O Departamento de Transporte dos Estados Unidos anunciou que está monitorando de perto o uso de inteligência artificial por companhias aéreas na definição de preços personalizados de passagens. A preocupação foi expressa nesta terça-feira (5) pelo secretário Sean Duffy, que afirmou que qualquer tentativa de individualizar tarifas com base em informações pessoais dos consumidores será investigada e poderá sofrer sanções.
“Tentar individualizar o preço de assentos com base em quanto você ganha ou deixa de ganhar, ou em quem você é, posso garantir que investigaremos se alguém fizer isso”, declarou Duffy. “Agiremos de forma muito firme se alguma empresa tentar usar IA para precificar individualmente seus assentos”, ressaltou.
A discussão surgiu após a Delta Air Lines ser acusada por parlamentares democratas de adotar estratégias de precificação com IA capazes de ajustar tarifas ao “ponto de dor” financeiro de cada cliente. Em resposta, a companhia aérea afirmou que não utiliza e não utilizará inteligência artificial para determinar preços com base em perfis individuais.
Apesar da negativa, a Delta já havia anunciado anteriormente uma parceria com a Fetcherr, empresa especializada em precificação com IA, para implementar uma nova tecnologia de gestão de receita em 20% de sua malha doméstica até o fim de 2025. No site da Fetcherr, a Delta é listada entre os clientes, ao lado de companhias como WestJet, Virgin Atlantic, Viva e Azul.
Os temores se concentram no uso de dados sensíveis para manipulação de preços, como o histórico de buscas na internet, localização, poder aquisitivo ou até mesmo eventos pessoais. Um projeto de lei apresentado pelos deputados Greg Casar e Rashida Tlaib propõe proibir explicitamente o uso de IA para definir preços ou salários com base em dados pessoais e impedir companhias aéreas de aumentar tarifas após, por exemplo, detectar que o consumidor buscou um obituário familiar.
O presidente da American Airlines, Robert Isom, também se manifestou sobre o tema, ressaltando que a aplicação indevida da inteligência artificial pode minar a confiança do público. Por outro lado, a Delta reafirmou que há mais de 30 anos as companhias utilizam precificação dinâmica com base em variáveis como demanda, concorrência e custo do combustível, mas não com base em dados individuais de clientes. Recentemente, a Delta afirmou que estuda segmentar tarifas nas cabines premium.
A discussão marca um novo capítulo sobre ética, privacidade e transparência no uso de tecnologias emergentes no setor aéreo, que tradicionalmente já opera com modelos complexos de gestão de receita. Com o avanço da IA, a regulação sobre sua aplicação comercial deve se tornar cada vez mais relevante.