Celso Sabino de Oliveira, 46 anos, entregou nesta sexta-feira (26) uma carta de demissão ao presidente Lula, deixando o Ministério do Turismo com um balanço que combina avanços relevantes e desafios ainda em aberto para o setor. Deputado federal licenciado pelo União Brasil, o paraense assumiu a pasta em agosto de 2023, após articulação política que garantiu ao partido mais espaço no governo federal. Desde então, buscou imprimir ao Turismo uma gestão voltada à geração de empregos, ampliação do fluxo de visitantes e fortalecimento do Brasil como destino competitivo no cenário internacional.
Formado em Direito e Administração, Sabino iniciou sua trajetória pública como auditor fiscal do Pará. Atuou como secretário estadual de Trabalho, Emprego e Renda em 2012, presidiu o Instituto de Metrologia estadual e, em 2014, elegeu-se deputado estadual pelo PSDB. Em 2018 conquistou uma cadeira na Câmara dos Deputados, onde se destacou como relator da reforma do Imposto de Renda e, em 2022, foi o primeiro paraense a presidir a Comissão Mista de Orçamento.
À frente do Ministério do Turismo, Sabino conduziu projetos de impacto direto no trade. Entre os destaques estão o programa Conheça o Brasil: Voando, criado em parceria com companhias aéreas para estimular o turismo doméstico, e a retomada de obras de infraestrutura turística paralisadas em diferentes estados.
Também inaugurou a primeira Escola Nacional de Turismo, em Belém, voltada à qualificação profissional. “O turismo é uma matriz capaz de gerar desenvolvimento sustentável e oportunidades em todas as regiões do país”, afirmou em sua posse. Em julho deste ano a escola alcançou o marco de ter formado cerca de 2 mil profissionais em seus quatro primeiros ciclos de atividades.
Os números reforçam o otimismo. De janeiro a agosto de 2025, o Brasil recebeu 6,52 milhões de turistas internacionais, número que representa um crescimento de 46,6% em relação ao mesmo período de 2024. Para Sabino, o resultado reflete a consolidação do país como um destino em ascensão no cenário global. “O Brasil está mais aberto e conectado ao mundo do que nunca. Esses números mostram que nosso esforço em qualificação, promoção e estruturação do turismo está dando resultados concretos”, declarou na ocasião.
Entre as medidas estruturais, Sabino celebrou a sanção da Lei Geral do Turismo, que confere maior segurança jurídica ao setor, e o lançamento do Plano Brasis, novo plano internacional de marketing elaborado pela Embratur em parceria com o Ministério do Turismo e o Sebrae. A estratégia posiciona o Brasil no exterior como um destino único e diverso, buscando equilibrar o fluxo turístico entre as regiões.
A gestão também se destacou pela movimentação de crédito. Entre 2023 e 2025, o Fundo Geral de Turismo (Fungetur) já registra 4,6 mil operações contratadas, totalizando R$ 2,13 bilhões em crédito. O destaque foi para pequenas empresas, que concentraram R$ 831,5 milhões, e microempresas, que receberam R$ 330 milhões. Em maio deste ano, o Brasil superou a marca de 37 mil guias de turismo registrados no Cadastur, que passa por atualização para tornar os processos totalmente eletrônicos e acessíveis por meio da conta Gov.br.
No início deste ano, Sabino assumiu a presidência do Conselho Executivo da Onu Turismo, sendo o primeiro brasileiro a ocupar o cargo desde a criação do órgão, em 1975. O mandato é de um ano e vale ressaltar que o Brasil assumiu o cargo num ano estratégico – já que o país é palco de dois grandes eventos mundiais: a presidência rotativa do Brics e a COP30, que será realizada em Belém, cidade natal do ministro.
Com uma gestão marcada por recordes de chegada de estrangeiros, expansão de crédito e retomada de obras, Celso Sabino deixa o Ministério do Turismo sob expectativa do trade.