Celso Sabino, ministro do Turismo, comunicou nesta sexta-feira (19) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em conversa por telefone, que pretende deixar o governo. O diálogo ocorreu após o ultimato do União Brasil para que seus filiados entreguem os cargos que ocupam na Esplanada.
A decisão final será tratada em uma reunião ainda hoje no Palácio do Alvorada, com a presença de Sabino e Lula, segundo a CNN. Antes, o ministro terá encontro com o presidente nacional do União, Antonio Rueda, e outras lideranças da legenda, que têm defendido a saída imediata do ministro como gesto de independência em relação ao governo federal.
Pressões e resistências
A decisão ocorre depois do ultimato do União Brasil, partido ao qual Sabino é filiado, que determinou a entrega de todos os cargos ocupados pela legenda na Esplanada em até 24 horas. O presidente da sigla, Antonio Rueda, classificou o movimento como “legítimo, democrático e amplamente debatido nas instâncias partidárias”, ressaltando a busca por maior independência em relação ao governo do presidente Lula.
Mesmo diante do prazo de 24 horas imposto pela sigla, Sabino buscou adiar a saída, alegando que sua permanência até a COP30, em Belém — sua cidade natal — seria estratégica para o país e para o próprio União Brasil. Ele também conversou com ACM Neto, que defendeu sua continuidade no cargo como forma de dar maior visibilidade à legenda.
No entanto, a cúpula partidária mantém posição firme em exigir sua saída. Fontes próximas ao Planalto afirmam que Lula tentou construir alternativas, sugerindo até a mudança de partido ou uma licença temporária, mas nenhuma das opções foi aceita pela direção do União.
A pressão sobre o ministro acontece no mesmo momento em que sua atuação no Legislativo volta à tona. Sabino é autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 3/2021, conhecida como PEC da Blindagem ou PEC das Prerrogativas, aprovada recentemente em dois turnos pela Câmara dos Deputados.
A proposta, apresentada em 2021 quando ele ainda exercia mandato como deputado federal, altera pontos sobre imunidade parlamentar. Entre eles estão a exigência de autorização prévia da respectiva Casa Legislativa para processos criminais contra parlamentares, o retorno da votação secreta nesses casos e a ampliação do foro privilegiado para presidentes nacionais de partidos.
O texto, que segue agora para o Senado, reacendeu debates intensos sobre transparência e equilíbrio entre os poderes. Críticos apontam retrocesso no retorno da votação secreta e na ampliação do foro privilegiado, enquanto defensores afirmam que a PEC fortalece a independência do Legislativo diante de embates jurídicos e políticos.