O afroturismo brasileiro vem ganhando visibilidade e despertando o interesse de viajantes internacionais que buscam experiências culturais profundas, conectadas à ancestralidade negra e às histórias que moldam o país. No entanto, a internacionalização do segmento ainda enfrenta obstáculos significativos.
Uma pesquisa realizada pela Diaspora.Black em parceria com a Embratur e o Banco de Desenvolvimento da América Latina Caribe (CAF) revela que menos de 40% das iniciativas contam com materiais traduzidos para outros idiomas, dificultando a comunicação com o visitante estrangeiro e restringindo o alcance global das experiências oferecidas.
A carência de materiais bilíngues se soma à falta de divulgação internacional, à baixa presença em plataformas digitais e à ausência de roteiros estruturados para o turista estrangeiro. O cenário impacta diretamente a competitividade do afroturismo no mercado global, que cresce impulsionado pela busca de vivências identitárias e autênticas.
Segundo Haroldo Nascimento, CBO da Diaspora.Black, “o público internacional, especialmente afrodescendente, busca vivências que resgatem a ancestralidade e o pertencimento. O Brasil tem uma oferta única nesse sentido, mas ainda precisa investir em formação, tradução e visibilidade digital para competir no mercado de fora”.
A barreira linguística também compromete negociações comerciais e a formação de parcerias, já que a falta de domínio de inglês e espanhol afeta a relação com operadores, agentes e viajantes estrangeiros. A ausência de produtos formatados e comunicados estrategicamente reduz a atratividade do país como destino cultural voltado à população afrodescendente.
Haroldo Nascimento reforça que “o afroturismo brasileiro tem um diferencial no mercado global, que é o propósito, a identidade e a experiência autêntica. Mas para transformar esse potencial em oportunidade comercial, precisamos investir em comunicação estratégica e presença digital internacional. Hoje, o maior desafio é fazer o público estrangeiro enxergar o Brasil como destino de valor para a cultura negra e não apenas um destino de sol e mar. A internacionalização do afroturismo é também uma estratégia de marca para reposicionar o Brasil no mapa do turismo mundial”.

