cuidado para manter a essência e o posicionamento global da marca”, reforça.

Na Explora, tropicalizar não significa perder a identidade, mas sim personalizar a experiência de forma elegante. “A Explora Journeys acredita que a personalização também é luxo. Adaptar preferências culturais é um gesto de atenção, não uma ruptura. Nosso objetivo é oferecer uma experiência memorável sem comprometer os pilares da marca”, afirma Corrêa.

A estratégia da marca no Brasil busca atrair um perfil de passageiro exigente, interessado em autenticidade e transformação. “Queremos despertar uma nova sensação em viajantes que buscam um novo conceito de viagens marítimas: mais intimista, com foco em bem-estar e experiências culturais significativas”, diz o executivo. A bordo, são 640 hosts para atender a pouco mais de 900 passageiros, o que reforça o caráter personalizado e exclusivo da operação.

Com roteiros mais imersivos, atenção ao detalhe e uma abordagem voltada à desaceleração, a Explora Journeys propõe um novo olhar sobre o luxo no mar, onde cada travessia é uma jornada sensorial e reflexiva.

NORWEGIAN CRUISE LINE

Esse movimento de valorização da experiência também tem refletido na atuação da Norwegian Cruise Line (NCL) e nas demais marcas do grupo, que registram aumento do interesse por cruzeiros mais longos e com propostas de alto padrão. A tendência acompanha o crescimento do público de luxo e ultraluxo no Brasil, impulsionado, entre outros fatores, pela entrada de redes hoteleiras renomadas no setor marítimo, o que ampliou a percepção sobre o cruzeiro como uma alternativa sofisticada de viagem.

Na NCL, a resposta a essa demanda se materializa em espaços como o The Haven, uma área de luxo presente nos navios mais modernos da companhia, com suítes amplas, restaurante privativo, piscina exclusiva, serviços de mordomo e concierge, além de embarque prioritário. 

O espaço ocupa até oito andares e atrai famílias de alto padrão, inclusive com adolescentes, graças à combinação entre infraestrutura completa e liberdade de escolha. “A ideia é que todos encontrem algo feito especialmente para eles. Acredito que esse é um dos segredos do sucesso do nosso produto”, assimila Estela Farina, diretora da companhia no Brasil.

Com quase seis décadas de história, a companhia também sustenta sua identidade em um conceito disruptivo: a liberdade de escolha. A armadora foi uma das primeiras a romper com as formalidades tradicionais da hotelaria marítima ao propor o chamado “cruzeiro no seu ritmo”, mantendo desde então esse pilar como essência da marca, independentemente do destino, do navio ou do perfil de passageiro.

A consistência dessa proposta se mantém em todas as embarcações, com programas como o “More At Sea”, que inclui open bar com bebidas premium, crédito para restaurantes de especialidades, excursões em terra e Wi-Fi de alta velocidade. 

O entretenimento é outro destaque, com espetáculos de padrão Broadway. “O serviço informal, mas sempre de altíssimo nível, é parte essencial da nossa hospitalidade”, explica Estela. Com variedade gastronômica e atendimento personalizado, a NCL também tem se aproximado do público brasileiro com ações como parcelamento no pagamento e suporte em português.

As demais marcas do grupo também se destacam nesse segmento. A Oceania Cruises, voltada ao público de luxo, tem conquistado viajantes mais experientes, que buscam experiências intimistas e diferenciadas. Com navios de menor capacidade e roteiros mais longos, a marca aposta no conceito de “luxo por escolha”, no qual o hóspede define os serviços que deseja incluir, como bebidas premium, excursões em terra ou benefícios adicionais. A gastronomia, por sua vez, é um dos pilares centrais, com pratos cuidadosamente elaborados que muitas vezes se tornam a principal lembrança da viagem.

No ultraluxo, a Regent Seven Seas representa o mais alto padrão da hospitalidade marítima do grupo. Todos os navios operam no regime all inclusive e são compostos exclusivamente por suítes com varanda, banheiros de mármore, walk-in closets e experiências gastronômicas sofisticadas. A marca também oferece uma ampla gama de excursões em terra já incluídas no pacote, além de propostas diferenciadas como o programa Go Local, que promove encontros autênticos com moradores das regiões visitadas. 

A expectativa em torno do novo navio da frota, o Seven Seas Prestige, com estreia prevista para novembro de 2026, reforça esse posicionamento. Entre os destaques está a Regent Suite Sky View, que ocupará dois andares com mais de 800 metros quadrados. 

“A varanda tem teto envidraçado para proporcionar uma visão privilegiada do céu, tanto de dia quanto à noite. É uma proposta muito especial, e vamos divulgar mais detalhes em breve, inclusive com material audiovisual exclusivo”, adiantou Farina.

Para a companhia, o segredo está em oferecer alternativas que combinem personalização, conforto e proposta de valor clara para cada perfil de hóspede. Ao integrar luxo, liberdade e hospitalidade acolhedora, o grupo amplia seu alcance junto ao público brasileiro e reforça sua presença em um mercado cada vez mais atento às experiências transformadoras em alto-mar.

DISNEY CRUISE LINE

Unir sofisticação à criação de vínculos afetivos e memoráveis também orienta a estratégia da Disney Cruise Line, que tem fortalecido sua presença no mercado latino com base no afeto geracional despertado por seus personagens. 

“Na América Latina, todos nós crescemos com a Disney. Os personagens, os filmes e a música fazem parte da nossa formação emocional. Quando embarcamos em um cruzeiro Disney, essa memória vira experiência real, viva e compartilhável”, afirma Jonathan Frontado, diretor de Relações Públicas da Disney Cruise Line.

Com forte apelo multigeracional, os navios da companhia são projetados para atender desde famílias com crianças pequenas até casais, grupos de amigos e viajantes solo. “O conceito de família é plural. Pode ser mãe e filhos, um casal em lua de mel ou amigos que viajam juntos. O importante é que todos encontrem a sua forma de viver a magia a bordo”, reforça Frontado.

Com dois lançamentos marcantes previstos para este ano (o Disney Destiny e o Disney Adventure), a companhia reforça o vínculo afetivo com viajantes latinos. O primeiro, com temática centrada em heróis e vilões da Disney, trará atrações como o show “Disney Hercules” com marionetes gigantes e ambientes inspirados em personagens como Cruella e Loki. Já o Disney Adventure marca a estreia da marca na Ásia, com embarques em Singapura.

Segundo Frontado, o que encanta o público da região vai além da estrutura ou entretenimento. “Entregamos emoção! E quando somamos isso a destinos tropicais e ao conforto de um cruzeiro, temos praticamente três viagens em uma: o navio, os destinos e a Disney.”

Para isso, a companhia investe em campanhas em português, ações de relacionamento com o trade e experiências pensadas para o viajante latino. “Queremos ouvir os parceiros e entender como podemos servir melhor. Isso vale para as agências, para a imprensa e para quem viaja conosco”, finaliza.

PRINCESS CRUISES

Esse olhar cuidadoso para as particularidades de cada mercado também norteia a atuação da Princess Cruises, que aposta na excelência e na sofisticação para conquistar o público brasileiro. Com um posicionamento consolidado no segmento premium-luxo, a companhia oferece uma experiência refinada e globalmente reconhecida, que combina destinos atrativos com alto padrão de atendimento e hospitalidade. 

Segundo Pablo Zabala, diretor e gerente nacional da marca no Brasil, esse é um dos principais diferenciais da armadora. “Nossa proposta de destinos, entretenimento e gastronomia é reconhecida tanto pela crítica especializada quanto pelos passageiros, que escolhem a Princess pelo nível de serviço entregue durante suas férias”, pontua.

Três pilares sustentam essa entrega em toda a frota, independentemente do mercado: utilização de apenas 60% da capacidade dos navios para garantir mais espaço e conforto a bordo; proporção média de um tripulante para cada 2,6 hóspedes; e paradas mais longas nos portos, com diversos roteiros que incluem pernoites, favorecendo a imersão em cada destino visitado. Segundo Zabala, esses elementos são responsáveis pela longevidade da marca, que há mais de seis décadas lidera o segmento.

No Brasil, a companhia tem adaptado aspectos da experiência para estreitar o vínculo com o viajante nacional, sem abrir mão da identidade global. Um dos exemplos é o uso da tecnologia Medallion Class, que reconhece automaticamente o hóspede em todas as áreas do navio, oferecendo conveniência e personalização contínua. A ferramenta é integrada a um aplicativo multilíngue (incluindo o português) que permite ao passageiro gerenciar reservas, acompanhar serviços e acessar informações em tempo real. A companhia também oferece tarifas flexíveis, que alinham benefícios e experiências a diferentes perfis de expectativa.

Para Zabala, a tropicalização não deve comprometer a essência do produto. “Oferecemos uma experiência internacional de alto padrão para que todos os hóspedes se sintam bem-vindos, sem perder a proposta premium-luxo que nos diferencia”, afirma. Essa consistência tem atraído um público brasileiro cada vez mais fiel. “Identificamos, ao longo dos anos, que nossos clientes no Brasil buscam sofisticação, conforto e exclusividade. Esse é o nicho que atendemos, e é nele que queremos continuar crescendo”, conclui.

GRAND AMAZON EXPEDITION

Esse movimento de aproximação com o mercado brasileiro também tem sido essencial para a Iberostar, que vem consolidando a presença do Grand Amazon Expedition como uma das experiências fluviais mais exclusivas do país. Operando durante todo o ano com sistema all inclusive, o cruzeiro percorre trechos dos rios Negro e Solimões em roteiros de três, quatro ou sete noites, combinando sofisticação, imersão na cultura amazônica e responsabilidade ambiental.

Segundo João Abegão, diretor comercial e de Vendas das Américas e do Grand Amazon Expedition, a identidade da operação se manifesta na proposta de equilíbrio entre conforto e autenticidade. 

“É o maior cruzeiro fluvial da região, com uma proposta que une serviços de alto padrão a uma imersão real na Amazônia”, afirma. Essa proposta se concretiza por meio da gastronomia, com destaque para ingredientes locais como tambaqui, cupuaçu e açaí, bem como na infraestrutura de alto nível com vista para a floresta e expedições diárias conduzidas por guias locais, já incluídas no pacote.

A bordo, os hóspedes têm acesso a trilhas, passeios de lancha e visitas a comunidades ribeirinhas, tornando o cruzeiro não apenas um meio de hospedagem, mas uma experiência transformadora. 

Para o público brasileiro, que representa cerca de 70% da ocupação atual, a Iberostar tem desenvolvido ações promocionais específicas. “Recentemente fizemos uma campanha com operadoras que incluía aéreo, hospedagem em Manaus e facilidades de pagamento. Nosso objetivo é ampliar o acesso e fortalecer a presença da marca no Brasil”, destaca Abegão.

A adaptação da experiência ao gosto nacional, no entanto, não compromete a proposta original. “As expedições guiadas e a gastronomia local são centrais, mas mantemos também opções internacionais e toda a estrutura de conforto. A ideia é preservar a essência, respeitando as preferências de diferentes perfis”, explica o executivo. Para ele, tropicalizar é sinônimo de ampliar a acessibilidade e a conexão cultural, sem perder de vista o propósito da jornada.

O perfil de viajante também vem se diversificando. De acordo com Abegão, o cruzeiro atrai principalmente casais e famílias entre 35 e 65 anos, interessados em ecoturismo, fotografia e cultura local. Há ainda crescimento no público solo, em grupos de amigos e no segmento Mice. “Temos buscado hóspedes que valorizam conforto e vivências únicas na Amazônia. Essa é a forma mais completa e prática de conhecer a região com qualidade e responsabilidade”, conclui.

VELLE REPRESENTAÇÕES

O compromisso com a personalização e o diálogo com o mercado brasileiro também está no centro da atuação da Velle Representações, que funciona como ponte estratégica entre armadoras internacionais e o público local. Com foco na curadoria de marcas de cruzeiros fluviais e oceânicos, a empresa busca representar companhias que, além da excelência em produto, estejam dispostas a dialogar com os viajantes latinos. “Selecionamos marcas que valorizam conforto, segurança, conteúdo e qualidade na entrega”, afirma Ricardo Alves, CEO da Velle.

Entre os destaques do portfólio estão a Emerald Cruises, Scenic, Viva Cruises e AmaWaterways, todas com foco na personalização da experiência e no atendimento de alto padrão. O recém-inaugurado Viva Enjoy, por exemplo, representa bem o conceito de “casual but premium” que vem atraindo os brasileiros interessados em flexibilidade, sofisticação e boa gastronomia.

Para Alves, o que mais surpreende e fideliza o passageiro não está apenas no navio, mas em toda a jornada. “A excelência no atendimento, a qualidade dos guias locais e o cuidado com a experiência completa do passageiro são os atributos mais valorizados”, observa. Algumas companhias, como a Emerald, já investem em formações específicas para guias e experiências exclusivas em terra, como as ações do programa Emerald Plus.

Mesmo com o inglês como idioma oficial predominante, a Velle tem promovido adaptações relevantes para tornar as viagens mais acessíveis ao público brasileiro e latino. “Oferecemos guias locais que falam português ou espanhol em grupos com mais de dez cabines, e algumas companhias já contam com tripulantes que dominam esses idiomas”, destaca o executivo. A AmaWaterways, por exemplo, lançou um programa com aulas ministradas por uma historiadora brasileira, voltado a grupos fechados.

Esse movimento de tropicalização com propósito é reforçado pelo selo EE Velle (Experiências Exclusivas Velle), que reúne saídas temáticas focadas em gastronomia, cultura ou bem-estar, sem descaracterizar o DNA das marcas representadas. “É um produto adaptado, mas autêntico”, afirma Alves. 

O executivo também chama atenção para o potencial do espanhol como idioma intermediário: AmaWaterways, Scenic e agora a Viva Cruises já oferecem saídas com guias e materiais de bordo em espanhol, aproximando o conteúdo do universo dos brasileiros.

Além de manter o foco no trade, a Velle tem investido também no relacionamento com o consumidor final, por meio de eventos e experiências imersivas. “A receptividade tem sido muito positiva. As marcas veem isso com bons olhos, e o passageiro reconhece o valor da experiência diferenciada que oferecemos”, completa.

R11 TRAVEL

Essa combinação entre curadoria, adaptação estratégica e foco no cliente é também a essência da atuação da R11 Travel, uma das principais representantes do setor no Brasil. À frente da operação, Ricardo Amaral destaca que pluralidade e excelência são os pilares da empresa. 

“Representamos marcas que são referência em inovação, hospitalidade e diversidade de experiências. Nosso objetivo é garantir que o consumidor brasileiro tenha acesso ao que há de melhor no cenário internacional, com suporte e atendimento local”, afirma.

O portfólio da R11 abrange desde megaships voltados ao lazer familiar, como os da Royal Caribbean, até navios de luxo e expedição, como os da Silversea, Explora Journeys, Crystal, HX Hurtigruten Expeditions e Swan Hellenic. Também estão no portfólio marcas voltadas à imersão cultural, como a Azamara, e de cruzeiros fluviais, como AmaWaterways e Uniworld.

Amaral explica que o que atrai o público brasileiro vai além do destino. “Na Royal, o encantamento vem das atrações tecnológicas. Na Celebrity, o design e a gastronomia elevam o padrão. Já a Azamara atrai um viajante mais maduro, que quer conhecer os destinos com profundidade”, diz. Ele também aponta o crescimento do interesse por cruzeiros fluviais e de expedição, experiências que unem conforto e imersão cultural em destinos remotos.

Mesmo que muitas marcas ainda não tenham estrutura física no Brasil, a R11 atua como elo entre as armadoras e o mercado local. “Mais do que vender produtos, trabalhamos a construção de marca. Mantemos o DNA das companhias e adaptamos a comunicação quando necessário”, afirma Amaral. Isso inclui desde campanhas publicitárias e treinamentos com o trade até ações com influenciadores e presenças estratégicas em eventos do setor.

Quando o volume de passageiros brasileiros é maior, algumas adaptações são implementadas a bordo, como cardápios em português, tripulantes que falam o idioma e programações culturais alinhadas ao estilo de vida local. “Trabalhamos para que o brasileiro se sinta acolhido, sem perder a autenticidade das experiências oferecidas pelas marcas”, completa.

Segundo Amaral, o consumidor brasileiro vem amadurecendo e compreendendo melhor o posicionamento de cada marca. “A Royal Caribbean já é sinônimo de lazer em alto-mar. A Celebrity conquistou um espaço no imaginário premium. E marcas como Silversea, HX e Explora estão formando um público fiel”, analisa.

Para seguir expandindo esse alcance, a R11 aposta em uma estratégia multicanal que combina campanhas digitais, capacitação do trade, famtours e ações presenciais com o consumidor final. “Nosso foco é capacitar o agente de viagens e, ao mesmo tempo, inspirar o consumidor. Parcerias com influenciadores e conteúdos educativos são peças-chave para reforçar a presença das marcas e estimular a conversão”, conclui Ricardo Amaral, CEO da empresa.

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