Durante o Global Summit do World Travel & Tourism Council (WTTC), realizado em Roma, autoridades e executivos defenderam que o desafio enfrentado por países europeus não é apenas o excesso de turistas em determinados locais, mas a concentração em poucas cidades e regiões da Europa, enquanto outras permanecem pouco exploradas.
A Itália, quinto país mais visitado do mundo, foi citada como exemplo. Daniela Santanchè, ministra do Turismo, afirmou que em 96% do território italiano a realidade é de “subturismo”. Já a Giorgia Meloni, primeira-ministra, destacou a necessidade de distribuir os 58 milhões de visitantes anuais de forma mais equilibrada.
O mesmo ponto foi reforçado por Francesco Cacciapuoti, diretor de vendas da Trenitalia. Segundo ele, 75% dos turistas internacionais concentram-se em apenas 4% do país, sobretudo nas grandes cidades. “Temos um enorme potencial de crescimento para promover os 96% restantes, que incluem mais de 5,5 mil pequenas cidades e vilarejos”, declara.
Para Elie Maalouf, CEO da IHG Hotels & Resorts, a questão de excesso de turistas na Europa não se restringe à Itália. “Não temos um problema de overtourism no mundo. Temos uma má distribuição do turismo. Há uma superconcentração em alguns lugares, enquanto outros estão carentes de visitantes. Precisamos apenas redistribuí-lo”, afirma.

O executivo ressaltou que a comunicação sobre destinos tem papel central nessa mudança. “Todos vão para as dez melhores cidades da Itália, França, Espanha, Japão, em qualquer lugar. Mas há centenas de outros lugares. Podemos trabalhar junto com os governos na divulgação desses destinos”, salienta Maalouf, em entrevista conduzida por Manfredi Lefebvre, novo presidente do WTTC.
Ele citou ainda a importância de investimentos em infraestrutura em áreas menos conhecidas. Segundo Maalouf, a IHG tem projetos em regiões como a Úmbria, no norte da Itália. “Assim as pessoas começam a viajar para lugares fora do caminho mais comum, onde estão as multidões, os ônibus e os navios de cruzeiro. Nada contra, mas precisamos distribuir a prosperidade”, completa.