A primeira semana da COP30, iniciada em 10 de novembro em Belém (PA), confirmou o turismo como um dos pilares da agenda climática global. No estande “Conheça o Brasil”, instalado na Green Zone, o Ministério do Turismo apresentou iniciativas que reforçam o setor como instrumento de desenvolvimento sustentável, inclusão social e conservação ambiental — com destaque para projetos que valorizam comunidades tradicionais e impulsionam novas narrativas sobre a Amazônia.
Etnoturismo e conservação ganham centralidade
Entre as ações apresentadas, chamou atenção o inédito Mapeamento do Turismo em Comunidades Indígenas, que reconhece os povos originários como guardiões da floresta e posiciona o etnoturismo como vetor de fortalecimento cultural e geração de renda. O projeto busca orientar políticas públicas que respeitem modos de vida tradicionais e ampliem a conservação ambiental em territórios indígenas.
Outro destaque foi o lançamento da Trilha Amazônia Atlântica, desenvolvida em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Com 460 quilômetros de extensão, o roteiro reúne paisagens naturais diversas e fortalece a integração entre conservação, turismo responsável e desenvolvimento regional.
A ministra do Turismo em exercício, Ana Carla Lopes, reforçou o impacto da participação brasileira. “A primeira semana da COP30 foi um divisor de águas para o nosso turismo. Demonstramos, de forma inequívoca e em plena Amazônia, que o turismo não é só uma atividade econômica, mas sim um poderoso motor de desenvolvimento sustentável e ferramenta essencial no enfrentamento da crise climática e de inclusão social”, afirmou.
Programas estruturantes e combate às vulnerabilidades
Ao longo da semana, o Ministério do Turismo também firmou um acordo interministerial para fortalecer o Programa Orla, que apoia a gestão sustentável das áreas costeiras e fluviais do Brasil. O órgão apresentou ainda o novo Catálogo de Experiências Turísticas, publicação que evidencia roteiros alinhados à diversidade cultural e ao turismo responsável em todas as regiões do país.
A agenda incluiu também a adesão de novas redes hoteleiras ao Movimento “Turismo que Protege”, que incentiva a prevenção da exploração sexual de crianças e adolescentes no setor. O espaço “Conheça o Brasil” recebeu debates sobre turismo regenerativo, turismo cultural e sustentabilidade, além de gravações de videocasts e o lançamento da série “Pelos Rios da Amazônia”, dedicada ao turismo comunitário como eixo de desenvolvimento.
Cultura amazônica ganha visibilidade
A programação da área expositiva do Ministério do Turismo começou com uma ação simbólica que apresentou aos visitantes da cúpula elementos da identidade amazônica: a aparição do Curupira, personagem do folclore brasileiro reconhecido como guardião da floresta, e o desfile da “Bicharada de Juaba”, manifestação cultural tradicional da Vila de Juaba, em Cametá (PA).
A presença do turismo nas ruas de Belém também se destacou com uma carreta itinerante que percorre a cidade levando informações sobre programas e ações do Ministério, reforçando a importância do setor no desenvolvimento nacional. O veículo exibe conteúdos audiovisuais e informativos do programa Conheça o Brasil e iniciativas voltadas ao turismo sustentável.
Infraestrutura, qualificação e conectividade para a COP30
Com a expectativa de receber cerca de 50 mil participantes, Belém passou por uma série de preparativos coordenados pelo Ministério do Turismo. A Pasta investiu R$ 4,7 milhões na modernização da sinalização turística, com 700 placas bilíngues distribuídas em 27 circuitos estratégicos, incluindo as 39 ilhas da capital.
Do lado do financiamento, o Ministério destinou R$ 322 milhões do Novo Fungetur a empreendimentos privados envolvidos na COP30. Por meio dos agentes financeiros credenciados, negócios turísticos locais puderam acessar até R$ 30 milhões por operação, com participação de até 100% do fundo e garantia facilitada.
A Escola Nacional de Turismo ofereceu mais de 3 mil vagas presenciais em cursos de qualificação até o primeiro semestre de 2025, com previsão de 4.760 vagas ao final dos ciclos formativos. A preparação incluiu ainda a implantação de novas antenas 4G e 5G em 15 áreas prioritárias, ampliando o acesso a Wi-Fi gratuito em pontos estratégicos da cidade.

