A recuperação judicial da 123 Milhas entra em uma nova etapa, agora focada diretamente na conferência dos valores devidos aos consumidores. A Defensoria Pública de Minas Gerais anunciou a abertura da Fase Administrativa de Revisão de Crédito, orientando que todos os clientes lesados acessem o site oficial da empresa (https://rj123milhas.com.br/) até 10 de dezembro para confirmar se seus nomes constam na lista de credores e verificar se os valores registrados estão corretos. A medida envolve cerca de 800 mil pessoas, tornando esse o maior processo do tipo no país em número de credores.
Caso o consumidor note divergências — seja por ausência do nome na lista ou por valores incorretos — é necessário anexar os documentos comprobatórios, como vouchers, comprovantes de Pix, faturas de cartão ou e-mails de compra. Todos os arquivos devem ser enviados pela plataforma digital para que o pedido de inclusão ou revisão seja analisado. Segundo a Defensoria, nesta primeira fase só serão habilitados os créditos incontroversos; valores que ainda dependem de decisões judiciais ficarão para etapas posteriores.
Mediação pode acelerar o retorno de parte dos valores
Além da revisão administrativa, o caso segue avançando em outra frente: a mediação privada autorizada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. A modalidade busca acelerar acordos referentes aos estornos de pagamentos feitos por cartão — os chamados chargebacks — e representa uma alternativa às disputas judiciais tradicionais, que tendem a ser mais longas e complexas.
Com uma dívida estimada em R$ 2,3 bilhões, a 123 Milhas tenta reorganizar suas operações e reequilibrar o fluxo de pagamentos. Para os consumidores, a mediação pode significar a recuperação de parte dos valores em um prazo menor do que o esperado em processos de falência ou litígio convencional. A intenção é que o diálogo entre empresa e clientes reduza entraves e permita soluções pactuadas com maior agilidade.
Crise da 123 Milhas segue como marco no setor
O colapso da 123 Milhas se tornou um divisor de águas no turismo brasileiro, especialmente pela dimensão dos impactos. O problema ganhou forma em agosto de 2023, quando a empresa suspendeu as emissões da linha Promo — opção de menor preço, mas sem datas definidas de embarque — gerando cancelamentos em massa, frustrações e prejuízos a milhares de consumidores. O acúmulo de reclamações e a incapacidade de honrar os compromissos levou ao pedido de recuperação judicial, abrindo uma negociação complexa entre a companhia, o Judiciário e os credores.






