A pesca esportiva passou a ocupar posição de destaque na agenda do turismo brasileiro ao combinar conservação ambiental, geração de renda e valorização cultural. Um levantamento reunido no Boletim de Inteligência de Mercado no Turismo – Turismo de Pesca, elaborado pelo Ministério do Turismo e divulgado em agosto de 2025, aponta a dimensão econômica e social da atividade: cerca de 8 milhões de praticantes em todo o país, potencial de movimentar até R$ 3 bilhões por ano e a geração aproximada de 200 mil empregos diretos e indiretos.
Com base nesses dados, o Ministério coordenou um amplo mapeamento nacional, com participação das 27 unidades da federação, identificando destinos, espécies-alvo, ambientes de pesca, períodos ideais, infraestrutura disponível e eventos ligados à modalidade. O trabalho passou a orientar políticas públicas voltadas ao turismo responsável e posiciona a pesca esportiva como produto estratégico para o desenvolvimento regional.
Brasil se destaca no cenário internacional
O levantamento evidencia o Brasil como um dos principais palcos mundiais da pesca esportiva. Biomas e ambientes variados permitem experiências em rios, lagos, represas, manguezais e no oceano, atraindo turistas nacionais e estrangeiros interessados em espécies emblemáticas. A diversidade favorece a integração da pesca esportiva com segmentos como ecoturismo, turismo de natureza e turismo de base comunitária, ampliando o tempo de permanência do visitante e os impactos positivos nas economias locais.
Na região Norte, a atividade está fortemente associada à Amazônia e às iniciativas comunitárias. Estados como Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima concentram destinos consolidados em rios como Negro, Solimões, Madeira, Xingu, Araguaia e Branco. Espécies como tucunaré, pirarucu, piraíba e surubim atraem pescadores e fortalecem a atuação de guias locais, comunidades ribeirinhas e pequenos empreendimentos.
No Nordeste, a pesca esportiva se beneficia da diversidade de ambientes e da conexão com outros produtos turísticos. A Bahia se projeta internacionalmente na pesca oceânica, com marlins e grandes peixes de bico, enquanto manguezais e represas ampliam as possibilidades continentais. Ceará, Maranhão, Piauí e Sergipe apresentam potencial em rios, estuários e no litoral, com espécies como robalo, tarpon e pescadas, agregando valor ao turismo de sol e praia.
Centro-Oeste, Sudeste e Sul ampliam a oferta
No Centro-Oeste, a pesca esportiva é um dos pilares do turismo de natureza. Goiás e Tocantins se destacam pelos rios Araguaia e Tocantins e por grandes reservatórios, enquanto Mato Grosso e Mato Grosso do Sul concentram parte expressiva da atividade no Pantanal. A região é citada como referência em ordenamento, torneios e práticas sustentáveis, com espécies como dourado, pacu, pintado e tucunaré.
No Sudeste, a modalidade se desenvolve principalmente em rios e represas. São Paulo reúne extensa rede de reservatórios e rios como Tietê e Paraná; Minas Gerais tem como destaque o Lago de Três Marias e o rio São Francisco; e o Rio de Janeiro combina pesca em estuários e no litoral. Já no Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul oferecem experiências em rios, lagoas e na costa oceânica, com espécies como corvina e robalo, além de campeonatos regionais que movimentam o turismo local.
Sustentabilidade e inclusão social
Um dos pilares das ações apoiadas pelo Ministério do Turismo é a difusão do “pesque e solte”, prática que assegura a conservação das espécies e a renovação dos estoques pesqueiros. A orientação sobre períodos de defeso, licenciamento obrigatório e respeito à legislação ambiental também integra as diretrizes do turismo responsável. Estados que adotam medidas como cota zero para captura e transporte de peixes são citados como exemplos de alinhamento entre turismo e conservação.
Outro ponto central é a inclusão de comunidades ribeirinhas e tradicionais na cadeia do turismo de pesca. Guias locais, barqueiros e pousadas familiares assumem papel protagonista, gerando renda, fortalecendo identidades culturais e reduzindo a pressão de práticas predatórias. Eventos e campeonatos mapeados ou apoiados pelo Ministério movimentam comércio, hotelaria e serviços, além de estimular a educação ambiental e ampliar a participação feminina no setor.







