O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), comunicou à cúpula de seu partido que deixará oficialmente o cargo nesta sexta-feira (26). A decisão, segundo a Folha de São Paulo, já foi informada ao União Brasil, ainda que não tenha sido formalizada junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que até o momento não marcou a reunião aguardada pelo ministro para oficializar sua saída.
Na semana anterior, Sabino já havia manifestado ao presidente sua intenção de deixar a pasta, alegando forte pressão interna do partido. Lula, contudo, pediu que aguardasse seu retorno de Nova York, onde participou da Assembleia Geral da ONU. Mesmo após a volta do mandatário ao Distrito Federal, o encontro ainda não foi agendado, prolongando a indefinição sobre o futuro do ministro.
Pressão partidária e tentativa frustrada de acordo
A saída de Celso Sabino é consequência direta da decisão da executiva nacional do União Brasil, que determinou a antecipação do desembarque da legenda do governo federal. A direção deu prazo de 24 horas para que seus filiados entregassem os cargos, sob risco de expulsão.
Sabino chegou a tentar uma negociação alternativa: uma licença partidária que lhe permitiria permanecer no Ministério do Turismo até abril de 2026, prazo final de desincompatibilização para disputar uma vaga no Senado pelo Pará. A proposta, entretanto, não foi aceita pela legenda, que manteve sua posição de ruptura imediata.
Bastidores de tensão entre Planalto e União Brasil
Nos bastidores, o União Brasil avalia que houve influência política do Palácio do Planalto em denúncias divulgadas recentemente contra o presidente do partido, Antônio Rueda, acusado por um piloto de ligação com aeronaves operadas pelo PCC — o dirigente nega categoricamente. Integrantes da sigla interpretam a reportagem, publicada pelo ICL e pelo UOL, como uma forma de pressão para desgastar sua liderança.
Lula, por sua vez, teria pedido a ministros e assessores que buscassem diálogo com Rueda para tentar preservar Sabino na legenda e evitar sua expulsão, segundo informações veiculadas pela CNN. A articulação, no entanto, não avançou.
Impacto político e cenário futuro
Celso Sabino é deputado federal licenciado e chegou ao governo pela indicação da bancada do União Brasil na Câmara. Sua entrada contou com apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), responsável por intermediar também a nomeação de Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Frederico Siqueira Filho (Comunicações) para o primeiro escalão do governo Lula.
Agora, com sua iminente saída, abre-se uma nova disputa por espaço político e pela condução da pasta do Turismo. O desfecho pode redefinir a relação entre o governo federal e o União Brasil, partido que tem sido peça-chave nas negociações dentro do Congresso.
Enquanto isso, o setor de turismo acompanha atento os desdobramentos, já que a pasta vinha desempenhando papel central na coordenação de ações estratégicas em meio ao crescimento do setor. O nome de Sabino, por outro lado, passa a circular com força no cenário político para a eleição de 2026, quando deve disputar uma vaga no Senado pelo Pará.