O turismo internacional vive seu melhor momento no Brasil. Entre janeiro e outubro de 2025, o país recebeu 7,68 milhões de visitantes estrangeiros — o maior volume já registrado para os primeiros dez meses do ano desde o início da série histórica. O crescimento de 42,2% em relação a 2024 não só supera os números pré-pandemia como também rompe a antiga marca registrada em agosto, quando o país atingira 6,4 milhões de chegadas. A projeção da Embratur é encerrar 2025 com 9 milhões de turistas internacionais, um patamar inédito para o setor.
Para Philipe Karat, coordenador de Demanda a Transportes Multimodais da Embratur, o resultado é reflexo direto da expansão da conectividade aérea, da melhora no ambiente de negócios e da retomada consistente da aviação. “A gente bateu o recorde antigo, que era 6,4 milhões em agosto. Hoje, a gente está superando em 11% a meta do Plano Nacional de Turismo, que era fechar este ano com 6,9 milhões”, afirmou. Segundo ele, a perspectiva para os próximos anos é de forte crescimento, especialmente à medida que novos investimentos começam a retornar ao setor.
Karat participou, nesta quarta-feira (12), do evento Brasil em expansão: conectividade aérea e turismo como motores de projeção global, promovido pelo Fórum EFE, onde destacou os avanços recentes da infraestrutura aeroportuária. Um dos exemplos citados foi o Aeroporto de Florianópolis, que ultrapassou pela primeira vez a marca de 1 milhão de passageiros internacionais — tornando-se o terceiro aeroporto do país a atingir esse recorde, atrás apenas de Guarulhos e Galeão. “Um aeroporto do Sul, de uma capital que não é das mais populosas, batendo um recorde de turista internacional”, celebrou.
Investimentos fortalecem conectividade e ampliam oportunidades
O cenário positivo não depende de um único fator, ressalta Karat, mas sim da “coordenação do todo”, envolvendo empresas aéreas, aeroportos, governos estaduais e o setor privado. A expansão da malha internacional é um dos principais motores desse crescimento. No evento, Juan Cierco, diretor da Iberia, anunciou que a companhia ampliará seus investimentos na América Latina a partir do primeiro semestre de 2026, com foco especial no mercado brasileiro. “Para a Iberia, o Brasil é muito mais do que um destino turístico. É um país de negócios, de intercâmbio cultural, de desenvolvimento econômico, de desenvolvimento social e, claro, de turismo”, afirmou.
A crescente demanda por voos domésticos e internacionais também reflete características estruturais do país, observa Alejandro Gómez Gil, diretor executivo da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil. Segundo ele, a extensão territorial brasileira e as limitações de infraestrutura terrestre fazem do transporte aéreo não um luxo, mas uma necessidade. “Voar no Brasil não é um luxo, é uma necessidade”, destacou. Ele reforçou que a entrada de milhões de turistas estrangeiros depende de uma rede aérea eficiente e de conexões que levem visitantes a diferentes regiões do país.
Turismo como vetor de desenvolvimento e preservação
Além do impacto econômico direto, o avanço do turismo internacional fortalece cadeias produtivas locais, estimula a preservação ambiental e amplia oportunidades para comunidades. Karat destacou que, em muitos destinos, o turismo se tornou alternativa viável para conter movimentos migratórios e garantir renda em regiões que antes dependiam de atividades de maior impacto ambiental. “O turismo é uma alternativa para evitar o desmatamento e a degradação do meio ambiente, considerando que é uma atividade que se beneficia da natureza preservada”, afirmou.
O coordenador relembrou ainda como o intercâmbio cultural impulsionado pelo turismo pode gerar benefícios permanentes para as comunidades, citando o exemplo da seleção da Alemanha, que treinou na Bahia durante a Copa do Mundo e, desde então, abriu portas para investimentos privados e iniciativas sociais conduzidas por empresas e ONGs alemãs na região.
Para Karat, a força do turismo doméstico também é essencial para sustentar a evolução do turismo internacional. Destinos como Caldas Novas e Porto Seguro, muito consolidados entre brasileiros, têm potencial para receber ainda mais estrangeiros caso haja uma articulação estratégica com aeroportos e companhias aéreas internacionais. “Precisamos trabalhar com os aeroportos e companhias aéreas locais para formar alianças com companhias aéreas internacionais e trazer passageiros para esse lugar”, concluiu.




