A Agaxtur iniciou 2025 com um plano de crescimento claro: alcançar 15% de alta no faturamento em relação a 2024. A meta, traçada no final do ano passado, foi alcançada antes do previsto, já em 30 de junho, o que dá à operadora margem para encerrar o ano com números acima das expectativas iniciais. Segundo Aldo Leone Filho, CEO da empresa, o resultado reflete a combinação entre portfólio diversificado, posicionamento sólido no mercado e atenção às tendências de consumo.
O desempenho, no entanto, não ocorreu sem obstáculos. Para Leone, dois fatores externos influenciaram o ritmo das vendas: a instabilidade política no país, que afeta a confiança do consumidor, e a oscilação do dólar, que impacta diretamente o mercado internacional. “O que mais atrapalhou foi o cenário político, que deixa o passageiro confuso, além da subida e descida do dólar”, afirmou. Apesar disso, lançamentos importantes e acontecimentos estratégicos impulsionaram as vendas.
Entre as novidades citadas pelo executivo estão a inauguração do parque Universal Epic Universe, em Orlando, que reacendeu o interesse pelo destino norte-americano, e a chegada do MSC World America, da MSC, considerado o maior navio da companhia no Caribe. A expansão do segmento premium de cruzeiros também foi relevante, com a estreia do Explora II, da Explora Journeys, que se junta ao Explora I para atender um público de alto poder aquisitivo. No turismo de inverno, a temporada de esqui no Chile, especialmente em Vale Nevado, foi considerada um sucesso, assim como as operações no turismo esportivo por meio da divisão Agaxtur Sports, que em 2025 levou torcedores a eventos como o Campeonato Mundial de Clubes.
Destinos em alta, ajustes e novas oportunidades
A análise de desempenho por mercado revela que nem todos os destinos tiveram a mesma performance no semestre. Bariloche, na Argentina, apresentou queda, impactada pelo aumento excessivo de preços. “Está muito fora de controle, e isso inviabiliza a escolha do destino para muitos clientes”, comentou Leone. Em contrapartida, Mendoza surpreendeu positivamente e ganhou espaço no portfólio. Peru e Bolívia lideraram as vendas na América do Sul, junto com a temporada de esqui no Chile.
No Caribe, Punta Cana consolidou-se como o destino mais vendido da Agaxtur, ultrapassando outros tradicionais da região. Nos Estados Unidos, Orlando retomou protagonismo impulsionado pelo Universal Epic Universe, e na Europa, contrariando previsões de queda, a procura aumentou, com destaque para Grécia, Croácia e Itália. “A Itália é indescritível, não há crise que afete o interesse do brasileiro por esse destino”, disse o executivo.
O portfólio de força da Agaxtur é fortemente apoiado em cruzeiros marítimos, abrangendo desde operações na costa brasileira até rotas internacionais no segmento contemporâneo e no de luxo. A empresa mantém parcerias com MSC Cruzeiros, Costa Cruzeiros e Norwegian Cruise Line, além de trabalhar com marcas de alto padrão como Ritz Carlton, Ponant, Crystal e Silversea. “Somos hoje a maior operadora de cruzeiros do Brasil, com uma linha premium muito ampla”, afirmou Leone.
No Brasil, destinos como Porto de Galinhas, Foz do Iguaçu, João Pessoa, Alagoas e Maceió continuam no topo das vendas, mas a grande surpresa foi o desempenho dos Lençóis Maranhenses, que se tornaram o destino nacional mais vendido no semestre. “É apenas um pedaço do Brasil, mas tem um potencial enorme e foi o mais vendido do país para nós”, acrescentou.
Novo perfil do cliente e formatos de viagens
A transformação no perfil do consumidor é outro ponto observado pela operadora. O público que buscava pacotes completos, com longos parcelamentos e itinerários pré-definidos, está perdendo espaço para um cliente que prefere personalização e flexibilidade.
“O nosso passageiro busca a viagem sob medida, feita do jeito que ele gosta. É um produto individualizado, adaptado ao que cada um quer viver”, explicou Leone.
Essa mudança se reflete no crescimento de viagens individuais e circuitos europeus com bom custo-benefício, além de roteiros temáticos de nicho, como viagens voltadas para esportes, enoturismo e grupos para o público acima de 60 anos, que o executivo prefere chamar de “jovens da terceira idade”. Segundo ele, esse segmento está cada vez mais ativo e com maior disposição para investir em experiências diferenciadas.
A operadora também reforça a importância dos roteiros de grupos, especialmente em datas e eventos específicos, que garantem alto engajamento e fidelização do cliente. “O Campeonato Mundial de Clubes e as viagens de vinho foram alguns dos nossos grandes cases no semestre”, pontuou.
Ainda no primeiro semestre, Leone anunciou em primeira mão ao Brasilturis o lançamento do Agaxtur Expedition, produto exclusivo da operadora com foco em viagens de expedições de alto padrão. A estreia será marcada por roteiros diferenciados como Antártica e Japão, com vendas diretas já iniciadas após testes realizados pelo próprio executivo.
“É um produto que eu testei pessoalmente e vendi. Ninguém oferecia esse tipo de experiência na prateleira da operadora como nós estamos fazendo agora”, revelou. “É o tipo de viagem que aumenta o ticket médio e qualifica a entrega do agente de viagens.”
Segurança no B2B
O relacionamento com os agentes de viagens, canal prioritário de vendas da Agaxtur, é considerado um diferencial competitivo. Leone destaca que a solidez da Agaxtur é algo com a qual o mercado pode contar. “Temos 72 anos de história, somos parte do grupo Águia Branca e temos um compromisso com a seriedade e a competência. O agente de viagens que trabalha conosco sabe que pode confiar”, afirmou.
Essa confiança é reforçada por uma estratégia B2B que combina tradição e inovação, mantendo proximidade com os parceiros e oferecendo suporte contínuo. A solidez da empresa e seu posicionamento estável são apresentados como diferenciais num setor em que credibilidade e entrega de valor são essenciais para manter a competitividade.
Olhar para a frente
Mesmo com a meta de 2025 já atingida, a Agaxtur mantém a previsão de crescimento de 15% para o ano. A estratégia é continuar explorando nichos, reforçar o portfólio de cruzeiros e ampliar a presença nos destinos que demonstraram alta demanda no primeiro semestre.
Para 2026, a expectativa é ainda mais otimista. A Copa do Mundo, que será realizada nos Estados Unidos, México e Canadá, deve gerar forte movimentação no turismo, especialmente para a América do Norte. A Agaxtur já trabalha no planejamento para atender essa demanda, com pacotes esportivos e experiências personalizadas.
Para o executivo, o segredo para manter o crescimento está na capacidade de adaptação e na leitura atenta do mercado. “Apesar de ser ano eleitoral, acreditamos que 2026 será excepcional. O turismo vai se movimentar, e nós estaremos prontos para atender essa demanda”, concluiu Leone.
Esta reportagem integra a série Especial Operadoras, tema de capa da edição de agosto do Brasilturis Jornal. Ao longo do mês, apresentaremos entrevistas exclusivas com executivos das principais empresas do setor, revelando estratégias, resultados, tendências e perspectivas para o mercado de viagens no Brasil e no exterior.