Rio de Janeiro (RJ) – Durante o lançamento do Clube V nesta quinta-feira (7), programa de fidelidade do Grupo Vilarejo voltado aos agentes de viagens, um dos momentos mais marcantes do evento foi o emocionante relato de Lili Mello, fundadora da rede hoteleira e avó de João Mello, atual diretor geral. A profissional resgatou os primeiros passos da empresa ao lado do marido, João — visionário que, segundo ela, foi audacioso por tentar abrir um hotel em uma cidade ainda sem telefone, asfalto ou visibilidade turística. E deu certo!
“Eu era recepcionista, camareira, lavadeira. E o João era o comprador, cozinheiro, o homem que sonhava alto”, lembrou Lili, ao narrar a origem do hotel em Conservatória, distrito de Valença (RJ), há quase 43 anos. O casal começou com poucos recursos e muita determinação, morando de favor na casa dos pais dela e aproveitando um pequeno terreno cedido pela família para iniciar o negócio.
O local escolhido para o hotel era inicialmente usado para criação de animais. No entanto, em uma reviravolta movida por pura convicção, João decidiu erguer ali um prédio. “Ele me disse: ‘Não vou mais criar animal, vou construir um hotel’. Eu quase bati nele. Não tínhamos dinheiro, nem casa própria. Mas ele dizia que Conservatória era conhecida pela música, e que as pessoas viriam por isso. E ele estava certo”, relembra.
O primeiro prédio contou com 14 apartamentos, hoje a chamada ala 100 do Hotel Fazenda Vilarejo. Mais tarde, o segundo andar foi construído, completando 28 unidades, número suficiente para lotar um ônibus, o que, na época, se tornou um símbolo da realização do sonho. “Um dia, sentados na varanda, vimos um ônibus estacionar. Choramos muito naquela noite. O sonho do louco se realizava”, contou.
Tijolo por tijolo, com a ajuda de cada hóspede
Ao longo das décadas, todo recurso gerado era reinvestido na expansão do hotel. João se recusava a comprar uma casa para a família: dizia que, se o dinheiro fosse investido no hotel, o futuro seria garantido. “Cada hóspede que passou por lá ajudou a levantar mais um tijolo da nossa história”, afirmou Lili.
A construção do grupo também contou com a colaboração ativa dos filhos desde pequenos. Com apenas 11 anos, Frederico Mello, um dos filhos, atendia os hóspedes na piscina de fibra. “Ele entregava toalhas, refrigerante, trabalhava até às quatro da tarde e, depois disso, colocava sua sunguinha vermelha e se jogava na água. Era o merecido mergulho do dia”, recordou, arrancando sorrisos da plateia.
Mais tarde, com o sucesso do Hotel Fazenda, a família decidiu expandir e inaugurou o Vilarejo Praia Hotel, em Rio das Ostras. O novo empreendimento manteve os valores do grupo: acolhimento familiar, reinvenção constante e valorização dos colaboradores. Hoje, os filhos empreendem em outras frentes, como lojas de materiais de construção, e a terceira geração, representada por João Mello, assumiu a direção com novas ideias e um olhar moderno para o relacionamento com o trade.
Orgulho, legado e continuidade
Lili encerrou sua fala agradecendo aos agentes de viagens, colaboradores e familiares, e manifestando o orgulho de ver o neto à frente do grupo. “É gratificante ver tudo o que construímos sendo cuidado com tanto carinho. João é jovem, mas carrega o DNA do avô. Onde ele estiver, com certeza está sorrindo orgulhoso.”
A história do Grupo Vilarejo, marcada por trabalho árduo, persistência e paixão pela hospitalidade, continua viva — agora com um programa de fidelidade robusto, dois hotéis em operação e centenas de parceiros comerciais em todo o Brasil. Mas, como destacou Lili: “Nada mudou tanto assim. Eu ainda estou lá, na lojinha de souvenirs, todos os dias. E é isso que me faz feliz.”