O turismo no Nordeste brasileiro pode estar prestes a ganhar um reforço de peso com a construção de um novo aeroporto internacional de grande porte e alta tecnologia, anunciado durante o Fórum Turismo e Investimentos | Brasil 360°, realizado em São Paulo no último dia 16 de setembro. A iniciativa, que conta com apoio do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), promete não apenas ampliar a conectividade aérea da região, mas também elevar o patamar de inovação e sustentabilidade no setor.
O projeto já desperta o interesse de estados nordestinos, como a Paraíba, cujo governador João Azevedo confirmou o desejo de receber o empreendimento. “A Paraíba vai concorrer para ter esse terminal voltado para o turismo e pode oferecer boas condições econômicas e fiscais”, afirmou, destacando também o Polo Turístico Cabo Branco, que reúne parques temáticos, hotéis e atrações culturais.
Tecnologia e sustentabilidade no centro do projeto
De acordo com o secretário-geral da ONU Turismo, Zurab Pololikashvili, o novo aeroporto deve ser referência global. “Queremos apoiar um aeroporto que seja sustentável e inovador, não apenas um espaço para voos. Parte será automatizada por robôs. É algo novo para o mundo, não apenas para o Brasil”, destacou.
Na mesma linha, Oscar Rueda García, diretor de Turismo Sustentável do CAF, ressaltou que a conectividade aérea ainda é um dos principais desafios para o crescimento do turismo na América Latina. A proposta é que o futuro terminal nordestino seja um hub capaz de integrar rotas internacionais e domésticas, além de distribuir melhor os fluxos de visitantes pelo país.
Apoio federal e incentivos do Pati
O projeto pode contar com os incentivos do Programa de Aceleração do Turismo Internacional (Pati), criado pelo governo federal para ampliar a promoção do Brasil no exterior. Por meio dele, companhias aéreas nacionais e internacionais podem acessar recursos para abrir novos voos regulares e diretos, além de campanhas de divulgação em mercados estratégicos.
A ideia é fomentar não só a atração de turistas estrangeiros, mas também o turismo regional, estimulando voos para destinos que já são consolidados, mas ainda com baixa oferta de assentos. O modelo, segundo o governo, contribui para reduzir emissões de CO₂, descentralizar o turismo e impulsionar a economia local.
Cabotagem e mudanças legislativas
Um ponto que pode acelerar a viabilidade do novo aeroporto é a tramitação do Projeto de Lei nº 4.392, de 2023, que propõe alterar o Código Brasileiro de Aeronáutica para permitir que empresas aéreas estrangeiras operem voos domésticos em determinadas regiões. Inicialmente voltado para a Amazônia Legal, o projeto pode ser ampliado para o Nordeste, garantindo mais competitividade, maior oferta de voos e preços mais acessíveis.
“O novo aeroporto internacional é estratégico para atrair investimentos, impulsionar o turismo e descentralizar o desenvolvimento econômico”, reforçou Marcos Jorge, CEO da RTSC, uma das organizadoras do fórum.
Crescimento do transporte aéreo reforça urgência
A movimentação recente nos aeroportos brasileiros reforça a necessidade de novos investimentos. Segundo dados da Anac, o país registrou em agosto de 2025 a marca de 11,2 milhões de passageiros transportados, sendo 8,7 milhões em voos domésticos e 2,4 milhões em internacionais – ambos recordes históricos para o mês.
Para Marina Figueiredo, presidente executiva da Braztoa, a infraestrutura precisa acompanhar esse crescimento. “A conexão logística e a mobilidade hoje são gargalos fundamentais para conseguir destravar o turismo, tirar a pressão de alguns lugares e abrir outros destinos”, ressaltou.