BRL - Moeda brasileira
EUR
6,23
USD
5,32
Matheus Alves
Matheus Alves
Repórter - E-mail: matheus@brasilturis.com.br

WTTC alerta para escassez global de profissionais no Turismo até 2035

Relatório da WTTC prevê déficit de mais de 43 milhões de trabalhadores no setor em dez anos, apesar do crescimento mundial

Durante a Cúpula Global do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), realizada em Roma, líderes do setor destacaram que o Turismo mantém um ritmo de expansão mesmo diante de conflitos e mudanças geopolíticas. O principal desafio identificado, porém, é a falta de profissionais qualificados para atender à crescente demanda.

Segundo relatório divulgado pelo WTTC, em dez anos a procura global por trabalhadores no setor superará a oferta em mais de 43 milhões de pessoas — o equivalente a 16% abaixo do necessário. Somente a hotelaria deve registrar déficit de 8,6 milhões de profissionais até 2035, cerca de 18% abaixo da demanda prevista.

“Precisamos reconhecer que mudanças demográficas e estruturais mais amplas estão transformando os mercados de trabalho em todo o mundo”, afirma Gloria Guevara, diretora-executiva interina do WTTC. Ela explicou que parte dos profissionais que deixaram o setor durante a pandemia de Covid-19 não retornou, ao mesmo tempo em que as taxas de desemprego global diminuem e as populações em idade ativa encolhem.

“Isso cria uma pressão crescente sobre a oferta de trabalho, especialmente em setores que continuam em rápida expansão, como o de viagens e turismo”, complementa Gloria. Ela acrescenta que o WTTC pretende trabalhar com governos para criar políticas que reduzam o déficit de mão de obra no setor.

As funções operacionais, consideradas essenciais para o funcionamento da atividade turística, são as mais demandadas, com necessidade estimada de mais de 20 milhões de novos profissionais. As maiores lacunas de pessoal previstas estão na China (16,9 milhões), Índia (11 milhões) e União Europeia (6,4 milhões).

Apesar das dificuldades, Gloria ressalta que o setor segue em crescimento. “Há muito acontecendo no mundo, conflitos, mudanças geopolíticas, e, ainda assim, o Turismo está em expansão”, afirma. “Vemos isso nas Américas, no Oriente Médio, na África, na Europa, em todos os lugares”, pontua Gloria.

De acordo com o WTTC, o impacto econômico do Turismo deverá ultrapassar US$ 11 trilhões em 2025, representando mais de 10% do PIB global. O relatório também projeta queda de US$ 12,5 bilhões nos gastos de visitantes internacionais nos Estados Unidos no próximo ano e alerta que, sem políticas de incentivo e promoção de destinos, o país pode perder competitividade.

Distribuição desigual do Turismo

Dados do WTTC indicam que mais da metade dos 1,5 bilhão de viajantes globais esteve na Europa em 2024, sustentando 40 milhões de empregos, mas também gerando preocupações sobre a concentração excessiva do fluxo turístico em poucas áreas.

Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália, defendeu uma melhor distribuição dos 58 milhões de visitantes que o país recebe anualmente. “É essencial espalhar o turismo por todo o território italiano”, declarou.

Daniela Santanchè, ministra do Turismo da Itália, afirmou que 96% do território nacional enfrenta o oposto do overtourism. “A maior parte do país vive uma situação de undertourism”, disse. O executivo da Trenitalia, Francesco Cacciapuoti, reforçou que 75% dos turistas internacionais se concentram em apenas 4% do território italiano, “principalmente nas grandes cidades”.

Para Elie Maalouf, CEO da IHG Hotels & Resorts, o problema não é exclusivo da Itália. “Se o turismo fosse mais distribuído em países como Espanha e França, haveria menos preocupação com o overtourism”, afirmou. “Não temos um problema de excesso de turistas no mundo, e sim de má distribuição.”

Manfredi Lefebvre, presidente do WTTC e também do A&K Travel Group, acrescentou que os cruzeiros podem contribuir para a descentralização do fluxo turístico, levando viajantes a destinos menos visitados. Ele destacou ainda que os passageiros de cruzeiros não permanecem hospedados nas cidades, o que reduz impactos sobre a oferta de moradia.

LEIA MAIS NOTÍCIAS

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, 
necessariamente, a opinião deste jornal

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

MAIS LIDAS

NEWSLETTER

    AGENDA

    ITB Asia

    REDES SOCIAIS

    PARCEIROS