O fortalecimento do turismo brasileiro foi tema do encontro “Caminhos do Brasil – Turismo”, realizado nesta quarta-feira (26), no Rio de Janeiro (RJ). O debate reuniu representantes do setor público e privado, incluindo Ana Carla Lopes, secretária-executiva do Ministério do Turismo (MTur); Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA); e Ana Carolina Medeiros, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav).
A secretária destacou que o turismo precisa ser tratado como atividade econômica estratégica. “Por muito tempo, economia e turismo não foram colocados na mesma mesa. Hoje está claro que o setor é essencial para o desenvolvimento do país. Celebrar recordes é importante, mas não basta. Precisamos crescer de maneira organizada, integrada e sustentável”, afirma Ana Carla.
Qualificação e emprego
A formação profissional foi um dos temas centrais do painel. Para Ana Carolina, o setor exige preparação. “Trabalhar no turismo não é subemprego – é atender famílias, falar outras línguas, ter curso, se dedicar”, afirma a presidente da Abav.
A secretária reforça que o setor registrou mais de 200 mil empregos formais nos últimos 12 meses. “Quem já está na área também busca aprender mais, falar outro idioma, melhorar o atendimento. Isso eleva a autoestima, gera renda e melhora a experiência do turista”, declara Ana Carla Lopes.
Já Sampaio aponta que o cenário atual exige novas estratégias de retenção. “O sistema CNC–Sesc–Senac está investindo em tecnologia, IA e qualificação contínua”, afirma o presidente da FBHA.
Turismo como ferramenta de redução de desigualdades
Ana Carla relatou que, na recente reunião ministerial do G20, o turismo foi reconhecido como setor essencial ao desenvolvimento econômico e à inclusão de mulheres, jovens e populações vulneráveis. “Conseguimos incluir na declaração do encontro que o turismo tem papel direto no combate à desigualdade social. É um ganho fenomenal”, afirma.
Ela também citou ações apresentadas pelo Brasil na COP30, em Belém (PA), como cursos de capacitação da Escola Nacional de Turismo e práticas sustentáveis adotadas por empreendimentos privados. “Como brasileira, nortista e nascida em Belém, foi um orgulho imenso apresentar essas ações”, afirma a secretária.
Segurança turística
O tema segurança também foi tratado pelos participantes. Sampaio salienta que a violência não é hoje o principal limitador do turismo internacional. “Temos outros problemas que merecem mais atenção, como política aérea, custos operacionais e excesso de judicialização”, analisa.
A secretária destacou iniciativas para melhorar a percepção de segurança, como o guia para mulheres que viajam sozinhas, desenvolvido em parceria com a Unesco. “Às vezes, o problema não é o crime em si, mas a percepção. E precisamos melhorar essa percepção”, afirma Ana Carla.
Ela também ressaltou avanços na conectividade aérea, incluindo o stopover. “Isso amplia possibilidades de roteiro e fortalece regiões além das capitais”, diz.
Para Ana Carolina, a segurança turística depende de orientação técnica. “Não adianta colocar polícia no centro do Rio sem orientar que tipo de proteção o turista precisa. Só cresceremos de forma consistente se estivermos alinhados”, conclui a presidente da Abav.



