A Gol Linhas Aéreas deu mais um sinal de que estuda ampliar de forma relevante sua atuação internacional. A companhia solicitou autorizações de pouso e decolagem, os chamados slots, para operar voos diretos para Paris, no aeroporto Charles de Gaulle, e para Nova York, pelo terminal JFK, além de avaliar novas frequências para Orlando. Os pedidos indicam um movimento estratégico para a entrada da empresa em rotas de longa distância, possivelmente já a partir de 2026, utilizando aeronaves de maior porte, como o Airbus A330, modelo de corredor duplo.
As informações foram confirmadas por fontes com conhecimento do assunto e apontam que os pedidos de slots fazem parte de um mapeamento mais amplo de oportunidades internacionais. Segundo interlocutores do setor, a Gol teria solicitado espaços não apenas para esses destinos, mas para “muitos outros”, reforçando que a companhia está analisando diferentes cenários antes de tomar decisões definitivas. Ainda assim, o movimento não representa uma confirmação de operação: pedidos de slots são, nesta etapa, uma demonstração de interesse e podem ser cancelados tanto pela companhia quanto pelas administrações aeroportuárias.
O contexto reforça a cautela da empresa. Aeroportos como Paris Charles de Gaulle e Nova York JFK estão entre os mais disputados do mundo, com elevada saturação de horários, o que torna a obtenção de slots um processo complexo, sobretudo para companhias que não operam regularmente nesses terminais. A Gol, inclusive, já enfrentou dificuldades semelhantes recentemente ao tentar espaço em Lisboa e Londres, onde não obteve autorizações. Em contrapartida, a empresa recebeu sinal verde de Portugal para voos ao Porto durante o verão europeu de 2026, conforme calendário da Associação Internacional de Transporte Aéreo.
Apesar do interesse em novos mercados, a Gol reforça oficialmente que segue avaliando oportunidades de expansão de sua malha aérea regional, nacional e internacional, sem confirmação de novas rotas além das já anunciadas. Atualmente, a companhia mantém voos para Orlando a partir de Brasília e Fortaleza, operados com o Boeing 737 MAX 8, aeronave de corredor único com 186 assentos. A possível entrada em Paris e Nova York, no entanto, exigiria aviões de maior autonomia e capacidade, abrindo caminho para uma mudança relevante no perfil da frota internacional da empresa.
Esse cenário ganha força com a estratégia do Grupo Abra, controlador da Gol, que anunciou a aquisição de até sete aeronaves Airbus A330-900neo, com capacidade aproximada de 300 passageiros, ideais para voos de longa distância. A previsão é que essas aeronaves sejam incorporadas ao grupo ao longo de 2026, e, no mercado, há a expectativa de que parte delas seja destinada à operação brasileira. O próprio comando da companhia já demonstrou interesse em trazer os widebodies para o Brasil, ampliando o alcance internacional da marca.
Outro ponto central da estratégia envolve a definição dos aeroportos de origem dessas possíveis rotas. Guarulhos, em São Paulo, e o Galeão, no Rio de Janeiro, surgem como candidatos naturais. Desde a saída do processo de recuperação judicial, a Gol vem reforçando sua presença no Galeão, com o objetivo de transformá-lo em um hub estratégico, o que pode favorecer o lançamento de voos intercontinentais a partir do Rio. Guarulhos, por sua vez, segue como o principal terminal do país e mantém forte relevância para a companhia, podendo concentrar parte das novas operações.

