São Paulo, maior centro econômico do Brasil, convive com um paradoxo: recebe mais de 51 milhões de visitantes por ano, mas ainda não converte esse fluxo em ganhos proporcionais para a economia local. De acordo com dados do Ministério do Turismo e da São Paulo Turismo (SPTuris), 49 milhões são turistas domésticos e 2,5 milhões internacionais, mas a permanência média é de apenas três dias e o gasto per capita gira em torno de R$ 1.400 por estadia, muito abaixo de destinos internacionais de perfil semelhante, onde a média diária pode ultrapassar US$ 500 por pessoa.
Segundo o World Travel & Tourism Council (WTTC), o setor turístico paulista contribui com cerca de R$ 340 bilhões para o PIB estadual em 2025, equivalente a quase 10% do total. Contudo, especialistas indicam que, com maior permanência e gastos, o Estado poderia adicionar bilhões à arrecadação.
Para o empresário Caio Santomo, fundador da CSX Holding, o problema está na ausência de uma estratégia integrada. “Perdemos bilhões porque tratamos o turismo como consequência, não como estratégia de desenvolvimento”, avalia. Ele ressalta que é necessário criar experiências que conectem gastronomia, museus, vida noturna e patrimônio cultural em uma jornada completa, acessível a diferentes perfis de visitantes.
Santomo defende ainda parcerias com produtores culturais, valorização do interior paulista e roteiros temáticos que ampliem o alcance da oferta turística. “São Paulo não é apenas a capital. Temos cidades históricas, belezas naturais, produção artesanal e uma diversidade cultural impressionante que pode ser melhor aproveitada”, afirma.
Com a pandemia tendo fortalecido o turismo doméstico, o empresário acredita que o momento é oportuno para reposicionar São Paulo como destino global. Para ele, tecnologia, sustentabilidade e valorização cultural são os pilares que podem transformar o Estado em referência mundial, convertendo finalmente seu peso econômico em receita turística significativa.