São Paulo (SP) – A presença de Bryan Griffin pela primeira vez no Brasil não foi apenas protocolar. Em sua segunda viagem internacional desde que assumiu o comando do Visit Florida, o CEO deixou claro, em todos os encontros e conversas, que o mercado brasileiro subiu de patamar dentro da estratégia global do estado norte-americano.
A mensagem, transmitida com naturalidade durante entrevista ao Brasilturis, ecoa uma prioridade já espelhada em números: 1,2 milhão de brasileiros estiveram na Flórida em 2024, resultado que consolidou o País como segundo maior mercado internacional para o destino.
A relação forte entre os dois territórios não é novidade, mas Griffin argumenta que ela está entrando em uma fase mais estratégica e estruturada, impulsionada tanto pelo potencial do viajante brasileiro quanto pela necessidade de diversificar a percepção do trade e do consumidor sobre o estado.
Um CEO moldado pela própria Flórida
Griffin não esconde o orgulho de representar o estado onde nasceu e foi criado. “Sou a quarta geração da minha família na Flórida. Vivi minha vida inteira explorando o estado, e ainda assim não vi tudo. Eu amo a Flórida”, afirmou.
Sua história profissional também o aproximou do turismo: antes de liderar o Visit Florida, ele foi diretor de comunicação do gabinete do governador Ron DeSantis, o que lhe permitiu acompanhar de perto o papel da indústria na economia local.
Com peso significativo na arrecadação e na geração de empregos, o setor sustenta elementos que considera essenciais, como baixa carga tributária e ausência de imposto de renda estadual. Esse entendimento, segundo Griffin, foi determinante para assumir uma postura mais ativa em relação ao trade. “Sempre apoiei a indústria. Agora, representá-la é algo que faz muito sentido para mim”, disse.
Sua formação em comunicação, aliada ao conhecimento profundo sobre o estado, molda o que ele descreve como um novo momento do Visit Florida: mais assertivo, mais próximo dos mercados emissores e mais disposto a contar histórias que vão além dos tradicionais portões de entrada.
Prioridade Brasil
O dado de 1,2 milhão de brasileiros em 2024 não apenas reforça a força do mercado, mas também mostra uma tendência sustentável, e não pontual. A Flórida já sabia da relevância do Brasil, mas agora, segundo Griffin, quer trabalhar esse relacionamento com mais intensidade, consistência e presença territorial.
A participação do CEO na agenda brasileira para sua participação durante a Sales Mission do Visit Florida — que teve início nesta segunda (17) e se estende até o próximo dia 20, passando por São Paulo e Curitiba — ilustra esse movimento. “Eu disse à minha equipe para guardar uma vaga para mim neste evento. Minha presença aqui mostra a importância que damos ao mercado brasileiro”, afirmou.
Além da visita, o investimento do Visit Florida em campanhas regionais foi ampliado. A América Latina vem recebendo mais atenção, com peças e ações feitas especificamente para o mercado brasileiro. A escolha é guiada por dados: o brasileiro viaja mais, permanece mais tempo e consome mais durante suas férias no estado. É um perfil que qualifica o fluxo turístico e fortalece a cadeia local.
Griffin também atribui parte do bom desempenho à afinidade natural entre os destinos. “Brasil e Flórida têm semelhanças culturais, climáticas e de estilo de vida. É um fluxo confortável para o viajante”, observou.
Evolução do cenário
Griffin avalia que 2025 trouxe um componente importante: estabilidade. Após um ciclo anterior marcado por três grandes furacões, o ano foi mais tranquilo, o que contribuiu para a confiança do viajante internacional, especialmente aquele que depende de planejamento antecipado e compra via operadora.
Griffin fez questão de desmistificar a percepção comum de que a Flórida “para” diante de eventos climáticos. Segundo ele, o estado possui mecanismos de recuperação extremamente rápidos, fruto de infraestrutura robusta e experiência acumulada. “A Flórida está sempre pronta para receber visitantes. Mas um ano sem grandes eventos, claro, ajuda o mercado a seguir com segurança.”
Com isso, a expectativa para 2025 é de crescimento sustentado, especialmente porque o estado já começa a se preparar para dois movimentos de grande impacto: a Copa do Mundo de 2026, com diversos jogos nos Estados Unidos, e o America 250, celebração dos 250 anos da independência americana. Ambas devem gerar oportunidades de promoção, campanhas especiais e reforço de presença do Visit Florida em mercados-chave.
Diversificação real de produtos
Se há um ponto que Griffin reforça é a necessidade de ampliar a percepção sobre a Flórida. “Orlando e Miami são portas de entrada naturais e continuam importantes”, reconhece. Mas para ele, há um universo ainda pouco explorado pelos brasileiros, e, consequentemente, pouco trabalhado pelo próprio trade.
O CEO destacou regiões como a Costa Oeste, os Florida Keys, o Panhandle e os parques estaduais como oportunidades concretas para operadoras e agentes oferecerem produtos mais diversificados. Segundo ele, a expansão do portfólio não beneficia apenas o trade brasileiro, como também ajuda o Visit Florida a distribuir melhor o fluxo de visitantes pelo estado, preservando destinos super demandados e dando visibilidade a áreas de grande potencial.
“Queremos que o brasileiro descubra a ‘Real Florida’. Há muito a ser desbravado. Basta um carro alugado ou um voo regional para transformar completamente a experiência.”
A meta é clara: manter o fluxo recorde, ampliar o tempo de permanência, qualificar as experiências e expandir a oferta de produtos. “A relação com o Brasil é essencial para nós. Ficamos muito felizes com o número de visitantes e queremos que isso continue mais forte, mais amplo e mais diversificado”, finalizou.



