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Maurício Herschander
Maurício Herschander
Repórter - E-mail: mauricio@brasilturis.com.br

COP30 destaca o papel das trilhas de longo curso na transformação socioambiental

Painel no espaço “Conheça o Brasil” mostra como caminhantes, ciclistas, comunidades e políticas públicas estão conectando territórios e impulsionando a conservação

As trilhas de longo curso ganharam protagonismo na COP30, em Belém (PA), ao serem apresentadas não apenas como percursos de aventura, mas como ferramentas estruturantes de desenvolvimento sustentável, inclusão social e conservação ambiental. No espaço “Conheça o Brasil”, do Ministério do Turismo, o painel “Pegadas Sustentáveis: trilhas de longo curso como instrumentos de transformação socioambiental” reuniu representantes da Associação Rede Brasileira de Trilhas, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, do cicloturismo e do poder público para discutir o impacto profundo desse movimento no país.

A abertura foi conduzida por Angelice Motter, da Associação Rede Brasileira de Trilhas, que descreveu com leveza o sentido coletivo que move o projeto. Ela apresentou os participantes como quem reconhece antigos companheiros de caminhada: Pedro Menezes, diretor de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Júlio Meyer, presidente da Rede Brasileira de Trilhas; e Renata Falzoni, cicloturista, jornalista e vereadora em São Paulo.

Motter reforçou que o objetivo do encontro era mostrar como turismo, conservação, economia e comunidade se entrelaçam quando uma trilha passa a integrar um território. A proposta, segundo ela, é dar visibilidade a uma política pública construída de baixo para cima, onde voluntários, associações locais e moradores são protagonistas na construção de um sistema nacional de trilhas.

Júlio Meyer retomou a origem da Rede Brasileira de Trilhas, lembrando que tudo começou no Rio de Janeiro, guiado pela inquietação de voluntários que sonhavam com caminhos capazes de costurar biomas e aproximar pessoas de suas paisagens naturais. Ele explicou que por trás de cada trecho há um trabalho técnico robusto: mapeamento, sinalização padronizada, classificação de risco, definição de atrativos e organização de serviços, garantindo segurança e qualidade da experiência.

Renata Falzoni trouxe ao painel uma perspectiva emocional, lembrando que, antes de circular o mundo como cicloturista, foi montanhista e aprendeu nas trilhas a interpretar o território. Ela destacou que o Brasil tem um diferencial que ultrapassa o potencial turístico: o acolhimento das comunidades. Segundo ela, o cicloturismo movimenta bilhões na Europa, mas o Brasil pode ir além pela força cultural, pelo afeto e pela receptividade de quem vive ao longo dos caminhos.

Pedro Menezes acrescentou a visão estratégica da política pública. Explicou que a Rede de Trilhas foi pensada para atravessar décadas e que sua base se sustenta no protagonismo social — primeiro nas comunidades, depois no Estado. Ele destacou ainda o simbolismo das pegadas pretas e amarelas, que não são apenas sinalização: representam identidade, integração e um modelo unificado que impede a fragmentação do país em sistemas desconectados.

O painel também marcou a celebração do lançamento da Trilha Amazônia Atlântica, no Pará, considerada um divisor de águas para quem caminha ou pedala pelo país. Para Pedro Menezes, o estado ganha um legado concreto, com centenas de quilômetros conectando Belém à divisa com o Maranhão. Meyer reforçou que o grande desafio agora é organizar o movimento nacional, mantendo todas as trilhas alinhadas na mesma direção.

A mensagem final uniu todos os participantes: cada pegada preta e amarela pintada numa árvore, pedra ou estaca é mais que um sinal; é um convite para transformar o Brasil com passos lentos, pedaladas longas e comunidades fortalecidas por um turismo que preserva, gera dignidade e distribui renda.

Ao longo das duas semanas da COP30, o estande do Ministério do Turismo abriga debates no Auditório Carimbó sobre turismo regenerativo, financiamento climático, justiça ambiental e valorização de comunidades tradicionais.

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