O futuro do ministro do Turismo, Celso Sabino, continua em aberto após o ultimato dado pela cúpula do União Brasil. A legenda, presidida por Antônio Rueda, determinou a entrega dos cargos ocupados por seus filiados no governo federal e avalia a possibilidade de expulsão caso Sabino decida permanecer no primeiro escalão.
A situação deixa o ministro, que chegou agora há pouco no Palácio da Alvorada para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma posição delicada.
À frente do Turismo desde julho de 2023, Sabino consolidou a pasta como uma vitrine política relevante em seu estado, o Pará, sobretudo pelo papel estratégico na preparação para a COP30, que será realizada em Belém em 2025. Além disso, sua eleição para a presidência do Conselho Executivo da Onu Turismo, no início deste ano, reforçou a visibilidade internacional do Brasil no setor.
Dentro do partido, no entanto, a percepção é de que Sabino buscava ganhar tempo para prolongar sua permanência no cargo, aproximando-se cada vez mais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Gestos como o uso de símbolos do governo em eventos oficiais, incluindo o 7 de setembro, foram vistos como sinal de alinhamento direto ao Planalto, o que aumentou a tensão com a sigla.
O desgaste foi acentuado pelo episódio envolvendo o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, que teve o nome incluído em uma investigação da Polícia Federal sobre uso de jatos executivos supostamente vinculados ao PCC. A legenda reagiu com nota oficial em defesa do dirigente e acusou o governo de ter responsabilidade no vazamento de informações. O Planalto, por meio da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), repudiou as acusações e classificou como “infundadas e levianas” as declarações da cúpula do União.
Sabino resiste em cumprir o prazo de 24 horas dado pelo partido, defendendo a importância de sua permanência ao menos até a realização da COP30. Ele argumenta que o evento, considerado um dos maiores da agenda climática global, é também uma oportunidade para alavancar a imagem do Pará e consolidar o Brasil como liderança em turismo sustentável. Apesar disso, dirigentes do União avaliam que a posição do ministro se tornou insustentável e sinalizam apoio irrestrito à decisão de desembarcar do governo.